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Richard Stallman| Celulares são vilões na privacidade, mas GDPR é um bom caminho

Por| 06 de Março de 2019 às 22h15

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Stallman Organization
Stallman Organization

O criador do GNU, primeiro sistema operacional aberto, Richard Stallman, em entrevista ao site do El País, se revelou preocupado com a privacidade dos usuários e da internet como um todo. Durante o papo com o veículo, o programador abordou como os celulares, hoje, minam a segurança dos dados das pessoas, citando, inclusive, casos polêmicos como o do Facebook.

Este assunto, alías, o deixa obcecado. Ele conta que não tem smartphone, aceita que fotos sejam feitas somente depois de prometer a ele que elas não serão publicadas em redes sociais e afirma que sempre suas compras são pagas em dinheiro vivo. “Não gosto que rastreiem meus movimentos”, frisa. “A China é o exemplo mais visível de controle tecnológico, mas não o único. No Reino Unido, há mais de dez anos acompanham os movimentos dos carros com câmeras que reconhecem as placas. Isso é horrível, tirânico", complementa.

Para ele, a GDPR europeia é um caminho correto para tentar solucionar ou minimizar os problemas de privacidade, mas alerta: "Se é possível transportar passageiros sem identificá-los, como fazem os taxis, então deveria ser ilegal identificá-los, como faz a Uber. Outra falha da GDPR é que ela não se aplica aos sistemas de segurança".

Sobre o software livre, Stallman o trata como sua contribuição à luta pela integridade das pessoas. “Ou os usuários têm o controle do programa, ou o programa tem o controle dos usuários. O programa se transforma em um instrumento de dominação”, afirma.

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Ele se deu conta dessa dicotomia quando a informática ainda estava engatinhando. “Em 1983 decidi que queria poder usar computadores em liberdade, mas era impossível porque todos os sistemas operacionais da época eram privados. Como mudar isso? Só me restou uma solução: escrever um sistema operacional alternativo e torná-lo livre”. Foi assim que começou o GNU. Mais de três décadas depois, a Free Software Foundation, que ele mesmo fundou, tem dezenas de milhares de programas livres em catálogo.

“Conseguimos liberar computadores pessoais, servidores, supercomputadores, mas não podemos liberar completamente a informática dos celulares: a maioria dos modelos não permite a instalação de um sistema livre. E isso é muito triste, é uma clara mudança para pior nos últimos dez anos”, diz Stallman. “Os celulares seriam o sonho de Stalin, porque emitem a cada dois ou três minutos um sinal de localização para seguir os movimentos do telefone”, diz. O motivo de incluir essa função, afirma, foi inocente: era necessário para dirigir ligações e chamadas aos dispositivos, mas tem o efeito perverso de que também permite o acompanhamento dos movimentos do portador.

Para finalizar, Stallman disse também que o escândalo do Facebook com a Cambridge Analytica não o surpreendeu. “Sempre disse que o Facebook e seus dois tentáculos, o Instagram e o WhatsApp, são um monstro de seguir as pessoas. O Facebook não tem usuário, tem usados. É preciso fugir deles”.

Fonte: El País