TV dura menos tempo na praia? Saiba o que é mito e o que é real
Por Renato Moura Jr. • Editado por Léo Müller |

Quem tem casa no litoral já pode ter se perguntado se as TVs realmente duram menos na praia. A resposta não é tão simples quanto parece, pois envolve entender como a maresia, a umidade e a variação de temperatura afetam os aparelhos eletrônicos.
Embora muita gente acredite que qualquer TV “estraga rápido” no litoral, nem tudo é mito — mas também não é verdade que todo televisor está condenado. O que realmente determina a durabilidade é a combinação entre condições ambientais e cuidados de uso.
Deixar guardado não é a solução
A maresia é uma mistura de ar úmido com micropartículas de sal que se depositam nos componentes metálicos. Com o tempo, isso acelera processos de oxidação, especialmente em contatos elétricos, parafusos e placas internas. Essa corrosão não ocorre da noite para o dia, mas é cumulativa: quanto mais tempo exposta ao ambiente litorâneo, maior o risco de desgaste prematuro.
No entanto, isso não significa que uma TV comum não possa ser usada na praia. Muitas pessoas acreditam que apenas o sal é o vilão, mas a umidade alta é um fator tão relevante quanto. Em ambientes litorâneos fechados, como apartamentos vazios fora da temporada, a umidade pode ficar acima de 80%, favorecendo o acúmulo de mofo e a oxidação de circuitos.
Por isso, um erro comum é deixar a TV desconectada e guardada por meses, imaginando que isso preserva o aparelho. Na verdade, esse hábito pode ser prejudicial: o eletrodoméstico parado absorve mais umidade do ar, o que aumenta o risco de danos internos.
Ar-condicionado não é milagroso
Outro mito frequente é a ideia de que televisores de marcas específicas aguentam melhor a maresia. Na prática, nenhuma TV convencional é projetada exclusivamente para ambientes com alta salinidade.
O que existe são modelos profissionais (usados em quiosques, fachadas e decks) que vêm com proteção reforçada, vedação contra poeira e certificações IP, mas esses produtos são caros e raros de ver no varejo comum. As TVs domésticas tradicionais têm bom desempenho, mas não são resistentes à corrosão salina.
Também há quem diga que o ar-condicionado resolve o problema sozinho. Embora o equipamento ajude a controlar umidade e temperatura, ele não elimina o sal do ar.
Além disso, muitos usuários deixam o aparelho desligado quando não estão no imóvel, justamente quando a maresia age com mais intensidade. Portanto, o ar-condicionado é um aliado, mas não uma solução definitiva.
Cuidados básicos são suficientes
Se é verdade que a maresia contribui para a redução da vida útil, também é verdade que muitos danos podem ser prevenidos com medidas simples. Manter o ambiente ventilado regularmente, usar desumidificadores (elétricos ou de sílica) e limpar a parte externa da TV com pano seco ajudam a retardar a corrosão.
Outra dica útil é ligar a TV periodicamente, mesmo quando o imóvel fica fechado por longos períodos. O calor gerado pelos componentes internos ajuda a expulsar parte da umidade acumulada.
A instalação também faz diferença. Evitar posicionar a TV próxima a janelas, portas e locais com incidência direta de vento marinho reduz a exposição ao sal. Suportes e painéis de madeira podem criar um microambiente mais protegido, desde que haja circulação mínima de ar.
Para quem passa longos períodos longe do litoral, uma boa prática é guardar o televisor em capas protetoras antiumidade, preferencialmente combinadas com produtos absorventes de umidade dentro do móvel. No fim das contas, é real que uma TV pode durar menos tempo na praia se não houver cuidados específicos — mas é mito que ela vai quebrar rapidamente ou que isso dependa apenas da proximidade do mar.
Com boas práticas de conservação, muitos aparelhos funcionam por anos no litoral sem apresentar falhas prematuras. A durabilidade está menos ligada ao local e mais ao uso consciente e à prevenção.