Publicidade

Documentos sugerem envolvimento da Huawei na criação do 3G na Coreia do Norte

Por| 22 de Julho de 2019 às 12h34

Link copiado!

Reprodução
Reprodução
Tudo sobre Huawei

A Huawei pode estar envolvida na construção do sistema de rede 3G na Coreia do Norte. Documentos revelados por um ex-funcionário da chinesa ao Washington Post mostram a participação junto com a Panda International Information Technology, também da China, em projetos ao longo de oito anos.

Tais documentos foram publicados na íntegra pelo veículo nesta segunda-feira (22). Nesse período, a gigante fez vários contratos de serviços. Contudo, o próprio site reconhece que é difícil saber o envolvimento da Huawei no processo.

Segundo o Washington Post, são dois documentos. Um revela um contrato da empresa em parceria com a Panda International Information technology. Outro é uma tabela de serviços prestados. Segundo o site, o ex-funcionário da empresa concordou em enviar os documentos sob caráter de sigilo de fonte, com medo de represálias.

A participação da empresa é polêmica, pois traz à tona novamente acordos da gigante com o governo norte-americano. Os Estados Unidos só permitem relações comerciais com países que não oferecem tecnologias a inimigos diplomáticos, como a Coreia do Norte. O país norte-americano tem feito sucessivos embargos sobre o regime norte-coreano após descoberta de testes com bombas nucleares.

Continua após a publicidade

A nova movimentação reforçaria ainda mais o embargo dos Estados Unidos sobre a Huawei, que não só proibiu a comercialização dos aparelhos em seu país, como também exigiu que empresas locais não tivessem mais relacionamentos com a Huawei.

Desde 2016 o Departamento de Comércio investiga relações entre a Huawei e o governo da Coreia do Norte, sem acusar publicamente a empresa de nada. Segundo o Washington Post, o órgão se negou a comentar o caso.

Já a Huawei disse que “não tem presença comercial” na Coreia do Norte. “A Huawei está totalmente comprometida a se adequar às leis e regulamentações em países e regiões onde opera, incluindo todas regras e leis de controle e sanção de exportação”, respondeu a empresa em nota.

A mudança também pode acirrar a disputa da Huawei em países europeus que ainda não se decidiram se permitem que a participação da chinesa na implantação do 5G em seus países. Isso pode criar um efeito cascata em que trabalhar com a Huawei pode significar também relações indiretas com países sob embargo do governo norte-americano, reduzindo ainda mais o potencial da atuação da companhia.

Continua após a publicidade

Histórico 

A Coreia do Norte começou a buscar em 2008 uma empresa disposta a colaborar com a implementação do 3G no país. Dois anos antes, Kim Jong Il, pai do líder norte-coreano Kim Jong Un, foi até a sede da Huawei na China.

A implementação aconteceu por uma provedora chamar Koryolink, nascida após esse encontro. A empresa é uma joint venture entre a Orascom Telecom Holding, empresa do Egito, e a estatal Korea Post and Telecommunications Corp.

A Huawei entraria nessa história pela parceria com a Panda International, que seria a intermediadora entre a Huawei e o governo norte-coreano na oferta de estações, antenas e outros equipamentos. Tais informações estão relatadas nos documentos.

Continua após a publicidade

Ainda, há registros de que funcionários da Huawei e da Panda teriam trabalhado por anos em um hotel na Coreia do Norte. Além da implementação, a companhia chinesa também estaria envolvida em um integrações de rede e participação no projeto de expansão de projetos para a Koryolink.

O Washington Post procurou um funcionário da Huawei que trabalhou em sistemas com a Koryolink. Ele confirma a sua participação no projeto entre 2012 e 2013.

Outra relação perigosa seria com a Dandong Kehua, empresa da China sob embargo dos Estados Unidos exatamente por fornecer e receber bens da Coreia do Norte. A acusação é de que a Dandong Kehua estaria favorecendo projetos nucleares do país norte-coreano. Documentos mostram relações diretas entre a empresa e a Huawei.

Segundo os papéis enviados ao Post, a gigante chinesa se referia à Coreia do Norte nos documentos como país A9, em um codinome para esconder tal relação.

Continua após a publicidade

Fonte: Teh Washington Post