Por que há tanto hype em torno da série de The Last of Us?
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |

Depois de muitos anos de espera, estreia neste domingo (15) o primeiro episódio da adaptação de The Last of Us produzida pela HBO. A série vem sendo muito aguardada não só pelos fãs do jogo do PlayStation, mas por toda a comunidade gamer como um todo por uma razão bem simples: o misto de curiosidade, empolgação e medo de como um dos grandes clássicos recentes dos videogames vai ser transportado para a TV.
A expectativa em torno da série
Por isso mesmo, o anúncio de que o jogo ganharia uma versão em live-action causou um misto de expectativa e preocupação. Todo fã sonha em ver seu game favorito ganhar as telas em carne e osso, mas o histórico de decepções é tão grande que é natural que a primeira reação seja a desconfiança. Adicione à equação o fato de o sucesso de The Last of Us ser justamente o seu roteiro e você passa a entender o porquê de toda a ansiedade em volta.
Afinal, se o que transformou o jogo no fenômeno que conhecemos foi a sua trama e a escrita que soube usar esse mundo caótico e desgraçado para desenvolver e aprofundar a relação entre seus protagonistas, é natural que haja um temor enorme de que a adaptação não consiga manter a qualidade no mesmo nível. Há em Hollywood uma ideia de que histórias de videogames precisam ser ação e referências, uma combinação perfeita para esvaziar tudo aquilo que TLOU conquistou.
O maior exemplo disso é a saga Resident Evil. Mesmo com a franquia de jogos nunca sendo um primor narrativo, o cinema e a TV nunca entregaram aos fãs uma história minimamente decente. Assim, por que seria diferente com The Last of Us?
A preocupação é tão grande que até mesmo as primeiras informações de mudanças já geraram revolta na internet. Nas últimas semanas, os produtores da série da HBO comentaram que precisaram fazer algumas adequações na história, como a retirada dos esporos da trama. No jogo, há áreas em que os personagens só podem circular usando máscaras sob o risco de contaminação. No seriado, isso foi abolido por não se encaixar na narrativa. Ainda assim, não faltaram acusações de que isso vai arruinar a série.
Ao mesmo tempo, tudo o que foi mostrado até agora apresenta um grau de fidelidade quase inédito no mundo das adaptações. Neil Druckmann já disse que trata The Last of Us como um de seus filhos que, por isso mesmo, fazia questão de participar de todas as etapas da adaptação. Inclusive, foi por isso que ele diz ter preferido uma série ao invés de um filme: o tempo oferecido pela TV funciona muito mais para apresentar, desenvolver e aprofundar toda essa dinâmica entre Joel e Ellie.
E aqui reside o principal desafio do seriado: reproduzir o mesmo impacto entre o público não jogador. Para o gamer, a estreia deste domingo vem acompanhada de toda a carga e a conexão que ele já tem com o jogo. No entanto, há um universo de espectadores que vão conhecer esses personagens pela primeira vez — e esse será o verdadeiro teste para a narrativa criada uma década atrás.
Segundo o próprio Druckmann, a intenção de manter a série tão fiel ao jogo original é mostrar a esse público “não iniciado” o quanto os jogos podem ter histórias profundas e impactantes, revelando o potencial do meio. Só que, para a audiência — gamer ou não —, tudo o que esperamos é uma adaptação que deixe para trás a famigerada maldição.