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Telegram é centro de assédio e violência direcionada, criticam ativistas

Por| Editado por Claudio Yuge | 22 de Setembro de 2022 às 13h20

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Montagem: Caio Carvalho/Canaltech
Montagem: Caio Carvalho/Canaltech
Tudo sobre Telegram

Ativistas em prol dos direitos humanos e das liberdades individuais estão acusando o Telegram de falhar em tomar atitudes contra o crescimento nos casos de compartilhamento de dados pessoais e ameaças com cunho violento. As situações acontecem em grupos ligados a governos de países com regimes autoritários, onde influenciadores pedem informações e divulgam detalhes de dissidentes ou cidadãos contrários aos regimes, que podem acabar presos, atacados e até mortos.

Vem acontecendo, por exemplo, em Mianmar, desde o golpe de estado realizado em 2021. De acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas), seria mais de 1,5 mil mortos e milhares de presos pelo regime do país, enquanto, no Telegram, influenciadores a favor do governo vigente se reúnem para compartilhar informações sobre protestos e outros movimentos de oposição.

Aconteceu, por exemplo, no início de fevereiro, quando os opositores planejaram marcar o primeiro aniversário do golpe com uma greve silenciosa, fechando comércios e não saindo de casa. Em um grupo comandado por um dos maiores influenciadores políticos do país, Han Nyein Oo, nomes e endereços dos envolvidos começaram a ser compartilhados entre mais de 100 mil seguidores, com dezenas de batidas policiais e prisões acontecendo por todo o país.

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Em março, o canal do influenciador foi tirado do ar, mas não pelos atos de doxxing, mas por ferir as políticas do Telegram sobre o compartilhamento de conteúdo pornográfico. Rapidamente, como sempre acontece, outro foi criado e, hoje, conta com cerca de 70 mil seguidores. As ameaças e o compartilhamento de dados, que vão desde celebridades até estudantes universitários, continuam.

De acordo com ativistas ouvidos pela revista americana Wired, o problema é parecido em países do sudeste da Ásia, leste da Europa e no Oriente Médio. Eles também relatam serem ignorados pelo Telegram sobre o tema, com o caso de Mianmar sendo, apenas, um dos mais graves no que está sendo chamado de “epidemia de doxxing político”.

Casos assim também foram registrados no Iraque, onde grupos milicianos usam o Telegram para obter informação sobre oponentes, e nos protestos a favor da democracia em Hong Kong, em 2019, quando membros do governo buscaram no mensageiro dados sobre manifestantes. Mais recentemente, na Ucrânia, o app foi utilizado para vazar dados de soldados, políticos e outros indivíduos notórios partidários à invasão pela Rússia, enquanto o mesmo também acontece do outro lado, principalmente no que toca a acusação de pertencimento a grupos nazistas.

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Para o pesquisador Aliaksandr Herasimenka, do Instituto de Internet de Oxford, na Inglaterra, não se trata apenas de uma falha nos processos, mas de um posicionamento deliberado. Hayder Hamzoz, fundador da Rede Iraquiana de Redes Sociais, que analisa o uso de plataformas assim no país, a postura é de pouco engajamento, com mesmo pedidos detalhados de remoção e indicação clara de atos de violência, quebras da lei ou de políticas de uso sendo ignoradas pelo mensageiro.

Em resposta à reportagem da Wired, o Telegram afirmou atuar ativamente na moderação de conteúdo nocivo, o que inclui a publicação de informações pessoais. Segundo a empresa, seus moderadores analisam frequentemente o conteúdo de canais públicos e denúncias de usuários, enquanto reforça a ideia de que os materiais compartilhados de forma privada não podem ser acessados.

Fonte: Wired