TSMC já compensou encomendas perdidas da Huawei nas sanções impostas pelos EUA
Por Rubens Eishima | 23 de Junho de 2020 às 22h20
A expansão das sanções norte-americanas à empresa Huawei anunciada em maio atingiu em cheio a fabricante taiwanesa de processadores TSMC. A marca chinesa foi a segunda maior cliente da fábrica em 2019 e foi proibida de comprar novos chips dela. Mas ao que tudo indica, a TSMC já preencheu sua capacidade de produção com pedidos de outros fabricantes.
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A informação foi divulgada por um ministro taiwanês em entrevista à agência de notícias Reuters. Kung Ming-hsin confirmou que a demanda de outras empresas compensou a perda dos pedidos da Huawei e sua subsidiária HiSilicon:
“Quanto à TSMC, apesar de seus pedidos não incluírem mais a Huawei, eles foram rapidamente preenchidos, já que outras empresas precisam dela”, declarou Kung.
A declaração corrobora boatos que já circulavam desde antes da expansão do bloqueio comercial à Huawei. Segundo informações vindas de Taiwan, a TSMC operava com a capacidade no limite, especialmente em seus processos de fabricação mais avançados, como o de 7 nm.
A tecnologia de fabricação é utilizada, por exemplo, pelas linhas de processadores Ryzen 3000 e chips gráficos Radeon RX 5000 da AMD, a CPU A13 Bionic, usada nos iPhone 11 e SE (2020), processadores de última geração das marcas Qualcomm e MediaTek, além de CPUs especializadas como as usadas no novo supercomputador mais rápido do mundo ou ainda nos novos videogames Xbox Series X e PlayStation 5.
Além disso, a litografia de 7 nm é esperada para os novos processadores gráficos GeForce RTX 3000, da Nvidia, e já está confirmada nas novas gerações de CPU e GPU da AMD para o segundo semestre.
A próxima geração de fabricação por sua vez, batizada de 5 nm, já está em produção, mas ainda não foram apresentados produtos equipados com chips fabricados nela. O processador do novo iPhone de 2020 deve inaugurar a tecnologia, que também é esperada para o chip Qualcomm Snapdragon 875 que deve equipar os smartphones topo de linha de 2021. Sem contar que a Apple já se prepara para lançar os primeiros computadores com sua linha própria de CPUs, provavelmente fabricados no processo de 5 nm.
EUA x China? Nem tanto...
Kung declarou ainda que as sanções do governo de Donald Trump tinham como alvo a Huawei, e não a China, ou a relação comercial entre o país e Taiwan (considerada uma província rebelde pelos chineses, apesar de ser independente de Pequim).
A afirmação é uma boa notícia para outros fabricantes chineses, caso da ZTE, que anunciou recentemente que já produz CPUs próprias com a TSMC e já se prepara para os chips de 5 nm em 2021.
Fonte: Reuters