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Com show de atuação de Wagner Moura, Narcos volta mais dramática e violenta

Por| 03 de Setembro de 2016 às 11h20

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Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix

Narcos teve uma primeira temporada que engrandecia os feitos de Pablo Escobar, junto aos seus momentos mais emocionais com os entes queridos para tornar o personagem carismático, mesmo tomando medidas odiáveis - no mesmo estilo do Capitão Nascimento, de Tropa de Elite. O roteiro permitia que Wagner Moura ficasse no holofote da caçada do governo colombiano e dos americanos interessados na prisão do narcotraficante. No segundo ano, os episódios têm muito mais cadência do que clima de perseguição épica, tornando a história mais dramática.

A trama dos novos episódios acontece logo após os eventos do primeiro ano. Pablo Escobar está sendo procurado pelo exército do país, mas ainda tem poder suficiente para combater seus inimigos seja com ameaças ou medidas drásticas. Enquanto isso, os agentes Murphy (Boyd Holbrook) e Penã (Pedro Pascal) precisam lidar com as dificuldades que envolvem o trabalho deles para prender Escobar e não cair nas mãos dos outros criminosos que estão ganhando mais poder pelo país.

Como todo o contexto que envolve a Colômbia sob o domínio de Pablo Escobar já havia sido apresentada em conjunto com a caçada ao narcotraficante, o ano dois tinha apenas um caminho a percorrer: a queda do patrón. Assim, o roteiro já precisa estabelecer novos personagens fundamentais para tal desfecho e próximas temporadas, o que faz com que Wagner Moura não esteja tão presente mostrando os dias mais complicados do personagem. Entretanto, esse viés permite que a dualidade que existe em todos da série ganhe espaço, seja com uma tortura capaz de traumatizar o policial na missão ou no desespero do criminoso ao ver sua mãe sendo usada para prendê-lo. Não existe a clássica divisão de "mocinho versus bandido" para aquele ambiente.

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Assim como outras séries, muitos diretores diferentes comandam as filmagens, fazendo com que os produtores sejam os principais responsáveis por manter estética e narrativa com a mesma precisão durante os dez episódios. Aqui isso se mantém tanto nas cenas alucinantes pelos corredores estreitos quanto na narração de Murphy conduzindo os fatos. Contudo, um grande diferencial deste segundo ano é como roteiro e direção se alinham com precisão para surpreender o telespectador com as cenas impactantes. Mesmo que já esteja acostumado com a violência típica das produções de José Padilha, a sensação de surpresa faz com que seja complicado ter certeza do destino de cada personagem ou antecipar todas as explosões.

Apesar de apresentar uma grande quantia de novos personagens, os mais carismáticos ainda são Pablo Escobar e o agente Javier Penã. Wagner Moura já havia roubado a cena na primeira temporada, mas os novos episódios exigem ainda mais do ator, seja fisicamente ou puramente na sua atuação convincente. A presença que ele gera ao narcotraficante é um dos grandes diferenciais na condução da história, já que os outros criminosos não são tão envolventes e emblemáticos quanto ele.

Na ausência de tela do ator brasileiro, Pedro Pascal, popularmente conhecido pelo papel de Oberyn Martell em Game of Thrones, é quem chama atenção. O agente do DEA não consegue ser um "good cop" ou "bad cop", assim tomando decisões complicadas pensando no bem maior, mas sofrendo posteriormente por se envolver em algo que o desagrade. A nuance cinzenta é a essência básica de cada persona da história, mas é em Penã que esta característica é ressaltada.

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A grande dificuldade da segunda temporada de Narcos é conseguir ser tão interessante quando os núcleos com os personagens menos carismáticos ou envolventes precisam de espaço para preparar terreno aos eventos futuros da série ou que criam apenas cenas chocantes. Com a ausência de Wagner Moura no próximo ano, a produção da série precisa enxergar como mantê-la envolvente o suficiente sem a presença do personagem que a tornou excelente. Talvez esteja nas nuances de caráter de Murphy e Penã o caminho para o futuro de Narcos.