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Análise | Samsung Galaxy A9: quatro câmeras na traseira

Por Adriano Ponte Abreu | 22 de Janeiro de 2019 às 12h30

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Análise | Samsung Galaxy A9: quatro câmeras na traseira

Quanto mais câmeras melhor. “Quero um celular com mais câmeras na minha mesa até o final do dia, ou está todo mundo demitido aqui”, deve ser o que ouve-se dentro das grandes empresas de telefonia da atualidade.

Agora, falando sério. Essa moda de cada vez mais câmeras tem que chegar ao fim, ou pelo menos entregar motivos mais fortes para existir (ou seja, aumentar muito os benefícios do usuário com mais lentes e não apenas “deixar diferente” o recurso de fotografia, tudo isso sem catapultar os preços os aparelhos no processo como tem acontecido).

Confira se o Galaxy A9 (2018) consegue entregar uma justificativa real para essa tendência onde (mais uma vez) parece que a corrida pelos números recomeçou.

CONSTRUÇÃO, DISPLAY e MULTIMÍDIA

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A identidade da Samsung com seus aparelhos é sempre incerta; dessa vez parece que encontramos a fabricante indo em direção às marcas chinesas que bem conhecemos por exagerarem em pontos questionáveis de hardware, revestidas de cores brilhantes e chamativas.

Ao olhar o Galaxy A9 pelas costas temos a impressão de que a Huawei produziu o A9, seja pela barra vertical de câmeras (ou) pela cor em dois tons que se unem, nesse caso a “Lemonade Blue” segundo a Samsung. Na prática falamos de um tom de cor que começa verde num canto e termina azul no outro, com o corpo levemente curvado nessas bordas traseiras, assim como já vimos antes, deixando a frente sem curvas “edge” (mas) aplicando esse “detalhe” na parte de trás para mudar a pegada do aparelho.

Vale notar que uma capa transparente acompanha o aparelho na caixa para resolver escorregões e outros detalhes que o corpo de vidro do A9 possa ter.
Indo para o outro lado temos uma tela Super AMOLED de 6.3” (cerca de 80% da frente do aparelho), rodando na resolução de 1080 x 2220 pixels (18.5:9) com ~393 ppi de densidade.

Aqui fica claro qual o objetivo da linha A: entregar algumas coisas do que o usuário teria com um Galaxy S8/9 ou Note 8/9, naturalmente com um pouco menos de resolução que os esses topos de linha (porém) dentro de uma experiência de alto nível e qualidade impressionante. Os quase 400 ppi de densidade unidos à capacidade dessa tela fazem jus a tudo isso, fazendo do Galaxy A9 uma opção muito válida para quem gosta das telas AMOLED e pretende quase encostar na linha S (sem) adquirir um topo de linha da Samsung.

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O A9 consegue entregar cores muito vivas (ou) precisas de acordo com os ajustes da tela, e seu modo básico é matador como esperado para telas AMOLED em precisão e contraste de imagem (com pretos reais para contraste infinito, apagando a tela ponto-a-ponto como esperado). O fato de não existir um “bigode” (notch) no topo da tela torna tudo mais interessante, sendo o máximo de extravagância os cantos arredondados do display.

E uma nota: sempre cabe ao usuário utilizar errado o AMOLED ou não (sendo ele o culpado de cores “excessivamente saturadas” ou “irreais” como ouve-se em resposta de alguns ao AMOLED). Nas configurações do aparelho basta escolher o modo de funcionamento da tela como “realista” ou não, daí fica por conta do gosto individual de cada um.

Mas um aparelho não é composto apenas de tela. Passando pelo entorno do A9 podemos ver seus botões de volume e acionamento da tela, com nota para um botão esquecido do lado esquerdo do aparelho sem função aparente… mas logo pode-se notar é um erro pensar isso.

Durante o uso do A9 será uma questão de tempo até que sem querer você aperte esse botão lateral esquerdo, que infelizmente aciona a Bixby (aquela tentativa de assistente da Samsung) no lugar do muito mais bem estabelecido “Google Assistente”, que daí sim mereceria um botão dedicado como atalho. Nem temos o que defender sobre essa falha em forma de assistente entregue pela Samsung, afinal a Bixby até hoje nem fala português.

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A boa notícia é que na traseira temos o leitor de impressões digitais, rápido e sempre ativo (como esperado). Para quem se pergunta sobre desbloqueio facial no aparelho, nossa resposta: use o leitor de digitais, infinitamente mais preciso e rápido (além de não ser falho como o desbloqueio facial, aquele recurso velhíssimo do Android que sempre esteve presente e sempre teve a mensagem de “método inseguro” para desbloquear o aparelho. Não use isso, prefira a digital na traseira).

