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Bateria explodindo? Celular e cabo pegando fogo? Saiba como se proteger

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Um incêndio foi registrado em uma sala comercial da cidade de Cuiabá (MT) na última semana, com fogo tendo sido causado por um celular que estava conectado à tomada. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o estrago só não foi maior porque o prédio empresarial tinha sistema de segurança, que entrou em ação para conter as chamas e evitar maiores danos.

Felizmente, não houve feridos, mas as imagens, publicadas pelo UOL Tecnologia, são impressionantes. O aparelho causador do incêndio ficou completamente destruído, assim como a cadeira em que ele estava. Outros danos materiais também foram registrados na sala, enquanto o tipo de problema técnico que causou o fogo ainda é desconhecido.

Casos desse tipo, infelizmente, são bastante comuns e aconteceram, inclusive, com gente da redação do Canaltech. No início de março, um cabo Lightning queimou em minha própria mesa, durante um dia de trabalho, sem nem mesmo estar conectado a dispositivo algum. O acessório não era oficial, mas foi adquirido em um grande varejista nacional.

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Ele estava ligado a um carregador certificado, da marca chinesa CRDC. O cabo estava sobre uma mesa de madeira e nas proximidades de cadernos e papéis, que poderiam levar a um incêndio pois, no momento do problema, eu não estava presente na sala. Felizmente, não aconteceram maiores danos além da queima do próprio conector.

Todos os casos, entretanto, aconteceram devido a práticas ruins na utilização de cabos e carregadores. Como aponta Levi Rodrigues da Silva, engenheiro elétrico com mais de 30 anos no mercado de produtos eletrônicos, deixar adaptadores ligados à tomada quando não estão em uso ou manter o celular carregando sem supervisão são causas frequentes de acidentes e representam grandes riscos aos usuários de smartphone.

Acidentes podem acontecer, por exemplo, caso a ponta do cabo esteja encostando no chão. Uma simples limpeza do ambiente, com água, pode levar a um choque, enquanto um raio, cuja corrente é transportada pela rede elétrica, pode chegar aos habitantes de uma casa da mesma maneira. “O ideal é desconectar o carregador quando não estiver usando. Além da segurança, isso também proporciona uma pequena economia de energia elétrica, já que, mesmo desconectado (do telefone), ele continua consumindo”, explica o especialista.

Silva também faz um alerta claro para os usuários: sempre utilizem carregadores originais, das próprias fabricantes dos smartphones, ou, pelo menos, produtos certificados. “Os circuitos de proteção contra corrente acima da média e outros dispositivos de segurança estão presentes em todos os acessórios oficiais, mas também faz com que os produtos custem mais caro”, explica. Esse é um caso claro em que o barato, no final das contas, pode sair mais caro.

Aparatos de segurança, por exemplo, podem evitar curtos circuitos em caso de corrente acima do normal, evitando um incêndio. Além disso, protegem o celular evitando que o aparelho sofra tais alterações diretamente, algo que pode gerar queima ou avarias à bateria. “Acessórios alternativos tentam sempre ser mais baratos, deixando a segurança de lado. Ainda assim, existem certos componentes que precisam estar presentes, o que faz com que a diferença de preço nem sempre compense”, explica.

Mude os hábitos

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Incêndios e choques elétricos causados por telefones celulares têm efeitos semelhantes aos de acidentes de avião quando são publicados na mídia. Os casos são poucos em relação à quantidade de dispositivos em uso, mas o susto é inversamente proporcional. Normalmente, notícias como a do incêndio em Cuiabá geram certo pânico, principalmente quando acompanham informações sobre fabricantes e modelos, o que não é o caso.

“Uma bateria não é uma granada”, explica o especialista, em uma fala que vem para tranquilizar os usuários. “Você não vai ver um componente assim explodindo e jogando cacos para todos os lados.” Os grandes ferimentos acontecem quando o aparelho está no bolso ou em contato com o usuário, enquanto os incêndios ocorrem na interação com outros objetos inflamáveis no ambiente.

Por isso, a recomendação é evitar utilizar o celular durante o carregamento e não conectar o aparelho à tomada durante tempestades com raios ou outros momentos de descargas elétricas. É sempre bom ficar de olho para identificar problemas rapidamente, enquanto o recarregamento acontece sobre uma superfície de pedra ou madeira dura, que resistem mais a incêndios e não transmitem corrente elétrica. Plásticos, papéis, panos, espumas e outros materiais inflamáveis devem ficar longe.

