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Crítica: Demolidor Renascido começa bem, mas não cola direito com a Netflix

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Eis que uma das atrações mais aguardadas do Marvel Studios em 2025 já está no ar. Demolidor: Renascido chegou na última terça-feira (5) com dois episódios liberados no Disney+, e segue semanalmente com mais uma noite de capítulo duplo no dia 26 de março até o começo de abril. Como esperado, a o chefão da Marvel Entertainment, Kevin Feige, optou por continuar o que já havia começado nas séries dos heróis de rua da Netflix — mas a continuação daquele passado ficou toda meio torta.

Bom, primeiro vamos falar sobre esse reinício, a integração com o MCU, a parte técnica, e claro, o enredo — sem spoilers. Depois a gente conversa no final sobre o que acontece com essa cola da Disney+ que não gruda direito com o que foi exibido na Netflix.

No primeiro episódio, sim, parece mesmo uma sequência da terceira temporada do Demolidor (Charlie Cox) da Netflix, mas com uma linha temporal meio nebulosa. Alguns anos se passaram depois que Murdock demoliu o Rei do Crime (Vincent D’Onofrio)  e arregaçou a mente do Mercenário (Wilson Bethel) até derrubar o vilão.

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Os amigos Karen Page (Deborah Ann Woll), Foggy Nelson (Elden Henson) e Murdock vivem um cenário mais tranquilo, com foco na firma de advocacia onde são sócios. Mas, em certa noite de celebração, o Mercenário brota do nada e estraga o rolê com assassinatos em série — e uma das vítimas quebra o espírito do Demolidor.

A partir daí, pelo menos por enquanto, acaba a conexão com a trama da Netflix e vemos Murdock mudando de bairro e firma algum tempo depois dos eventos daquela noite fazerem com que o advogado deixe para trás seu alter-ego heróico.

O núcleo coadjuvante passa a ser Cherry (Clark Johnson), o detetive aposentado que na verdade continua na ativa; Kirsten McDuffie (Nikki M. James), a nova sócia de Murdock em sua firma de advocacia instalada no meio corporativo de Nova York; o herói Tigre Branco, alter-ego de Hector Ayala (Kamar de los Reyes); e, claro, como o Demolidor não consegue deixar sua promiscuidade de lado, em menos de meio episódio ele já puxa o rabo de saia da terapeuta Heather Gleen (Margarita Levieva).

Inspiração em Reinado do Demônio

Feige já tinha adiantado faz tempo que o retorno de Wilson Fisk aconteceria em uma época de eleições, então, o Rei do Crime decide, de forma aparentemente autêntica — pelo menos em sua perspectiva zoada — desenvolver coisas que faltam na cidade e oferecer uma melhor qualidade de vida aos novaiorquinos. Desde que o Demolidor deixou as ruas, o índice de violência cruel e a criminalidade aumentaram bastante.

Um ponto interessante que conecta o Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) ao universo da Netflix é uma participação mais ativa e importante de Vanessa Fisk (Ayelet Zurer), que ficou no comando dos negócios do Rei do Crime e até se torna uma antagonista para o próprio marido.

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No evento dos quadrinhos Reinado do Demônio, Fisk é eleito prefeito de Nova York e baixa uma resolução que parece até com a da Guerra Civil, que é a de registrar, aprisionar ou eliminar os chamados “vigilantes”, que nada mais são do que os herois da Casa das Ideias.  Na série, isso também acontece, levando Murdock a ficar alerta nas atividades do Rei do Crime. 

Efeitos, lutas e sequências heróicas

Uma das principais características da antiga série da Netflix era a famosa “cena de porradaria no corredor” em plano sequência, sem cortes. Isso também acontece no Disney+, contudo, dá para notar que há um diferente rigor técnico em relação às coreografias de luta, ao figurino e também à edição e trilha sonora.

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O corte final é mais refinado, e dá para notar como a injeção de verba da Disney tirou a produção de Demolidor daquele sufoco de planejar o calendário para usar as mesmas locações o máximo de vezes possível, reaproveitando tudo ao máximo. O uniforme inicial do Homem Sem Medo se parece com o da Netflix, mas um pouco mais escuro e com mais textura e acabamento. 

Bem, a Marvel é uma casa de heróis, então, já dá para notar que o comportamento, os movimentos e habilidades de Matt Murdock estão muito mais presentes e detalhados. Por exemplo, agora fica bem claro que o Demolidor usa especificamente seus sentidos super aguçados para determinadas atividades; e mesmo suas lutas ou corridas em cima de telhados parecem sobre-humanas com velocidade e intensidade incríveis.

É de se esperar que vejamos outros uniformes e mais poderes sendo exibidos de maneira peculiar.

O que não grudou com a Netlix e o que tem a ver com o MCU?

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Pode até ser cedo demais para cravar isso, contudo, embora o relacionamento complexo do passado entre Wilson Fisk e Matt Murdock continuar ali, não há muita coisa que realmente mostre consequências com eventos cronológicos referenciando os três anos na Netflix. A maior beneficiada pele roteiro de reinício é a atualização da posição de Vanessa Fisk na hirarquia de poder, que até tem um desenvolvimento mais integrado ao enredo de anos atrás.

Mas… a vontade de avançar logo para um status quo mais moderno deu até para mostrar o que foi limado e o que entrou para a série quando a Marvel decidiu jogar fora a produção inicial. Provavelmente, o “núcleo de convívio moderno” de Murdock fosse o mesmo que se tornou já na metade do primeiro episódio.

E essa pressa em conectar algo que a Marvel não criou com as histórias atuais deixou essa sensação de que Feige não quisesse mesmo reaproveitar a antiga atração. Assim, depois de um capítulo já estamos longe daquele passado.

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Três personagens se destacam em um frescor necessário para conectar ambos os núcleos: o Tigre Branco, que traz uma pegada bem mais parecido com o heroísmo visto até agora, e direito a uma narrativa semelhante à do Pantera Negra; tem também o puxa-saco Daniel Blade (Michael Gandolfini) e a filha do jornalista Ben Urich, BB Urich (Genneva Walton).

Com relação ao outros heróis, há apenas uma citação ou outra, ao Homem-Aranha, por exemplo; contudo, nem os Defensores, e muito menos o Punho de Ferro, Luke Cage e Jessica Jones são abordados — o que chega a ser estranho, pois Cage tem participação intensa em Reinado do Demônio, e seria legal vê-lo de novo.

Seguimos acompanhando, até porque o final do segundo episódio, que acaba com o retorno da persona de Demolidor na psique de Matt Murdock acontee de maneira brutal. 

Vale a pena?

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Sim, vale muito a pena, pois, melhorou a parte técnica, refinou os efeitos, expandiur as locações e ampliou o elenco com um tratamento mais oneroso, o que permitiu trazer mas recursos. Além disso, o fato de ainda não conseguir conectar direito o MCU e os filmes antigos não representam um problema.

Na verdade, há ainda grandes chances de isso ser ajustado ao longo da primeira temporada, e até da segunda, confirmada até mesmo antes de as exibições estarem sendo curtidas agora.

Como Karen Page e Foggy Nelson foram confirmados no ano seguinte antes da estreia, pode ser que os próprios produtores tenham notado a fraca conexão Disney+Netflix e as tramas futuras venham a resolver isso.