Entenda o que são mixers de criptomoedas e por que são usados por criminosos
Por Dácio Castelo Branco | Editado por Claudio Yuge | 17 de Novembro de 2021 às 20h10
Se engana quem pensa que os criminosos só pensam nos golpes virtuais, e não no pós-crime. Todas as fraudes feitas pelos bandidos tem um cuidado enorme para diminuir ao máximo as chances de serem rastreados, e as criptomoedas há muito tempo tem um papel fundamental nesses processos.
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Embora as transações de criptoativos sejam mais seguras e privadas, quando um pagamento é realizado, é possível detectar para qual carteira digital a quantia foi transferida. Sabendo dessa "vulnerabilidade", os criminosos recorrem aos mixers, para limpar os ativos obtidos de forma ilícita e dificultar o processo de rastreamento.
O mixer é um serviço que mistura as criptomoedas de um usuário com a de outros, embaralhando e dificultando seu rastreamento.
De forma resumida, os mixers funcionam da seguinte forma: após uma pessoa enviar os criptoativos para a plataforma que realiza o serviço, as quantias ficam presas, no processo de mistura, por um período fixo de tempo. Passado esse espaço, o usuário recebe a quantia de volta, mas com ativos de outras pessoas, em uma carteira digital nova, nunca utilizada.
Os quatro mais populares
Uma pesquisa da Intel471 levantou quais são os mixers mais populares entre os criminosos, já que são mais confiáveis e eliminam mais traços. Ela achou quatro exemplos notáveis.
Os mixers mais usados pelos criminosos são os seguintes: Absolutio, AudiA6, Blender e Mix-btc. Com exceção do último, todas as plataformas operam na rede Tor para reforçar à privacidade e o anonimato de seus usuários. Todas suportam operações com Bitcoin, Bitcoin Cash, Dash, Ethereum, Ethereum Classic, Litecoin, Monero e Tether.
Um dos dados mais interessantes da pesquisa da Intel471, porém, foi a análise de uma carteira digital pertencente a plataforma Blender, que, entre junho e julho de 2020, esteve envolvida em transações que, somadas, tem valor total de US$3,4 milhões (cerca de R$ 18,8 milhões), mostrando o volume de dinheiro envolvido nesses serviços.
Por fim, é importante frisar que o uso de mixers não é ilegal, e muitas vezes é promovido como uma ação que aumenta a privacidade dos investidores. Nos EUA, porém, caso uma plataforma que realiza esse serviço esteja conscientemente ajudando na lavagem de criptomoedas vindas de crimes virtuais, suas operações serão suspensas por agentes federais.
Fonte: BleepingComputer, Intel471