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Sites pornôs estão usando sistemas de rastreamento da Google e do Facebook

Por| 18 de Julho de 2019 às 11h51

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Sites pornôs estão usando sistemas de rastreamento da Google e do Facebook
Sites pornôs estão usando sistemas de rastreamento da Google e do Facebook

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, Universidade da Pensilvânia e o laboratório Microsoft Research revelou que sites pornográficos utilizam o mesmo software de rastreamento que é usado por Google e Facebook. Os autores do estudo analisaram 22.484 sites pornográficos e descobriram que 93% deles vazam dados para terceiros, inclusive quando acessados por meio do modo oculto dos navegadores. Esses dados apresentam um "risco único e elevado", alertam os autores, pois 45% desses sites indicam a natureza das informações colhidas, como, por exemplo, as preferências sexuais de alguém.

Embora esteja claro que as pessoas estão sendo rastreadas ao visitar sites pornográficos, é o que acontece com esses dados e em quais casos eles podem ser vinculados à identidade de alguém que realmente preocupa. Rastreadores feitos pela Google e suas subsidiárias, por exemplo, apareceram em 74% dos sites pornográficos que os pesquisadores examinaram. Mas a empresa nega que seu software esteja coletando informações usadas para criar perfis de publicidade.

"O fato de o mecanismo de rastreamento de sites para adultos ser tão semelhante a, digamos, o varejo online deve ser visto com enorme atenção", disse Elena Maris, principal autora do estudo e pesquisadora da Microsoft, ao The New York Times, que foi o primeiro veículo a abordar as descobertas do estudo.

A Google, por sua vez, rebateu. "Não permitimos anúncios da Google em sites com conteúdo adulto e proibimos que esse tipo de publicidade personalizada com base nos interesses sexuais de um usuário ou atividades relacionadas online seja usada", disse um porta-voz da empresa também ao The New York Times.

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O Facebook, cujos rastreadores apareceram em 10% dos sites que os pesquisadores analisaram, fez uma negação semelhante ao NYT, embora o código que ele libera para rastrear usuários possa ser incorporado em qualquer site sem sua permissão. Outra gigante de tecnologia norte-americana, a Oracle, cujos rastreadores apareceram em 24% dos sites estudados, por enquanto não quis comentar o estudo.

O tipo de dados coletados pelos rastreadores também varia. Às vezes essas informações parecem anônimas, como o tipo de navegador que você está usando, o sistema operacional ou a resolução da tela. Mas esses dados podem ser correlacionados para criar um perfil exclusivo para um indivíduo, um processo conhecido como "impressão digital". Outras vezes, as informações coletadas são mais reveladoras, como o endereço IP ou o número do telefone.

O estudo, que deve ser publicado na revista New Media & Society, também descobriu que, sem o uso de softwares especializados, é praticamente impossível para os usuários saberem quando um site pornográfico os está rastreando. As políticas de privacidade que podem divulgar essas informações estavam disponíveis apenas para 17% dos 22.484 sites verificados, e os autores observam que, quando essas políticas são oferecidas, elas geralmente são ilegíveis propositalmente para a maioria dos usuários.

Mesmo que as próprias empresas de rastreamento não estejam conectando os hábitos pornográficos dos usuários à publicidade personalizada, há um risco claro de que esses dados possam ser obtidos por pessoas de fora. Nos últimos anos, vários sites adultos como o YouPorn foram atacados, com hackers tendo acesso a e-mails, senhas, nomes de usuários e detalhes do cartão de crédito, já que alguns desses sites exigem pagamento para certos tipos de conteúdo.

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Os autores do estudo concluem que o "vazamento esmagador" de dados de sites pornográficos precisa de atenção urgente. Eles sugerem que a regulamentação governamental poderia ajudar a aplicar novas normas de privacidade e que os usuários devem estar cientes das informações que estão potencialmente revelando.

Batizado de Tracking sex: The implications of widespread sexual data leakage and tracking on porn websites, o estudo completo já está disponível online.

Fonte: The VergeThe New York Times