Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Essas rochas podem se transformar em cometas. Uma sonda poderia estudá-las?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Outubro de 2021 às 16h16

Reprodução/NASA/ESA/B. Bolin (Caltech)
Reprodução/NASA/ESA/B. Bolin (Caltech)
Continua após a publicidade

Em uma região próxima de Júpiter e Saturno, há um grupo de rochas congeladas que orbitam o Sol. Tratam-se dos Centauros, objetos que recebem estes nomes porque são híbridos, por mostrarem características típicas de cometas e asteroides. Agora, uma equipe de cientistas, liderada por um pesquisador da Universidade de Chicago, analisou como ocorre essa “transformação” em cometas — e eles propõem até uma forma de acompanhá-la de perto.

Os cientistas consideram que os centauros passaram a maior parte de suas vidas no Cinturão de Kuiper, um "anel" de objetos congelados localizado além da órbita de Netuno. Devido a interações gravitacionais, eles foram lançados para longe e retornaram recentemente. Por isso, como têm órbitas instáveis, os centauros dificilmente ficaram por mais que alguns milhões de anos onde são encontrados hoje.

Representação do centauro Chiron, que pode ter anéis (Imagem: Reprodução/European Southern Observatory)
Representação do centauro Chiron, que pode ter anéis (Imagem: Reprodução/European Southern Observatory)

Contudo, pode acontecer de essas forças impulsionarem os centauros em direção ao Sol. Com isso, devido ao calor da nossa estrela, os compostos deles evaporam e eles se tornam cometas — e é exatamente esta transição que os cientistas analisaram com modelos. Como resultado, eles descobriram que aproximadamente metade dos cometas foram parar em trajetórias direcionadas ao Sol após interagir com Júpiter e Saturno. 

Já a outra metade chegou perto demais de Júpiter e, por isso, foi arremessada em uma trajetória mais interna, em um processo que pode representar uma boa oportunidade para estudá-lo. Segundo os autores, uma nave poderia ser posicionada em órbita ao redor de Júpiter parar esperar um centauro aparecer por lá; depois, esta nave seguiria a rocha em sua nova trajetória, para acompanhar de pertinho o processo de aquecimento e transformação em cometa.

Esta sonda poderia conseguir dados raríssimos sobre o início do Sistema Solar. “Esses objetos são muito antigos, e têm gelo dos dias iniciais do Sistema Solar que jamais derreteu”, observou Darryl Seligman, pesquisador e autor principal do estudo. Segundo ele, seria possível descobrir mais sobre a estrutura interna dos cometas, algo difícil de fazer com os telescópios em solo, além de entender melhor as dinâmicas da nossa vizinhança.

Registro do cometa Kohoutek (C/1973 E1), feito em 1974 (Imagem: Reprodução/NASA)
Registro do cometa Kohoutek (C/1973 E1), feito em 1974 (Imagem: Reprodução/NASA)
Continua após a publicidade

Aliás, Seligman e seus colegas até encontraram um candidato para colocar tudo isso em prática: o centauro P/2019 LD2, que vai se aproximar de Júpiter em 2063. A probabilidade de que esse encontro irá “empurrar” o objeto em direção ao Sol, transformando-o em cometa, é de mais de 98%. Então, uma sonda lançada em 2061 poderia ficar próxima de Júpiter para “encontrar” o objeto e acompanhá-lo. Além disso, os autores propõem também que é possível identificar outros Centauros antes de 2063 que possam ser visitados.

O artigo com os resultados do estudo será publicado na revista The Planetary Science Journal, e pode ser acessado no repositório arXiv, ainda sem revisão de pares.

 

Fonte: Space.com