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Trabalha para empresas no exterior? Uma startup quer que seu salário renda mais

Por| 27 de Julho de 2021 às 09h20

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Envato /  twenty20photos
Envato / twenty20photos

Startup criada em 2018, é possível dizer que a Deel já conseguia prever um movimento que hoje ganha cada vez mais força: a de profissionais — principalmente da área de TI — que trabalham para empresas estrangeiras mesmo morando no Brasil (ou em outro país). 

Fundada nos EUA por Shuo Wang, Ofer Simon e Alex Bouaziz, a startup chegou ao Brasil no começo deste ano e seu objetivo principal é um só: ajudar empresas a contratarem profissionais estrangeiros, sem que estes necessariamente tenham de se mudar. Ou seja, eles podem prestar seus serviços a companhias no exterior a partir de seu país de origem. E é aí que a Deel entra: suas soluções visam simplificar todo o processo burocrático de recrutar talentos mundo afora, incluindo os trâmites fiscais e trabalhistas. 

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Para isso, a startup conta uma equipe de 130 pessoas e mais de 200 advogados espalhados pelo mundo - todos trabalhando remotamente (claro) nesses processos de contratação. Hoje, ela atua em 150 países e possui escritórios abertos em 40 deles. A plataforma reúne quatro formatos diferentes de contratação, possibilitando contratações por tempo integral ou meio período, CLT ou PJ (no caso do Brasil) e por projeto ou por horas trabalhadas/serviço prestado. 

E além de atuar no processo de contratação, a Deel também atua na área de pagamentos, que é uma dor constante das empresas que têm em seus quadros profissionais que trabalham no exterior. 

E em meados de julho, a empresa trouxe o Brasil o seu mais novo produto: um cartão pré-pago que elimina custos e taxas de transferências internacionais e facilita a vida do profissional na hora que o mesmo precisa manusear o seu salário em qualquer canto do mundo. 

Como funciona o cartão pré-pago? 

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Em entrevista ao Canaltech, Cristiano Soares, country manager da Deel no Brasil, explicou que, entre os diversos clientes da companhia, há empresas que contam com mais de 100 profissionais registrados em diversas partes do mundo. "Para você pagar esses profissionais no Brasil, por exemplo, é necessário fechar operações de câmbio e pagar taxas para cada um deles, individualmente. Isso enlouquece qualquer CFO", afirmou o executivo. 

E para resolver essas dores, a Deel desenvolveu esse cartão pré-pago que pode receber fundos  - no caso o salário - para ser utilizado por profissionais que estejam espalhados em qualquer país do mundo. 

"A empresa pode ter mil profissionais registrados com a gente, recebendo em 100 moedas diferentes, que emitiremos apenas um invoice. E quando a companhia nos paga, de maneira instantânea, liberaremos os valores na conta Deel de cada funcionário que presta serviço para elas", explica Soares. "E o mesmo poderá escolher a forma como sacar o dinheiro: ele pode optar pela forma local, ou seja, transferir para o seu banco, pagando os impostos e taxas devidas; pode transferir seu salário para carteiras digitais. Ou, enviar para o cartão que acabamos de lançar. Ao transferir os fundos para o mesmo, ele mantém seu dinheiro em dólar, mas podendo efetuar compras normalmente ou sacar em espécie a quantia que desejar. Em ambos os casos, ele paga apenas a taxa de conversão do dia e mais nada". 

Ainda segundo o executivo, o cartão pré-pago da Deel permite o saque em dinheiro de forma muito mais rápida se comparada ao envio de valores da conta da Deel para a conta-corrente local do profissional.

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"Quando eu faço uma transferência via código SWIFT, (sistema internacional usado para identificar os bancos envolvidos na operação)  ela pode demorar entre três e cinco dias úteis para o dinheiro cair na conta-corrente do profissional. E, muitas vezes, esse processo trava no meio, podendo demorar até 10 dias", explica. "Além disso, há toda burocracia envolvendo o banco, como a necessidade de enviar o contrato para a instituição financeira para comprovar a prestação de serviços, a tradução desse documento, entre outras dores de cabeça. Sem conta que a taxa de transferência para o banco local é alta, podendo chegar a 6% do salário.  No caso do nosso cartão pré-pago, o dinheiro entra nele sem a necessidade qualquer taxa ou tarifa e de forma bem mais rápida. E ele pode ser usado através de um cartão físico (que chega ao usuário em até cinco dias úteis) ou digital, em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira Visa. E todas as operações podem ser acompanhadas de forma online. Logo, o profissional pode apenas transferir uma parte do valor para o Brasil para as contas do dia a dia, pagando menos impostos e taxas. E o restante do saldo ele utiliza a partir do cartão pré-pago, mantendo essa quantia em uma moeda forte, no caso, o dólar".

