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Crítica | The Crown continua brilhante na 3ª temporada mesmo com troca de elenco

Por| 22 de Novembro de 2019 às 10h49

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix

Cuidado! Este texto pode conter spoilers da temporada 3 de The Crown.

A missão de Claire Foy em The Crown chegou ao fim na segunda temporada, com a atriz passando o bastão para Olivia Colman no papel de Elizabeth II, a Rainha da Inglaterra. Muito tempo se passou desde os acontecimentos dos episódios passados, e a série agora mostra a família real mais madura, por assim dizer.

O processo de adaptação da Rainha à Coroa também ficou para trás, deixando a terceira temporada para focar em dramas que afligiram a família real durante os primeiros anos de Elizabeth II no poder. Antes apática, com dúvidas sobre suas ações e sempre recorrendo a alguém para pedir conselhos, agora vemos uma líder mais decidida, experiente e até mesmo mais expressiva que a versão de Claire Foy.

Não há como não questionar se membros da realeza da Inglaterra são, de fato, contidos ou não, visto que viver na liderança de uma monarquia significa não ter as mesmas experiências que uma pessoa comum. Isso é retratado com insatisfações nas vidas dos personagens, como o Príncipe Charles (Josh O'Connor) e a Princesa Anne (Erin Doherty). Porém, justamente pelo fato de serem pessoas, problemas de relacionamentos, sejam amorosos ou sociais, também acontecem no Palácio de Buckingham.

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Além da incrível Olivia Colman, também chegam ao elenco Tobias Menzies como o Príncipe Philip, marido de Elizabeth; a atriz Helena Bonham Carter como a Princesa Margaret, irmã da rainha; e Ben Daniels como seu marido Anthony Armstrong-Jones, entre outros. Em relação à aparência física, desde a primeira temporada fica claro que não é uma preocupação tão grande dos produtores, visto que muitos atores aparentam ser mais velhos ou mais novos do que os personagens que estão representando.

Nesta temporada, esse questionamento só aumenta, visto que os grandes olhos azuis de Claire Foy e Vanessa Kirby, que interpretava Margaret, são esquecidos nessa temporada, mesmo que as pessoas sendo representadas tenham os olhos claros.

Em entrevista, os produtores da série chegaram a dizer que tentaram lentes e pós-produção, mas que nada resultou em algo satisfatório. Sendo assim, foi concluído que não se trata de aparência, mas sim de qualidade. Por outro lado, a Princesa Anne e o Príncipe Charles quando jovens tinham aparências assustadoramente parecidas com a temporada atual, sendo um dos grandes acertos da série nessa questão.

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No entanto, como dizem os próprios produtores, a aparência é ofuscada devido à qualidade da forma em que as histórias são contadas, fazendo questão de colocar na tela da Netflix não só os momentos mais importantes relacionados à política, como também na vida pessoal de cada um.

Dramas da família real

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A evolução do governo da Rainha Elizabeth II fica bem clara com o passar dos episódios de The Crown, principalmente a sua luta com ela mesma. Em um certo momento da história, de extrema importância para a personalidade da realeza, a monarca lamenta ser uma pessoa que não fica triste, que não consegue se emocionar e nem chora em público.

Ela chega a ser questionada pela mídia como uma portadora de um coração frio, mas é aconselhada a levar isso como um elogio, visto que é preciso de frieza e pé no chão para resolver os problemas dentro do Palácio. Neste mesmo episódio, vemos não só a rainha fingindo limpar lágrimas inexistentes em público, como também soltando lágrimas sinceras ao seu final.

O príncipe Philip também luta com ele mesmo quando começa a questionar a sua fé e decide buscar um propósito na vida, o que acontece em meio a toda a repercussão da viagem do Homem à Lua, acontecimento que o deixa fascinado. O príncipe deixa de ir à missa e até questiona as pessoas de sua igreja sobre questões de fé, depositando todas as suas crenças nos feitios da NASA e na viagem lunar.

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Em um dos momentos que mais trazem desconforto à história, Philip vive na pele o significado da expressão "não conheça seus ídolos". Em um encontro com Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin, o príncipe acredita que terá momentos a sós com os rapazes para debater a viagem e entrar em questões profundas e filosóficas, mas acaba descobrindo que são apenas jovens garotos fazendo seu trabalho e que não enxergam as coisas da mesma forma que ele. É assim que Philip, então, retorna à igreja e pede por ajuda.

O drama do príncipe Charles também ganhou bastante atenção nesta terceira temporada. Agora um jovem adulto, ele se encontrou no teatro, mas por obrigação da família precisou passar três meses no País de Gales para aprender o idioma local, mesmo que não fosse bem-vindo por grande parte da população que têm duras críticas à liderança da Rainha por lá.

Com uma sensibilidade maior e uma personalidade mais verdadeira que o restante da família, esse desafio foi tirado de letra pelo príncipe, que conquistou até mesmo o seu maior opositor, que ficou responsável por ensiná-lo a língua local.

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Mas o que mais afligiu Charles foi o seu relacionamento com Camilla Shand, que não era aceita pela família. O jovem percebeu que seus parentes reais estavam tentando sabotar o seu relacionamento, mas o que realmente fez com que ele chegasse ao fim foi descobrir que a namorada nutria mais sentimentos pelo ex-namorado, Andrew Parker Bowles, que também chegou a se relacionar com a Princesa Anne.

Mais uma vez o sentimento de Margaret de sempre estar em segundo plano é retratado na trama, desta vez destacando ainda mais as diferenças de personalidade entre ela e a irmã. Seu jeito mais extrovertido de ser fez com que o Reino Unido firmasse um importante acordo com os Estados Unidos, que antes relutava em visitar ou receber a realeza britânica pela vida incomum existente na monarquia.

Margaret também recebe mais atenção quando, pela primeira vez em muitos anos, se sente feliz novamente ao se relacionar com um "plebeu", após inúmeros conflitos com o marido e a possibilidade de divórcio.

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Margaret sempre esteve nas capas de jornais e revistas, e desta vez não foi diferente. Taxada dos termos mais horríveis que podem se dar a uma mulher, a princesa viveu um momento de profunda depressão pelo acontecido e por não conseguir resolver os problemas do casamento. É quando vemos um pouco mais de humanidade em todas as ações contidas de Elizabeth, quando ela diz à irmã que não poderia viver sem ela.

The Crown não decepciona em sua terceira temporada, tanto pela qualidade do elenco escolhido quanto por retratar uma trama que ainda é presente na atualidade. A série é uma verdadeira aula de história sobre o poder de Elizabeth II, que, aos 93 anos de idade, mantém o cargo mais alto do Reino Unido há 67 anos.