Golpe do “falso advogado” gera prejuízo de mais de R$ 8 milhões às vítimas
Por Jaqueline Sousa • Editado por Jones Oliveira |

A Polícia Civil do Distrito Federal e de São Paulo se uniram em uma operação para desmontar uma organização criminosa responsável pelo golpe do “falso advogado”. A ação aconteceu nesta terça-feira (4) com a prisão de seis pessoas.
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De acordo com o delegado Henry Galdino Mundim, diretor da Divisão de Falsificações e Defraudações do Distrito Federal, as investigações contra a quadrilha já aconteciam há seis meses. Durante o período, descobriu-se que o grupo esteve por trás de cerca de 30 ocorrências na capital federal apenas na primeira metade do ano.
Os golpes aconteceram em São Paulo, Brasília, Minas Gerais e outros estados do Nordeste, fazendo aproximadamente 100 vítimas com um prejuízo de mais de R$ 8 milhões.
Além da autorização do bloqueio de bens e valores dos criminosos, foram 10 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão ocorridos nas cidades de São Paulo e Guarulhos, em SP.
O que é o golpe do falso advogado?
Como o apelido já sugere, o golpe do falso advogado consiste na ação de criminosos que fingem ser profissionais da área com o intuito de aplicar fraudes.
De acordo com as investigações da polícia, a quadrilha usa ferramentas tecnológicas para selecionar os alvos, partindo para a abordagem logo em seguida. Em determinado momento, os criminosos entram em contato com a vítima alegando vitória na ação movida na Justiça.
É a partir disso que as coisas ficam bastante “estranhas”, já que o falso advogado começa a solicitar uma série de transferências bancárias urgentes para arcar com supostos custos do processo.
Sem tempo para analisar corretamente o caso, os alvos acabam cedendo graças às técnicas de engenharia social usadas pelos criminosos, o que resulta em perdas financeiras altíssimas.
Ação contra a Meta
Diante do prejuízo envolvendo o golpe do falso advogado, a seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) entrou com uma ação civil pública contra a Meta, empresa que administra o WhatsApp, na Justiça Federal.
A ação foi aberta por causa de falhas no processo de desativação de contas do aplicativo de mensagens, cujos perfis continuam ativos mesmo que a linha telefônica em questão tenha sido cancelada.
É nessa brecha que os criminosos costumam agir. De acordo com a presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basílio, a falha da Meta abre espaço para que criminosos apliquem golpes como o do falso advogado, provocando estragos financeiros grandiosos.
Geralmente, depois do cancelamento de uma linha telefônica no Brasil, o número só pode ser passado para frente para outro usuário após um período de 180 dias. Mas não é isso que acontece com a conta do WhatsApp da pessoa que desativou seu número, já que o perfil da rede da Meta continua ativo.
Segundo os especialistas, isso cria uma “janela de vulnerabilidade” para os cibercriminosos, que conseguem acessar os dados do antigo dono para usar a conta e, assim, realizar fraudes.
Como evitar cair no golpe
As ameaças digitais estão à espreita na internet, mas é mais do que possível se proteger desses possíveis ataques com práticas simples de segurança.
Uma delas é sempre desconfiar de mensagens inusitadas chegando no seu WhatsApp, principalmente com pedidos urgentes de transferências bancárias. Para além do golpe do falso advogado, criminosos conseguem usar até mesmo perfis de pessoas conhecidas da vítima para aplicar um golpe, exigindo grandes quantias de dinheiro por uma variedade de razões.
Portanto, verificar o que está por trás do pedido antes de tomar qualquer decisão é fundamental para evitar cair em uma armadilha digital. Mesmo que pareça algo sério e urgente, todo cuidado é pouco para não se tornar mais uma vítima de fraude.
Outra dica, no caso de golpes parecidos com o do falso advogado, é verificar as informações diretamente nos órgãos oficiais. Se a pessoa do lado de lá está dizendo que você precisa pagar uma determinada quantia para arcar com os custos de uma ação judicial, por exemplo, verifique primeiro com a fonte correta antes de tomar qualquer decisão por impulso.
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Fonte: g1 e Consultor Jurídico