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Prejuízo milionário: ignorar IA custa 35% mais caro em vazamentos de dados

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Reprodução/Teiss
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O custo médio de uma violação de dados no Brasil atingiu R$ 7,19 milhões em 2025, um aumento de 6,5% em relação aos R$ 6,75 milhões registrados no ano anterior, segundo o mais recente relatório Cost of a Data Breach (CODB) da IBM divulgado nesta quarta-feira (30).

O levantamento, que celebra duas décadas de pesquisa sobre violações de dados, analisou 600 organizações globais entre março de 2024 e fevereiro de 2025, mostrando que a adoção acelerada da inteligência artificial está criando novas vulnerabilidades ao mesmo tempo em que oferece ferramentas mais eficazes para combater ameaças cibernéticas.

A pesquisa, conduzida independentemente pelo Ponemon Institute e patrocinada pela IBM, entrevistou 3.470 líderes de segurança e executivos com conhecimento direto sobre incidentes de violação em suas organizações, abrangendo 17 setores em 16 países e regiões. Os dados coletados incluem violações que variaram de 2.960 a 113.620 registros comprometidos, oferecendo uma visão ampla do panorama atual de cibersegurança mundial.

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Pela primeira vez em seus 20 anos de existência, o relatório mergulha profundamente na intersecção entre inteligência artificial e segurança cibernética, explorando tanto os riscos quanto os benefícios dessa tecnologia disruptiva. E os achados revelam uma realidade preocupante: enquanto 97% das organizações que sofreram violações relacionadas à IA não possuíam controles de acesso adequados, aquelas que adotaram extensivamente ferramentas de segurança baseadas em IA e automação conseguiram reduzir seus custos médios em até 26%.

Equipes de cibersegurança pressionadas

O aumento de 6,5% nos custos de violação de dados no Brasil para R$ 7,19 milhões reflete uma pressão crescente sobre as equipes de cibersegurança do país, que enfrentam um ambiente de ameaças cada vez mais sofisticado. Esta alta contrasta com a tendência global, onde os custos médios caíram pela primeira vez em cinco anos, para US$ 4,44 milhões, mostrando desafios específicos do mercado brasileiro.

Os setores mais impactados no país expõem a amplitude dos riscos enfrentados pelas organizações. A área da Saúde lidera com custos médios de R$ 11,43 milhões por violação, seguida pelo setor Financeiro com R$ 8,92 milhões e Serviços, com R$ 8,51 milhões. "Nosso estudo mostra que já existe uma lacuna preocupante entre a rápida adoção da IA e a falta de governança e segurança adequadas, e agentes mal-intencionados estão explorando esse vácuo", explica Fernando Carbone, Sócio de Serviços de Segurança da IBM Consulting na América Latina.

Tais números refletem não apenas o valor direto das violações, mas também os custos indiretos associados à interrupção operacional, perda de confiança dos clientes e conformidade regulatória. No setor de Saúde, por exemplo, as violações levam mais tempo para serem identificadas e contidas, com um tempo médio de 279 dias — mais de cinco semanas acima da média global de 241 dias.

Essa complexidade adicional contribui diretamente para a elevação dos custos, já que quanto mais tempo uma violação permanece ativa, maior seu impacto financeiro e operacional.

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IA e automação ajudam a reduzir custos

A adoção de inteligência artificial e automação na cibersegurança está se revelando um divisor de águas para as organizações brasileiras. Os dados do relatório mostram uma clara relação entre o nível de implementação dessas tecnologias e a redução dos custos de violação. Organizações que adotam extensivamente IA e automação seguras reportaram custos médios de R$ 6,48 milhões, enquanto aquelas com implementação limitada apresentaram custos de R$ 6,76 milhões.

O contraste é ainda maior quando analisamos empresas que ainda não utilizam essas tecnologias: nesse caso, os custos médios sobem para R$ 8,78 milhões, uma diferença de 35% em relação às organizações mais avançadas tecnologicamente. Essa disparidade demonstra que a IA e a automação não são apenas ferramentas complementares, mas essenciais para uma estratégia eficaz de cibersegurança.

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Globalmente, organizações que usam IA e automação de forma extensiva reduziram o tempo médio de violação em 80 dias e diminuíram seus custos médios em US$ 1,9 milhão. Essas ferramentas permitem detecção mais rápida de ameaças, resposta automatizada a incidentes e redução significativa no volume de alertas falsos, aliviando a carga sobre equipes de segurança já sobrecarregadas.

No entanto, o relatório indica que apenas cerca de um terço das organizações utiliza essas ferramentas de forma extensiva em todo o ciclo de vida da segurança, sugerindo que ainda há muito potencial de redução de custos através da automação inteligente.

