TV Box pirata: mais de 1,7 milhão de aparelhos chegaram ao Brasil com Eppi e MFC
Por Vinícius Moschen |
Um levantamento da Aliança Contra a Pirataria Audiovisual da América Latina (Alianza), divulgado pelo portal G1, revelou que o Brasil foi destino de 1,7 milhão de TV boxes clandestinas originárias da China durante o ano de 2023.
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A via marítima é apontada como a principal rota de entrada para esses equipamentos. As estimativas indicam que o Porto de Santos (SP) concentra aproximadamente metade desses desembarques, seguido pelo Porto de Paranaguá (PR), responsável por 21% do total.
O Paraguai figura como outro mercado considerado significativo, tendo importado 450 mil unidades em 2023. Contudo, esse número representa uma diminuição acentuada frente ao ápice de 2,1 milhões de aparelhos contabilizados em 2019.
A Alianza levanta a hipótese de que essa diminuição nos registros paraguaios talvez não reflita a realidade, mas sim um possível aumento na ocultação de informações sobre essas importações.
Operação na Argentina cortou sinal dos streamings irregulares
Uma ação conduzida na Argentina levou à interrupção de mais de 30 plataformas de streaming clandestinas, afetando serviços conhecidos como My Family Cinema, Eppi Cinema e Duna TV. As autoridades argentinas executaram a operação em conjunto com o suporte da Alianza.
No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) validou a interrupção dos serviços, embora tenha apontado que não teve participação direta na ação no país vizinho.
A prática criminosa consistia em operar uma estrutura similar a uma "Netflix paralela", provendo acesso não autorizado a catálogos de filmes e séries de serviços legítimos, como Netflix, HBO Max e Disney+.
Em determinadas modalidades, o esquema expandia-se para funcionar como um "IPTV pirata", ao liberar ilegalmente o sinal de canais de televisão por assinatura.
Para o consumidor final, o serviço era oferecido por valores que oscilavam entre 3 e 5 dólares (cerca de R$ 16 a R$ 26), ou seja, uma fração ínfima do custo agregado das assinaturas legais.
Conduzida em setembro, a ação desarticulou serviços que, de acordo com o jornal argentino La Nacion, haviam gerado uma receita de US$ 168 milhões (ou R$ 894 milhões em conversão direta) apenas entre março e agosto, ao antender a uma base global superior a 8 milhões de assinantes pagos.
Apenas uma das sedes do grupo contava com aproximadamente 100 colaboradores alocados em áreas como marketing, vendas, suporte ao cliente e tradução. Existiam, ainda, equipes cuja única função era supervisionar a estabilidade dos serviços, realizando os ajustes necessários caso fossem bloqueados.
No decorrer da ação, as autoridades confiscaram 88 notebooks, 37 discos rígidos e 568 cartões de recarga. Também foram retidos valores em espécie e ativos digitais, incluindo o equivalente a R$ 35 mil em pesos, R$ 21 mil em dólares e R$ 640 mil em criptomoedas.
As projeções da Alianza indicam que a receita anual da rede criminosa situava-se entre 150 e 200 milhões de dólares (R$ 798 milhões a R$ 1,06 bilhão). A efetiva interrupção dos serviços só ocorreu semanas após as buscas, devido ao fato de toda a infraestrutura técnica estar alocada na China.
Os riscos da TV Box ilegal
A Anatel tem intensificado os alertas à população sobre os perigos de usar TV boxes, que vão além da violação de direitos autorais.
Foi constatado que agentes maliciosos conseguem obter acesso administrativo completo a esses dispositivos. Isso é feito por meio de um software nocivo que se mantém operacional e persistente, mesmo que o equipamento seja desligado e reiniciado.
É comum que os dispositivos infectados enviem informações para servidores localizados no exterior, e sejam cooptados para diversas atividades ilícitas, como a transferência de dados furtados, a disseminação de outros tipos de malware, a execução de fraudes publicitárias e até mesmo o acesso a portais de conteúdo adulto.
A fim de mitigar as ameaças vinculadas a esses aparelhos, a agência recomenda que os consumidores evitem a aquisição de equipamentos sem certificação oficial. Adicionalmente, é desaconselhado o download de aplicativos provenientes de fontes duvidosas, mesmo em dispositivos certificados.
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