Quibi enviou dados de novos usuários a diversas empresas de publicidade
Por Rafael Arbulu | 30 de Abril de 2020 às 12h14
Um novo relatório de segurança feito pela empresa de estratégia digital Victory Medium revelou que a Quibi compartilhou dados de usuários com diversas plataformas de publicidade digital, como Facebook Ads, Google Ads, Twitter Advertising, entre outras.
De acordo com o conteúdo do relatório, sempre que um novo usuário fazia seu cadastro na plataforma de streaming de conteúdo curto e móvel, um e-mail de verificação era enviado a essa pessoa a fim de que ela confirmasse a autenticidade de seu perfil. Sem o conhecimento dela, porém, a partir da confirmação do perfil recém-criado, dados como e-mail de cadastro do usuário eram compartilhados com pelo menos 12 plataformas diferentes para fins de rastreamento de atividades online.
Em comunicado enviado à Variety, a Quibi afirmou que a situação já foi resolvida: “No instante em que o problema com a nossa página na web foi revelado ao nosso time de segurança e engenharia, nós o consertamos imediatamente. A proteção de dados é essencial à Quibi e a segurança das informações do usuário é a nossa mais alta prioridade”.
Zach Edwards, o especialista que chefiou a pesquisa e o relatório, porém, contesta esse posicionamento, dizendo que não há como a plataforma não ter conhecimento do que estava acontecendo: “É uma decisão extremamente desrespeitosa a de propositalmente vazar e-mails de novos usuários para seus parceiros de publicidade digital, e praticamente não há como várias pessoas dentro da Quibi não só não estarem cientes desse plano, mas também ajudaram a arquitetar essa violação de dados do usuário”. Edwards ainda afirma que, “em 2020, nenhuma nova empresa de tecnologia deveria lançar [um produto] que vaze e-mails de novos usuários confirmados a empresas de advertising e análise de dados”.
É importante ressaltar que a Quibi não é a única companhia mencionada no relatório da Victory Medium, mas Edwards argumenta que o caso dela é o mais evidente, considerando que o serviço foi lançado há pouco menos de mês, muito tempo depois de leis de proteção aos dados de usuários (como a GDPR europeia ou o Ato de Privacidade do Consumidor na Califórnia) passaram a valer.
Segundo o especialista, até o dia 26 de abril de 2020, os e-mails de usuários novos confirmados ainda estavam sendo compartilhados.
Segundo os termos de uso do Quibi, disponibilizados para usuários durante a fase de cadastro, há a ressalva de que a empresa se reserva ao “direito” de compartilhar informações do cadastro com companhias parceiras. Entretanto, o envio de e-mails de usuário, de acordo com algumas leis de privacidade, escapa a essa cláusula por não ser um dado anônimo. Basicamente, dados legalmente distribuíveis remetem a informações que não permitam a identificação pessoal daquele usuário, logo, e-mails não deveriam estar nessa lista.
Fonte: Victory Medium (Medium); Variety; The Verge