Uma em cada quatro mulheres já foi vítima de golpes ou ameaças na web
Por Ramon de Souza • Editado por Patricia Gnipper |
Sofrer um vazamento de dados pessoais é motivo de preocupação para qualquer cidadão brasileiro. porém, para as mulheres, esse temor é ainda maior. De acordo com uma nova pesquisa efetuada pelo dfndr lab — laboratório de segurança da PSafe —, 75% das brasileiras possuem medo de serem vítimas desse tipo de incidente. Para levantar tal estatística, a companhia entrevistou um total de 17 mil internautas do sexo feminino entre os dias 4 e 8 de março deste ano.
- Mais um? Novo vazamento expõe dados de 102 milhões, incluindo Bolsonaro
- Vazamento de dados pode ter exposto CPF de quase toda a população brasileira
- Procon-SP notifica operadoras e Psafe por suposto vazamento de dados
Exposições indevidas de informações, infelizmente, estão se tornando cada vez mais comuns, com diversos episódios do tipo registrados só nestes primeiros meses de 2021. As vítimas dessas manobras podem ter prejuízos financeiros com cartões de crédito clonados e empréstimos realizados em seu nome; para as mulheres, porém, os riscos vão muito além, alcançando a esfera dos assédios sexuais, humilhações públicas e até mesmo extorsões com objetivos escusos.
“Fotos e vídeos pessoais de mulheres são comumente usados na tentativa de manchar a reputação da vítima e envergonhá-la publicamente. O vazamento de dados de mulheres, geralmente, envolve ameaças, ódio e tem traços de vingança”, explica Emilio Simoni, diretor do laboratório. Uma dentre três mulheres entrevistadas relatam já terem sido abordadas por perfis falsos em redes sociais; além disso, uma em cada seis confirma que já teve seu WhatsApp clonado. Também são constantes reclamações de golpes em apps de namoro.
“Neste cenário, é muito importante ressaltar que os crimes em ambiente virtual sempre deixam rastros, há registros de IP, de mensagens enviadas e é possível, em alguns casos, identificar os criminosos com uma investigação. Por isso, é essencial que as vítimas sempre denunciem qualquer tipo de abuso no meio digital, assim como se o caso ocorrer ao vivo. Com esse tipo de estatística, ficará mais evidente a necessidade de ferramentas de denúncia em todo e qualquer tipo de meio digital”, alerta Simoni.
Em depoimentos anônimos, as vítimas relatam medo de publicar informações pessoais na web que possam ser utilizadas para eventuais abusos futuros. “Um estranho adicionou meu número e começou a me mandar fotos inadequadas”, conta uma internauta; “Uma vez um garoto desconhecido pediu fotos minhas e como eu neguei, ele ameaçou me agredir”, relata outra participante. Segundo as entrevistadas, seria interessante caso as redes sociais tivessem ferramentas mais robustas para denunciar e punir esse comportamento.
“Algumas redes dão a opção de você aceitar ou não uma solicitação de recebimento de mensagem de um desconhecido, mas não há como evitar que o conteúdo da mensagem seja mostrado. Muitas vezes essas mensagens são invasivas e desrespeitosas, e as usuárias acabam não tendo outra opção a não ser ver o conteúdo na hora de aceitar ou recusar a solicitação. Isso também acontece quando o conteúdo é enviado por e-mail. As plataformas de e-mail não possuem espaços para denunciar casos de abuso”, diz Simoni.
É importante frisar que, embora crimes virtuais possam — e devem — ser reportados à polícia, 76% das entrevistadas jamais procurou ajuda e 70% sequer sabe como realizar a denúncia. É importante registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) na delegacia mais próxima e armazenar eventuais provas do crime para usos futuros.
Fonte: dfndr lab