5G ainda depende de leilão, mas Brasil já trabalha em projeto de tecnologia 6G
Por Roseli Andrion • Editado por Claudio Yuge |
A tecnologia 5G ainda dá os primeiros passos no Brasil, mas as pesquisas para o desenvolvimento da tecnologia 6G já estão a todo vapor. Quem está à frente do projeto Brasil 6G é o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em parceria com a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e outras instituições de ensino e pesquisa nacionais. A iniciativa tem o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
No Inatel, todos os docentes atuam de forma direta ou indireta nas pesquisas sobre 6G. “Dividimos as frentes de pesquisa em várias ramificações porque o projeto prevê diferentes aplicações”, diz Luciano Leonel Mendes, coordenador de Pesquisa do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR). Isso inclui inteligência artificial, segurança e sustentabilidade de rede, inovações em radiofrequência e comunicações ópticas, entre outros.
Segundo Mendes, embora seja uma continuidade das pesquisas sobre 5G, esse projeto é muito mais inovador: são estudos para uma rede que ainda não existe e com potencial de aplicações bastante futuristas. “Para as aplicações da rede 5G já existia demanda: eram situações que exigiam alta vazão de dados ou baixa latência. Na Rede 6G será preciso prover esses requisitos extremos ao mesmo tempo e a forma convencional de se pensar em uma rede não vai servir”, esclarece.
Existe a expectativa de que o Brasil 6G coloque o país na vanguarda da pesquisa sobre a tecnologia. “Esse projeto vai colocar o Brasil frente a frente com os principais países que desenvolvem essa tecnologia”, avalia Rubens Caetano de Souza, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Secretaria de Empreendedorismo e Inovação do MCTI.
Para Souza, isso pode ajudar no desenvolvimento de requisitos específicos, de acordo com as necessidades brasileiras (econômicas, socioambientais e educacionais). “Teremos a possibilidade de estar nas mesas de discussões e definições com pesquisadores do mundo todo”, destaca.
Entre as instituições que participam da iniciativa estão as Universidades Federais do Pará, do Ceará, de Goiás, do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, bem como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). Além deles, institutos estrangeiros, como a Universidade de Oulu, na Finlândia, também estão engajados no projeto.
Leilão do 5G brasileiro está próximo
Fábio Faria, ministro das Comunicações, está confiante de que o leilão do 5G brasileiro vai acontecer em meados de julho. No momento, o edital do processo passa por análise no Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão contesta alguns pontos do documento, como os preços de compra das frequências e as contrapartidas exigidas pelo governo federal das empresas que vencerem o leilão — como o financiamento da criação de uma rede privativa para o Palácio do Planalto e demais órgãos da administração federal, o que pode ser uma forma de o Executivo burlar o teto de gastos.
Segundo Faria, o governo tem fornecido todas as informações solicitadas pelo TCU e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve conseguir realizar o leilão e dar início à implementação do 5G conforme planejado. “O TCU sabe da importância do 5G para o país. O Brasil é um modelo para a América Latina. Outros países estão esperando o que o Brasil vai fazer para poder seguir”, avalia.
Uma comitiva com integrantes do governo, da Anatel e do TCU viaja aos EUA no domingo (6) para visitar órgãos oficiais do governo norte-americano e se reunir com investidores para apresentar a proposta do Brasil. "Todos os esforços estão sendo feitos para que a gente possa realizar o leilão o mais rápido possível, porque nós precisamos desses investimentos", destaca o ministro.
Artur Coimbra, secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, conta que a maior parte dos recursos captados no leilão será revertida em investimentos. “Um ano depois do leilão, a gente vai ter todas as capitais brasileiras com 5G e nossa expectativa é ter todas as cidades brasileiras com mais de 30 mil habitantes obrigatoriamente com 5G até 2029”, explicou em fala reproduzida pela Agência Brasil.