Cristiano explica ainda que outra vantagem do cartão pré-pago da Deel beneficia diretamente os chamados nômades digitais - profissionais que rodam diversas partes do mundo, mas prestando serviços para uma ou mais empresa. "A não ser que ele tenha um cartão de crédito dos bons, há uma grande complexidade de ficar fazendo câmbio por cada país em que esse profissional passa, sacando dinheiro e trocando pela moeda local. No nosso cartão, isso não acontece. O saldo permanece em dólar e ele só paga a conversão comercial do dia, no momento em que ele realizar alguma transação".

Empresas e profissionais de tecnologia são foco

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No momento, boa parte das empresas que usa os serviços Deel no processo de contratação de profissionais atua diretamente na área de TI. E mesmo aquelas que estão em outros mercados buscam profissionais desse setor - principalmente desenvolvedores, programadores engenheiros, gerentes de produtos, designers e cientistas de dados.

"E considerando que as funções dessas categorias profissionais podem ser executadas de qualquer lugar do mundo, esses nichos também são o público de maior potencial para o nosso cartão pré-pago", declarou Soares. 

O cartão pré-pago foi lançado inicialmente nos EUA (maior mercado da startup), testado na Europa na sequência e, agora, aporta no Brasil, que é o primeiro país na América Latina a testar o produto. E, segundo Soares, a aceitação vem sendo grande principalmente entre as empresas com funcionários em países com moedas instáveis. 

"Temos como cliente uma empresa brasileira que mantém 20 funcionários na Argentina, cuja moeda não é das mais estáveis. E os profissionais que estão lá não querem, de jeito nenhum, sacar seus salários em peso argentino, porque o risco de desvalorização é enorme", explica o executivo. "Então, eles transferem seus salários para o nosso cartão pré-pago e realizam operações de compra e saque quando precisam, mas mantendo o saldo restante em nossa plataforma, que está atrelada a uma moeda estável, no caso o dólar".
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Importante frisar que o cartão pré-pago é solicitado pelo próprio profissional, cuja empresa que o contratou utiliza os serviços da Deel. O prestador é responsável por escolher a forma que ele quer receber o salário. Quando a empresa paga a Deel, a startup redistribui os salários correspondentes na conta de cada funcionário. 

E quando os profissionais recebem o valor na conta, eles podem entrar no site da startup e optar pelo Deel Card (digital ou físico). Uma vez que o produto está ativo, o funcionário pode distribuir o salário da forma que quiser. Por exemplo, uma parte pode ir da sua conta para o cartão pré-pago. E outra parte dos vencimentos pode ser transferida para a conta bancária no país onde reside. Inclusive, no site da Deel, o usuário visualiza todas as taxas que ele vai pagar dependendo de como ele quer movimentar o dinheiro (transferência bancária, Wise, Revolut e Coinbase). 

Poupança em dólar e crescimento

Para o profissional brasileiro que trabalha para empresas estrangeiras, Cristiano explica que o uso do cartão facilita não apenas o recebimento do dinheiro vindo de fora, mas também possibilita a criação de uma "poupança" em dólar.

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"Muitas vezes, o profissional transfere 40%, 50% do salário dele para o cartão pré-pago e utiliza a quantia para os gastos cotidianos. O restante, ele pode deixar na conta da Deel, tendo uma reserva que é mantida em dólar e usa apenas quando necessário. Ou seja, ele não precisa mais ficar transferindo todo o dinheiro para o Brasil, perdendo na conversão e ainda pagar taxas. Inclusive, o nosso cartão permite até mesmo compras no exterior sem pagar pelo IOF". 

Quanto à adoção do cartão pelos profissionais, o country manager explica que, no Brasil, dos cerca de mil prestadores de serviços que trabalham para empresas estrangeiras, mais de 200 deles já pediram a emissão do produto. A expectativa é que, entre julho e agosto, toda a base local já tenha adotado o cartão.

Globalmente, a Deel diz ter 16 mil profissionais que usam seus serviços e afirma que já realizou mais de US$ 1 milhão em operações pelo cartão apenas em junho desse ano. O plano agora é ampliar a adoção do produto por toda a sua base. Nos últimos meses, a startup levantou um total de US$ 206 milhões em investimentos e planeja dar continuidade à expansão internacional.