Em mudanças mais difíceis de se fazer, o utilizador deve evitar carregar o celular junto ao corpo, nos bolsos da calça e, principalmente, da camisa. “Guardar o celular perto do coração, desta maneira, pode levar a ferimentos graves e até mesmo à morte”, explica Silva. Para o engenheiro, o método mais seguro de transportar o aparelho é utilizando um coldre, como aqueles que eram populares nos anos 1990. A moda pode ter abandonado o acessório, mas quanto se fala em segurança, o antigo ainda é o melhor. Em último caso, o bolso traseiro acaba sendo a opção menos perigosa.

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O especialista também emite um alerta para quem usa o smartphone como despertador. Não se deve manter o aparelho na cama, em meio aos lençóis, para que a soneca possa ser ativada o mais rapidamente possível. “De preferência, evite colocar o celular para carregar antes de dormir. Deixe o aparelho a cerca de um metro de distância e levante para desativar o alarme”, indica. Afinal de contas, se a hora de acordar chegou, infelizmente não há nada que você possa fazer para mudar isso, então é melhor adiantar o processo.

Antecipando-se aos problemas

O que se percebe na conversa com um especialista é que o perigo não é tão grande na utilização correta, mas, da mesma maneira, não deve ser ignorado. Principalmente quando se fala em uma tendência atual, com baterias maiores e com recarga mais rápida, cresce o risco de acidente. “Os usuários querem cargas que durem mais e baterias que carreguem mais rapidamente. É aí que mora o perigo”, afirma Silva.

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As reações químicas que mantêm um smartphone vivo estão sempre acontecendo, mesmo quando o dispositivo está desconectado do carregador ou, até mesmo, descarregado. O engenheiro explica que a porcentagem de carga visto no display do celular, na verdade, é apenas uma indicação visual. “Nenhuma bateria chega a 0%. Sempre há carga dentro dela, senão o aparelho não ligaria novamente quando plugado”, explica.

O especialista também aproveita para derrubar um mito antigo: o tal do efeito memória. De acordo com Silva, as antigas baterias viciavam caso fossem recarregadas antes de chegarem ao fim, entretanto, com os componentes atuais de ion e lítio, essa não é mais uma questão. É seguro carregar o celular a qualquer momento, mas, claro, você estará utilizando ciclos e gerando reações químicas que, no longo prazo, levarão a uma redução na capacidade geral da peça.

Quedas também podem avariar a bateria e levar a incêndios ou problemas durante as reações químicas que acontecem dentro dela. Ela pode até não pegar fogo por causa disso, mas causar danos a outros componentes internos do smartphone. Capinhas resistentes e um pouco mais de cuidado ajudam nesse quesito.

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Por fim, é importante prestar atenção na temperatura ambiente, evitando expor o aparelho ao sol e calor durante períodos prolongados. Citando pesquisas, Silva aponta a marca dos 80 graus como o limite para uma bateria começar a apresentar problemas como vazamento ou explosão. “É importante lembrar que o processo de recarregamento é uma reação química, que também gera calor e pode contribuir para falhas desse tipo”, completa.

É importante, ainda, prestar atenção às tomadas nas quais o celular está conectado, preferindo aquelas mais novas, com o tão mal falado formato brasileiro. “Ele evita que as mãos do usuário tenham contato com o plugue, evitando riscos de choques elétricos”, conta. Para a conexão de mais de um equipamento, o ideal é utilizar extensores e filtros de linha, e não os famosos benjamins que dividem a corrente elétrica e podem levar a aquecimento e curtos. Evitar gambiarras é a palavra de ordem aqui.

Para finalizar, o engenheiro indica uma observação simples que pode ajudar a identificar avarias na bateria. Caso seu smartphone permita acesso ao componente, vale a pena retirá-lo e colocar sobre uma mesa plana, girando-o com a ponta dos dedos. Ela deve oferecer alguma resistência, mas se movimentar normalmente.

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Caso observe um comportamento semelhante ao de um pião, com as extremidades se levantando, isso pode indicar problemas. “Esse é um sinal de que a bateria está estufando, o que é muito perigoso. O ponto de inchação é justamente aquele que, mais tarde, pode acabar pegando fogo”, aponta Silva. O ideal, aqui, é interromper o uso e buscar uma assistência técnica para substituição.