Governança de IA é chave para mudar cenário

O relatório identifica elementos específicos que podem reduzir significativamente os impactos financeiros de uma violação de dados, com destaque para a implementação de inteligência de ameaças e tecnologias de governança de IA. A implementação de inteligência de ameaças demonstrou capacidade de reduzir custos em uma média de R$ 655.110, enquanto o uso de tecnologia de governança de IA proporcionou economia de R$ 629.850 por incidente.

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Essas iniciativas funcionam criando camadas de proteção proativa que permitem às organizações antecipar e neutralizar ameaças antes que causem danos significativos. A inteligência de ameaças oferece visibilidade sobre o panorama global de riscos, permitindo que as equipes de segurança ajustem suas defesas com base em informações atualizadas sobre táticas, técnicas e procedimentos utilizados por cibercriminosos. Já a governança de IA estabelece controles e processos que garantem o uso seguro e responsável de sistemas inteligentes, evitando que se tornem vetores de ataque.

Contudo, a implementação dessas tecnologias no Brasil ainda é preocupantemente baixa. Apenas 29% das organizações estudadas no país utilizam tecnologia de governança de IA para mitigar riscos associados a ataques direcionados a modelos de IA. Mais alarmante ainda é o fato de que 87% das organizações dos país relataram não possuir políticas de governança de IA em vigor, e 61% operam sem controles de acesso adequados à IA.

Esta diferença entre o potencial de economia e a implementação real sugere que muitas organizações estão perdendo oportunidades significativas de redução de custos por falta de conhecimento, recursos ou priorização inadequada dessas tecnologias de segurança avançadas.

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Principais causas de violação de dados no Brasil

O mapeamento das principais causas de violação de dados no Brasil revela um cenário complexo e multifacetado de ciberameaças. O phishing se destacou como o principal vetor de ameaça, representando 18% das violações e resultando em um custo médio de R$ 7,18 milhões por incidente. Essa predominância comprova a eficácia contínua dos ataques de engenharia social, especialmente quando potencializados por ferramentas de IA que permitem criar mensagens mais convincentes e personalizadas em escala.

Outras causas incluem o comprometimento de terceiros e da cadeia de suprimentos, responsável por 15% das violações com custo médio de R$ 8,98 milhões — o mais alto entre todos os vetores identificados. A exploração de vulnerabilidades representa 13% dos casos, com custo médio de R$ 7,61 milhões. Credenciais comprometidas, erros internos acidentais e infiltrados mal-intencionados também figuram entre as principais causas, demonstrando que as ameaças surgem tanto de fontes externas quanto internas às organizações.

Fatores adicionais que contribuem para o aumento dos custos incluem a complexidade do sistema de segurança, que adiciona em média R$ 725.359 ao custo total da violação. O uso não autorizado de ferramentas de IA, conhecido como "shadow AI", gera um aumento médio de R$ 591.400 nos custos, enquanto a própria adoção de ferramentas de IA, apesar de seus benefícios, adiciona um custo médio de R$ 578.850 às violações.

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Esses dados indicam que, embora a IA ofereça benefícios significativos para a segurança, sua implementação inadequada ou não governada pode criar riscos adicionais que se traduzem em custos maiores quando incidentes ocorrem.

Brasil no cenário global de cibersegurança

Quando analisado no contexto global, o Brasil apresenta características distintas que o posicionam como um mercado com desafios específicos no panorama mundial de cibersegurança.

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Enquanto o custo médio global de violações de dados caiu pela primeira vez em cinco anos para US$ 4,44 milhões, o aumento de 6,5% registrado no país contrapõe com essa tendência global de redução, sinalizando pressões locais que podem estar relacionadas à maturidade das práticas de segurança, complexidade regulatória ou características específicas do ambiente de ameaças brasileiro.

No restante do mundo, o relatório revela que 13% das organizações relataram violações envolvendo seus modelos ou aplicações de IA, enquanto 8% não sabiam se haviam sido comprometidas dessa forma. Entre as organizações comprometidas, 97% relataram não ter controles de acesso adequados para IA. No Brasil, os números são ainda mais preocupantes, com 87% das organizações sem políticas de governança de IA, comprovando que o país está ainda mais vulnerável a essa nova categoria de ameaças.

O panorama global também mostra tendências que afetam diretamente o Brasil, como o fato de que 16% das violações estudadas envolveram hackers utilizando ferramentas de IA, frequentemente para ataques de phishing ou deepfake. Com 63% das organizações globalmente se recusando a pagar resgates em casos de ransomware — comparado a 59% no ano anterior — observa-se uma resistência crescente às demandas dos criminosos.

Para o Brasil, esses desenvolvimentos globais representam tanto desafios quanto oportunidades: desafios na forma de ameaças mais sofisticadas e oportunidades na adoção de melhores práticas de segurança já testadas em outros mercados. A posição do país no macrocenário aponta para a necessidade de acelerar a adoção de tecnologias de segurança baseadas em IA e estabelecer frameworks robustos de governança para acompanhar o ritmo das ameaças, que não param de evoluir.

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