Crítica Barry | Temporada final mantém o humor sombrio de um caos sem fim
Por Natalie Rosa | Editado por Jones Oliveira | 20 de Abril de 2023 às 18h30
A maioria das séries não precisa de várias temporadas para tentar manter a qualidade, e Barry é uma delas. A comédia dramática acaba de chegar em sua quarta e última temporada, despedindo-se dos fãs sem correr risco de ficar menos aclamada.
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Barry, na verdade, sempre foi uma série subestimada, mesmo fazendo sucesso entre um nicho muito específico de fãs de séries. A trama é apreciada por fãs de títulos da HBO, que contam com peculiaridades bastante intensas, e por uma parcela de quem gosta de uma boa trama de comédia sombria.
Atenção: esta crítica contém spoilers da quarta temporada de Barry!
A jornada do anti-herói
A série Barry começou se apegando mais na comédia, conforme a parte obscura começava a se destacar mais e mais. Barry, interpretado por Bill Hader, comediante que também é criador da trama, é um assassino de aluguel que carrega diversos traumas de quando esteve em guerra. O personagem basicamente viveu todos esses anos sem propósito na vida, acompanhado de uma depressão intensa.
Então, quando foi cumprir um assassinato em uma escola de teatro, se apaixonou pela possível carreira. Porém, uma vez envolvido com a criminalidade, se torna praticamente impossível sair dela. Como um bom anti-herói, nos encantamos com o carisma quase inexistente de Barry, o que o deixa mais especial, engraçado e interessante.
Torcemos para que ele consiga deixar a criminalidade, que pare de ser perseguido por gangues e que comece a seguir a profissão de ator. Porém, a série nos lembra a todo momento que ele é um assassino que mata a sangue frio e que sempre coloca a sua segurança em primeiro lugar, mesmo desenvolvendo afeto por outros personagens. Ou seja: ele é, na verdade, um bom vilão.
Na quarta temporada, Barry se vê em uma encruzilhada ao ser preso, algo que não aconteceu com outro anti-herói parecido e que ficou bastante famoso no mundo das séries: Dexter. Precisou de um revival da trama para que o personagem recebesse justiça pelas vítimas que fez, mas Barry está seguindo por um caminho diferente.
Destino final
Barry foi preso, mas escapou. A quarta temporada tem um grande salto temporal após a fuga, mostrando que o protagonista vive escondido com Sally (Sarah Goldberg), que já não tinha mais nada a perder, e um filho. Os novos episódios trazem poucos momentos engraçados, mas que preenchem bem o vazio superado pelos momentos insanos.
Na quarta temporada de Barry, é como se Better Call Saul fosse uma série de humor. A trama dramática tem não só aquela essência das coisas saindo do controle e ficando a cada vez mais sombrias, mas também uma estética mais sóbria e uma melancolia extrema transmitida pelos personagens. Tudo fica tão mais pesado que vemos, ainda mais forte que na terceira temporada, Barry como o grande vilão que ele é, quando nos cai a ficha de que ele não tem nada de bonzinho.
A primeira impressão ao assistir aos sete primeiros episódios de Barry é que a situação não vai acabar bem para ele, tampouco para os que estão à sua volta. A série conseguiu se manter estável em qualidade do começo ao fim, enquanto entregava uma jornada sombria com personagens questionáveis, mas cativantes. O humor melancólico e sombrio sempre foi o maior atrativo da trama, se mantendo assim até o fim.
Barry pode dizer que acabou no momento certo, entendendo que sua fórmula tem prazo de validade e que não se sustentaria com as mesmas ciladas, piadas e momentos bizarros por muitos outros anos. As quatro temporadas da trama foram bem-produzidas, divertiram e encantaram os fãs de produções caóticas, o que já deveria ser um gênero válido no cinema e televisão.
A série Barry vem ganhando novos episódios todos os domingos na HBO Max.