Obsolescência programada: por que seu celular estraga tão rápido?
Por Nathan Vieira • Editado por Léo Müller |

Se você já percebeu que seu celular parece perder eficiência ou apresentar defeitos após pouco tempo de uso, você não está sozinho. A durabilidade dos smartphones tem se tornado uma preocupação crescente. Uma das explicações mais discutidas para isso é a obsolescência programada, que sugere que o eletrônico é fabricado já com uma intenção de que dure pouco.
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Segundo o engenheiro eletricista Voldi Costa Zambenedetti, professor da PUCPR, “qualquer equipamento, construído com vários componentes, terá uma vida útil que será uma média ponderada da vida útil daqueles componentes individualmente”.
Em outras palavras, cada parte de um dispositivo possui um tempo de funcionamento esperado. Ao final desse ciclo, componentes podem falhar ou precisar de substituição.
O tempo médio entre falhas, conhecido tecnicamente como MTBF (Mean Time Between Failure), é usado para calcular quanto um produto pode durar antes de apresentar problemas.
Obsolescência programada
A obsolescência programada surge quando um produto é projetado com um determinado nível de qualidade que determina quanto tempo ele vai durar. Zambenedetti explica:
Isso não significa necessariamente uma ‘armadilha’, mas sim uma escolha de qualidade que influencia diretamente o custo final e a vida útil.
Em aparelhos como celulares, essa escolha é estratégica: componentes sensíveis, como baterias e telas, podem ter durabilidade limitada, e o custo de substituição muitas vezes faz o consumidor optar por um novo modelo em vez de consertar o antigo.
Por que seu celular estraga tão rápido?
Vários fatores explicam por que os smartphones parecem durar pouco. A bateria de íons de lítio se desgasta a cada ciclo de carga e descarga, perdendo capacidade com o tempo.
A obsolescência tecnológica também pesa: mesmo funcionando, modelos de um ou dois anos podem ficar defasados em relação a novos recursos e aplicativos.
Zambenedetti destaca que “eletrônicos como celulares tendem a parecer mais ‘descartáveis’ porque as trocas de componentes costumam ser feitas por blocos inteiros, e não peças individuais”, tornando o reparo caro e muitas vezes inviável.
O uso intenso, processos de fabricação massificados e componentes menos duráveis completam a lista de fatores que aceleram o desgaste.
Impactos para consumidores e meio ambiente
A redução da vida útil dos celulares tem consequências diretas. Para o consumidor, significa gastos mais frequentes na compra de novos aparelhos.
Para o meio ambiente, a questão é ainda mais grave: toneladas de resíduos eletrônicos são geradas anualmente, muitas vezes sem descarte adequado. A solução passa por políticas de reciclagem, como a logística reversa, que obriga fabricantes a criar sistemas de coleta e reaproveitamento de componentes.
A obsolescência programada nos celulares está presente nas escolhas de projeto, nas limitações da tecnologia e nas estratégias das empresas, mas muitas vezes é apenas uma consequência de tentar equilibrar custo, desempenho e recursos disponíveis.
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