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Crítica | Você mostra Joe tentando controlar seus instintos na temporada 2

Por| 30 de Dezembro de 2019 às 11h49

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Será que é possível sentir um pouco de empatia que seja por um psicopata? Será que, lá no fundo, ele consegue entender sem nenhuma ajuda médica que ele tem um problema grave e que precisa de intervenção? Para Joe, protagonista de Você, sim.

A segunda temporada de Você, série também conhecida como You, estreou na Netflix logo após o Natal, no dia 26 de dezembro, mostrando os acontecimentos que sucederam os fatos da primeira, quando Joe (Penn Badgley) assassinou a sua ex-namorada Guinevere Beck (Elizabeth Lali).

Atenção: esta crítica contém spoilers da segunda temporada de Você.

Joe, que nos novos episódios assume a identidade de Will, é um homem obsessivo em busca do amor que faz de tudo para não perder a mulher por quem se apaixonou, mas a sua psicopatia o faz cometer atos que não têm nada de românticos, como matar amigos e ex-namorados que possam atrapalhar a sua relação. Completamente ciente de seus atos e de que se isso continuar ele pode ser pego, Joe se muda de cidade com a intenção de se controlar e não se apegar a ninguém. É assim que uma nova história começa.

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Após a ex-namorada Candace (Ambyr Childers) reaparecer em sua vida enquanto acreditava que ela estava morta, Joe se mudou de Nova York para Los Angeles para começar do zero. No início da trama, o espectador pode até acreditar, mesmo que por poucos minutos, que Joe está motivado a não conhecer nenhuma mulher por lá. Mas em mais uma jogada do seu subconsciente psicopata, uma nova armação o levou a conhecer Love, personagem de Victoria Pedretti.

Para que a nova temporada fosse mais interessante e saísse do mesmo, a equipe de Você acrescentou mais personagens envolvidos com a trama principal, que acabam mostrando a Joe que ele não é tão poderoso assim e que nem sempre ele está sob controle de tudo. Love é completamente diferente de Beck, mostrando logo no início que, assim como Joe, sabe que vai conseguir o que quer. Durante os episódios, a dúvida sobre a sanidade de Love vai e vem, e eventualmente ela acaba se mostrando tão manipuladora quanto ele.

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A segunda temporada de Você, em alguns momentos, até parece outra série. Ao contrário da primeira, que era mais focada na vida e família de Joe e Beck, agora personagens com vidas diferentes se entrelaçam na história graças ao protagonista, com episódios envolvendo uma pequena participação da máfia russa, um hacker habilidoso da deep web, uma personalidade de Hollywood perturbada, pedófila e abusadora, entre outros. Seria isso, talvez, uma pequena homenagem às polêmicas envolvendo o mundo do cinema em Los Angeles e Hollywood, visto que o local e seus moradores são representados de várias formas estereotipadas? Provavelmente.

É quando vemos a intenção de Joe de usar a sua psicopatia para dar uma de Dexter e matar "pelo bem", fazendo com que criemos uma simpatia por ele. Joe se apega às suas vizinhas, Ellie (Jenny Ortega) e Delilah (Carmela Zumbado), e acaba assassinando Hendersen (Chris D'Elia), que já havia abusado de uma e tentado abusar de outra. No entanto, mesmo quando tenta ser o bom moço, Joe acaba causando tragédias, senão ele não seria Joe, e vemos isso com a morte de Delilah e Candace.

Quando um psicopata encontra alguém pior que ele

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Muitos de nós fomos enganados em pensar que Love seria uma vítima de Joe, o que, aliás, foi uma sacada que seria mais esperada em uma temporada final da série, quando teoricamente o "bandido" morreria no final, provando do próprio veneno. A personagem de Victoria Pedretti demonstrou seus "crazy eyes" logo no começo da temporada, mas a construção dos acontecimentos nos fazia ou esquecer de que ela poderia também ser uma psicopata, ou ainda causar muita dúvida sobre isso.

No final, Joe conseguiu se tornar a vítima de uma pessoa muito pior que ele, sentindo na pele o que as pessoas sentiam ao serem capturadas por ele. Com isso, precisou ver a amada sendo a responsável pela morte de Candace, que ele acredita que havia aceitado dinheiro para sumir de vez, e Delilah, por quem ele sentia um pouco de carinho e não pretendia matar, mesmo que ela estivesse sendo mantida em cativeiro por descobrir sobre Hendersen.

Em meio à história, enquanto Joe começa a se autoanalisar para tentar se manter sob controle, flashbacks do passado vão surgindo como forma de tentar explicar o motivo de ele ser tão violento e se tornar obcecado por encontrar o amor.

A série consegue provocar um desejo pela investigação muito maior do que na primeira temporada, com nossas suposições sendo alteradas durante o percurso devido às inúmeras reviravoltas que vão surgindo. Diferente da primeira, que chegou a ser acusada de romantizar a obsessão, na segunda temporada o objetivo foi ressaltar que pessoas com personalidades sociopatas estão por aí e que pequenos sinais e alertas podem ser o suficiente para escapar.

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Você chegou ao fim mostrando que, assim como as suas vítimas, Joe se viu sem saída e decidiu dar uma chance ao amor assumindo o filho que terá com Love em vez de matá-la ou fugir para o México, que seria o plano inicial. Isso não significa, no entanto, que o personagem seja digno de pena, até porque no finalzinho do último episódio ele parece estar se preparando para a sua próxima vítima, uma vizinha de sua nova casa. Uma história digna de Garota Exemplar, filme de David Fincher, que inclusive é o nome de um dos policiais da trama.

Além da nova vida de Joe, outro caso que ficou em aberto é o destino de Ellie que teve a vida destruída por ser incriminada por Love pelo assassinato de Hendersen, e que acabou perdendo a irmã Delilah, sua única família. A terceira temporada ainda não foi confirmada pela Netflix, que nestes novos episódios assumiu a produção, mas rumores já indicam que a continuação vai acontecer.

As duas primeiras temporadas de Você estão disponíveis na Netflix.