Polícia usa IA para "decifrar" comunicação de cibercriminosos
Por Jaqueline Sousa • Editado por Jones Oliveira |

A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente em vários setores da sociedade, inclusive entre autoridades legais como um meio de combate ao crime. A polícia australiana, por exemplo, está criando uma ferramenta cujo objetivo é traduzir emojis e gírias usadas pelas gerações Z e Alpha em discussões online sobre crimes.
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Idealizado pela Polícia Federal da Austrália (AFP), o projeto pretende desenvolver uma ferramenta de IA capaz de identificar termos específicos usados por criminosos em grupos de ódio que, em sua grande maioria, costumam ter crianças e jovens como alvos.
Apelidados de “crimefluencers”, esses criminosos aproveitam o espaço online para atrair menores de idade com discursos de ódio, oferecendo uma comunidade onde os membros planejam ataques reais usando emojis, por exemplo, para driblar ações policiais.
Na visão da comissária da AFP Krissy Barrett, os “crimefluencers” são “motivados pela anarquia e pelo desejo de machucar as pessoas, com a maioria das vítimas sendo pré-adolescentes ou garotas jovens”, o que motivou a polícia australiana a buscar uma alternativa mais eficaz para identificar esses crimes.
IA para combater crimes online
Ainda em fase de desenvolvimento, a IA tradutora que a AFP quer colocar em prática conta com uma equipe especializada no assunto para criar, inicialmente, um protótipo que deve “interpretar emojis e gírias das gerações Z e Alpha em comunicações criptografadas e grupos de bate-papo”, conforme explicado por Barrett ao The Register.
Mais detalhes sobre o funcionamento da tecnologia não foram fornecidos pela polícia australiana até o momento, mas a expectativa é que a ferramenta consiga traduzir termos específicos com base no contexto e na semântica.
Vale ressaltar ainda que a ação da polícia australiana faz parte de uma força-tarefa maior da Five Eyes Law Enforcement Group, uma aliança de inteligência que também conta com Reino Unido, EUA, Canadá e Nova Zelândia. Segundo Barrett, o grupo está trabalhando em conjunto para combater esses crimes digitais.
Desafio de interpretação
Os esforços das autoridades australianas podem enfrentar um desafio nessa empreitada. Afinal, gírias e termos usados pelas gerações mais novas estão em constante mudança, principalmente na era das redes sociais.
Enquanto para você um simples emoji de planta pode parecer apenas um emoji de planta inofensivo, esse ideogramas, tão populares em trocas de mensagem nos tempos modernos, pode significar algo completamente diferente em um contexto criminoso.
Diante desse cenário, a mudança frequente de significados pode dificultar a eficiência da IA para detectar o que seria uma conversa comum de um diálogo com fins maliciosos entre os jovens.
A tarefa, no entanto, pode ser possível, caso a ferramenta consiga “analisar” o contexto em questão com base em treinamentos vindos de dados coletados em redes sociais como o TikTok, por exemplo, plataforma queridinha das novas gerações.
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Fonte: The Register