E para finalizar nossas observações sobre o corpo do A9: até a data de publicação desta matéria não havia informação concreta sobre qualquer tipo de resistência a líquidos no Galaxy A9, algo curioso para uma linha que vinha apresentando aparelhos com certificação IP67/68 até o momento. Na dúvida, não afogue o A9 de 2018.

ESPECIFICAÇÕES, USABILIDADE e DESEMPENHO

Dentro dos 183 g do Galaxy A9 temos um Chipset Snapdragon 660 que conta com:

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  • CPU Octa-core (4x2.2 GHz Kryo 260 & 4x1.8 GHz Kryo 260)
  • GPU Adreno 512
  • microSD + 128 GB
  • 6 GB RAM

O aparelho conta NFC e suporte ao Samsung Pay. Durante nossos testes a versão do Android era a 8.0 (Oreo), no aguardo da versão 9 (Pie). O sistema conta com a “Samsung Experience” como customização e oferece o que já conhecemos da empresa sobre alterações no Android, incluindo seus gerenciadores e assistentes que podem ajudar o usuário básico e perturbar o usuário avançado.

Na parte de desempenho falamos de um processador com quase dois anos de vida no mercado (algo que não indica uma peça defasada). Snapdragon 660 significa uma divisão bem clara entre CPU e GPU.

A CPU do 660 consegue bater de frente com processadores de alto nível, colocando o A9 (em termos de processamento bruto) muito bem ao ser comparado entre as linhas Snapdragon 821 e 835; o porém fica pela sua GPU (Adreno 512), que não passa de uma pequena atualização quando comparamos o conjunto com os Snapdragon da linha 600 anteriores ao 660.

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Se você não entendeu, pense no Galaxy A9 como um computador de mão com o processador excelente (um dos melhores de dois anos atrás), brigando com alguns topos de linha… porém com uma placa de vídeo que já era “mediana” no seu lançamento, e agora pode ser chamada de “um pouco fraca” para os padrões atuais.

Jogos mais exigentes ao estilo PUBG/Fortnite levam o A9 ao limite, então não imagine o aparelho como topo de linha para esse tipo de tarefa.

ENERGIA

Uma característica interessante do Snapdragon 660 é sua capacidade de substituir o mitológico Snapdragon 625 no modo economia de energia (de certa forma), entregando resultados muito interessantes quando executando tarefas simples e otimizadas (ou mesmo tarefas que fazem parte das otimizações do chip e sistema, como streaming de vídeo no YouTube e Netflix).

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Nesses cenários os 3800 mAh de bateria do A9 conseguem render 7% de descarga por hora em streaming contínuo, uma marca impressionante que raramente é atingida por algum smartphone no Canaltech. Conseguimos reproduzir vídeos de dez horas inteiros no aparelho durante as rodadas de teste sem a necessidade de utilizar um carregador (e) ao final de cada sessão ainda havia bateria para seguir com mais alguns testes menores. Quem faz esse uso conseguirá tirar máximo proveito do aparelho.

Porém o Snapdragon tem uma característica bem interessante: caso o usuário peça mais processamento a potente CPU do chip cobra seu preço imediatamente, aliada à GPU que precisa trabalhar em força total para jogos não necessariamente “pesados”. O resultado nessas condições extremas de uso da CPU foi de 18 ~ 22% de consumo da bateria por hora, indicando que podemos triplicar o consumo de bateria do Galaxy A9 em uso intenso.

Quem for jogar vai ter que carregar, simples assim, com direito ao carregamento rápido.

FOTOGRAFIA

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Agora, vamos dar as mãos e refletir. Lembram da corrida dos megapixels, onde câmeras de smartphones começaram a saltar de 8 MP para 16 MP, 24 MP… sem necessariamente entregar uma qualidade de imagem melhor? Ocorre que essa onda passou e a maioria esmagadora das câmeras de smartphones com boa qualidade gira em torno dos 12 MP de resolução.

E agora chegamos na tendência atual, aumentar o número de câmeras num smartphone. Até o momento temos dentro da Samsung o novo limite de “quatro câmeras na traseira” com o A9.

Cada uma tem um propósito específico, como se o usuário trocasse as lentes da câmera conforme a necessidade daquela fotografia. Vale notar que um dos quatro sensores serve apenas para a medição de profundidade das fotografias, logo quem usa ele é literalmente o smartphone, não você. Esse é um sensor de 5 MP (f/2.2) 24mm (wide).

