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Ex-chefe de TV da Marvel é novamente acusado de racismo com asiáticos

Por| 27 de Julho de 2020 às 16h15

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Não é novidade que produções estadunidenses de grande porte têm uma tendência a estereotipar ou vilanizar personagens de culturas que não são consideradas “americanas”, discussão que tem atingido até mesmo o oscarizável Destacamento Blood, de Spike Lee. Agora foi a vez de Peter Shinkoda, intérprete de Nobu na série Demolidor, trazer relatos que colocam o então chefe do setor televisivo da Marvel como racista e xenófobo.

A oportunidade de fala surgiu durante um dos esforços para trazer a série Demolidor de volta, já que havia sido cancelada pela Netflix. A campanha #SaveDaredevil ("#SalveDemolidor", em tradução livre), reuniu três atores do programa para conversarem com os fãs e falar sobre suas experiências no set. Na ocasião, Shinkoda aproveitou para ser franco sobre um elemento negativo da produção que, segundo ele, fez com que seu personagem fosse marginalizado.

De acordo com Shinkoda, havia planos para aprofundar Nobu, adicionando dinâmica a sua relação com Madame Gao (Wai Ching Ho), ideias que teriam sido excluídas do planejamento pelo então chefe de TV da Marvel, Jeph Loeb. Shinkoda disse que o raciocínio de Loeb se resumia à ideia de que “ninguém se importa com o povo chinês e o asiático”:

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Jeph Loeb disse à sala de roteiristas para não escrever para Nobu e Gao. Isso foi reiterado muitas vezes por muitos escritores e showrunners, de que “ninguém se importa com o povo chinês e o asiático”. Havia três filmes anteriores da Marvel — uma trilogia chamada Blade — em que Wesley Snipes mata 200 asiáticos em cada filme; “ninguém se importa, então não escreva sobre Nobu e Gao” e eles foram forçados a anotar sua história e largá-la.

As acusações de Shinkoda contra Loeb não são as primeiras sofridas pelo produtor. Na época da produção da série Punho de Ferro, também da Netflix, a equipe já vinha sofrendo sérias acusações de apropriação cultural, afinal é a história de um cara branco, que descobre uma mística cidade asiática, aprende kung fu e se torna um super-herói. O que já não estava bom foi piorado quando, em 2018, Loeb apareceu na San Diego Comic-Con para divulgar a segunda temporada da série vestindo um traje de karatê, o que foi considerado ofensivo em muitos sentidos.

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Além disso, desde os quadrinhos, Demolidor costuma ser um super-herói branco que enfrentava hordas de adversários de ascendência asiática, muitas vezes sem rosto e sem nome, que eram literalmente membros de um culto maligno de ninjas que adoravam um demônio, o que por si só poderia ser revisitado pela série de uma forma muito mais consciente e menos preconceituosa.

Sobre as acusações, nem a Netflix, nem a Marvel se pronunciaram até o momento, mas vale lembrar que Loeb já não ocupa mais o mesmo cargo.

Fonte: Gizmodo