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Cientista quer levar amostras de espermatozoides de várias espécies para a Lua

Por| Editado por Claudio Yuge | 12 de Março de 2021 às 19h00

CNSA/CLEP
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Em nosso planeta, estamos sujeitos a erupções vulcânicas, consequências do aquecimento global e, quem sabe, possíveis impactos de asteroides no futuro. Assim, pensando em uma forma de salvar a vida na Terra destas ameaças e mais outras que estejam à espreita, o pesquisador Jekan Thanga, da Universidade do Arizona, propõe criar uma arca, que seria levada à Lua com amostras de espermatozoides e outras células reprodutivas de diferentes espécies em seu interior.

Thanga explica que grandes eventos vêm ameaçando a humanidade: "há 75 mil anos, houve a super erupção ocorrida no lago Toba, que pode ter causado um resfriamento de mil anos e, segundo alguns autores, isso corresponde a uma redução estimada na diversidade humana", diz. Além disso, existe também a preocupação com o aquecimento global: se o nível dos oceanos continuar subindo, vários lugares vão acabar submersos — incluindo o silo Svalbard Seedbank, na Noruega, que guarda e protege centenas de milhares de amostras de sementes contra a perdas acidentais da biodiversidade.

Assim, inspirado na história bíblica da Arca de Noé, Thanga e estudantes criaram este conceito como uma espécie de "política de seguros global e moderna", porque a ideia é usá-la como um plano de emergência no caso de algum evento catastrófico causar uma extinção em massa na Terra. Para evitar os riscos, Thanga considera que amostras de esperma, esporos, sementes e ovos de 6,7 milhões estariam mais seguros no interior de tubos de lava na Lua.

Claraboia aberta em Marius Hills, na Lua, que se formou por um antigo tubo de lava (Imagem: Reprodução/NASA/Goddard/Arizona State University)
Claraboia aberta em Marius Hills, na Lua, que se formou por um antigo tubo de lava (Imagem: Reprodução/NASA/Goddard/Arizona State University)

Essas estruturas foram formadas por fluxos de lava que correram sob a superfície lunar há milhões de anos, que formaram cavernas subterrâneas depois de se resfriar. Uma rede de 200 estruturas dessas foi encontrada sob a superfície lunar em 2013 e, como está intacta há 4 bilhões de anos, as amostras poderiam ficar protegidas contra radiação solar, impactos de micrometeoritos e mudanças de temperatura. Além disso, embora as temperaturas extremamente baixas por lá e a falta de ar respirável não sejam hospitaleiras para nós, elas podem ser excelentes para a preservação das amostras.

O pesquisador não considera que essa “arca lunar” seja algo tão impossível quanto parece. Inicialmente, o modelo criado inclui painéis solares que ficariam na superfície lunar para fornecer energia. A estrutura teria elevadores para ser possível acessar as instalações da arca, onde ficariam placas de Petri acomodadas em módulos criogênicos de preservação. Contudo, o interior dos tubos de lava pode ser tão frio que há riscos da parte de metal da base acabar congelada. Por isso, aqui entra a levitação quântica.

Trata-se de um processo que ocorre com o uso de materiais capazes de transferir energia sem perder calor, que fique flutuando sobre um ímã poderoso. Desta forma, as duas peças ficam juntas a uma distância fixa, de modo que, onde o ímã estiver, o condutor estará junto: “é como se estivessem presos por cordas invisíveis”, explica ele. Thanga propõe que seriam necessários 250 lançamentos de foguete para transportar as amostras — isso sem considerar nenhum imprevisto no meio do caminho que acabe causando danos ou perdas nos materiais.

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Visão lateral do conceito de arca lunar proposto(Imagem: Reprodução/Jekan Thanga)
Visão lateral do conceito de arca lunar proposto(Imagem: Reprodução/Jekan Thanga)

Claro que ainda há muito trabalho pela frente, mas este projeto de preservação abre novas possibilidades: “o que me deixa maravilhado em projetos assim é que me faz sentir que estamos mais próximos de nos tornar uma civilização espacial, e de um futuro não tão distante em que a humanidade vai ter bases na Lua e em Marte”, disse Álvaro Díaz-Flores Caminero, doutorando que está realizando as análises de temperatura para o projeto.

O estudo foi apresentado durante a IEEE Aerospace Conference, e a apresentação pode ser assistida aqui.

Fonte: University of Arizona