Quanto aos outros três sensores, temos um de 24 MP (f/1.7) 27mm para fotos de ângulo aberto (wide), outro de 8 MP (f/2.4) 12mm para ângulos muito abertos (ultrawide de 120 graus) - ideal para surtar os terraplanistas que acham que somente assim é possível ver a curva do horizonte - e, finalmente, temos o sensor de 10 MP (f/2.4) 52mm para 2x de zoom óptico.

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As capturas de vídeo são em 4K@30fps.

De forma unificada o resultado das câmeras é fraco para um aparelho de alto nível como propõe-se para a linha A, errando no balanço de branco e exposição em situações onde aparelhos intermediários da própria Samsung se dão melhor, além da presença ocasional de algumas aberrações cromáticas (mais visíveis nas fotos do sensor principal) mesmo em algumas situações mais controladas de luz. Isso é bem menos visível no sensor de zoom (2x) e no sensor de ângulo muito aberto, porém nesse último temos a “baixa” resolução de 8 MP combinada com uma suave falta de nitidez nas fotos.

As fotos do A9 contam com mais um item: ruído, com muito pós processamento visível para entregar uma imagem mais uniforme, porém com aquela carinha de “foto com menos resolução”, degradando um pouco a qualidade final.

A boa notícia é que nada disso piora com as fotos em pouca luz - o pós processamento já é tão presente e a granulação de algumas fotos sendo visível só ajuda o usuário a já esperar exatamente o que acontecerá com as fotos mais escuras (que perdem um pouco mais de detalhes na suavização que é aplicada nas imagens).

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Dito tudo isso, você pode aproveitar o modo de desfoque para obter os resultados que descrevemos acima, porém com auxílio da quarta câmera. É isso aí.

Para a frente do aparelho temos uma câmera de 24 MP (f/2.0) 27mm (wide) com captura de vídeos em 1080p@30fps.

A qualidade das fotos é boa e registra uma quantidade decente de detalhes, algo bom para uma câmera frontal (e que deixa aquela pista de que 4 sensores na traseira talvez seja exagero mesmo).

VALE A PENA?

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A proposta da linha Galaxy A é entregar aparelhos de alto nível (antes) do usuário entrar na linha S ou Note da Samsung, logo quanto mais próximo dos preços das linhas “topo de linha”, pior é o custo benefício da linha A. Se o A9 custa bem menos que o S9, está certo; quanto menor for a diferença entre os dois, menos vale a pena optar pelo A9, afinal nada muda o abismo imenso que ilustra a diferença entre o rendimento muito superior presente S9 / Note9 em jogos, fotografia e tudo mais.

Para você pretende pegar o aparelho em qualquer data, pense nessa métrica e sempre fique de olho se o valor do Galaxy A9 consegue pagar por um Galaxy S8/S9 ou Note 8/9, mesmo que custe um pouco a mais; o resultado entregue é muito superior em todos os aspectos.

O preço médio do Galaxy A9 no exterior era de R$ 2.500 (sem impostos, em conversão direta), um valor muito alto para os padrões internacionais e acima do que o A9 entrega em comparação aos topos de linha que ficam também nessa faixa (sim, tudo no exterior é mais barato, logo R$ 2.500 sem ser num “topo de linha” faz até os gringos reclamarem).

Para o Brasil resolvemos fazer diferente, afinal “quem converte não se diverte”. Resolvemos esquecer o preço do Galaxy A9 e deixar um guia atemporal sobre o preço dele “valer a pena” ou não. Vamos lá!

Acima de R$ 2.500: Não vale a pena. Neste valor o Galaxy A9 decola os preços da linha A para o que é cobrado por um modelo da linha S, sendo perfeitamente saudável adquirir um Galaxy S9 com o S10 no mercado, por exemplo. A linha “S” anterior é mantida à venda pela Samsung todos os anos, recebendo suporte e tudo mais (sendo fácil encontrar nas lojas nacionais os aparelhos oficialmente). Não é nada errado optar pela geração passada de alto rendimento e potência.

Até R$ 2.000: Um Galaxy A9 caro, sem resistência à água declarada e com performance mediana de câmeras. Nesse valor podemos dizer que é complicado encontrar aparelhos que sejam “muito topo de linha”, sendo uma espécie de intermediário premium o esperado para esse valor. O A9 se encaixa aqui, porém ainda dói no bolso.

Pouco mais de R$ 1.500: Excelente compra. Nesse valor temos um aparelho que entrega exatamente o que um intermediário deveria entregar por um preço justo. Sabemos que essa faixa de preço só será atingida depois de muito tempo do lançamento do A9, porém vale lembrar que no lançamento do A9 o A8 já raspava essa faixa de preço, logo, fica a dica de que é possível.