Remédios serão testados na ISS para permitir viagens espaciais de longa duração
Por Danielle Cassita | 19 de Fevereiro de 2021 às 16h50
Há vários desafios envolvidos nos planos para as futuras missões tripuladas em Marte, e um deles é a produção de medicamentos. Assim, para que um dia seja possível produzir os remédios necessários para missões de longo prazo, pesquisadores da Universidade de Adelaide, da Austrália, vão enviar 60 comprimidos à Estação Espacial Internacional (ISS) para verificar como eles se saem no espaço. A missão será lançada no próximo domingo (21).
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Os comprimidos do experimento foram formulados com ibuprofeno e vitamina C como ingredientes ativos. Além disso, também possuem sílica, talco e fosfato de cálcio, compostos que podem ser encontrados na superfície da Lua, já visando a produção farmacêutica a bordo. O envio será feito com o apoio das empresas Alpha Space e Space Tango, e o experimento vai ficar na plataforma Materials International Space Station Experiment (MISSE), da Alpha Space, para uma estadia de seis meses fora da ISS.
Quando retornarem, os pesquisadores vão analisar como a exposição à microgravidade e à radiação afetou a estabilidade das formulações. Andy Thomas, professor da universidade, comenta que este projeto é o primeiro passo em direção à produção farmacêutica autônoma a bordo, já que os medicamentos podem ter que resistir a viagens longas, como aquelas da Terra para Marte: “então, precisamos saber como eles são afetados por um dos ambientes mais duros que conhecemos: o espaço”, diz ele.
Assim, os dados dos medicamentos já pensando nestas missões vão permitir que os pesquisadores direcionem a produção de remédios na órbita no futuro, algo essencial para os primeiros humanos serem levados a Marte. Hoje, os astronautas que vivem na ISS a 400 km de altitude recebem missões de abastecimento, que levam medicamentos, alimentos e outros recursos necessários para a estadia no laboratório orbital.
O problema é que isso fica bem mais difícil de ser feito quando pensamos em missões tripuladas em Marte, que levariam alguns anos para chegar até o planeta. Por isso, o acesso às missões de abastecimento seria raro, e mesmo que os remédios fossem levados na viagem, eles provavelmente iriam passar do prazo de validade e ficariam inúteis. Assim, produzir medicamentos no espaço e sob demanda é a melhor solução para estes desafios, além de beneficiar também empresas farmacêuticas na Terra.
Fonte: University of Adelaide