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China quer ter sistema de avaliação social até o final de 2020

Por| 23 de Novembro de 2018 às 12h33

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China quer ter sistema de avaliação social até o final de 2020
China quer ter sistema de avaliação social até o final de 2020

A China disse estar pronta para implementar um sistema de “crédito social” em sua capital, Pequim, e deve começar a trabalhar com o sistema de ranqueamento de seus cidadãos até o final de 2020. A ideia, segundo a proposta registrada pelo governo, e que deve ser aplicada a toda a nação em algum momento, é que os indivíduos que seguem as regras terão regalias e serão privilegiados, enquanto os problemáticos poderão ter até mesmo sua locomoção e oferta de crédito dificultada.

Os dados serão obtidos a partir de um trabalho conjunto entre agências do governo, órgãos oficiais e também empresas privadas. O resultado será um índice de reputação que, de acordo com a administração pública, durará por toda a vida dos cidadãos e gerará o chamado “canal verde” para os pontuadores acima de um determinado nível, que receberão benefícios.

A ideia também funciona no sentido oposto, com os investigados ou condenados por crimes graves tendo mais dificuldade de locomoção e fazendo parte de uma lista negra compartilhada principalmente entre companhias aéreas, ônibus e trens. Nestes casos, o sistema também permitirá que as autoridades rastreiem esses suspeitos, registrando um histórico de suas atividades e coibindo possíveis tentativas de fuga.

Um sistema semelhante já está disponível também na cidade de Hangzhou, funcionando em caráter de testes com um número limitado de cidadãos e focado, de forma mais específica, na oferta de crédito. Entretanto, por meio do sistema de reputação, a administração pública disse já ter restringido mais de 11 milhões de reservas de voos e quatro milhões de viagens de trem, que seriam usadas por suspeitos ou condenados por crimes financeiros, além de devedores. Enquanto isso, doadores de sangue e trabalhadores voluntários recebem prioridade em linhas de crédito e taxas menores para pagamento.

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Se soa como algo saído da série Black Mirror, é porque a ideia é realmente similar à vista em Nosedive, primeiro episódio da terceira temporada do show. No capítulo, a personagem interpretada pela atriz Bryce Dallas Howard vai à loucura sob o jugo de um sistema online de reputação que envolve todos os aspectos de sua vida, desde as fotos postadas nas redes sociais até brigas com vizinhos e o esquecimento de dar bom dia para o garçom do restaurante. A ficção, claro, é absurda e escrachada, mas tem um belo pezinho na realidade.

O governo de Pequim, entretanto, quer passar longe desse tipo de comparação e acredita que o sistema de crédito social será uma forma de melhor atender aos anseios de sua população de mais de 21 milhões de habitantes, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho das autoridades e empresas de crédito. De acordo com as autoridades, em uma economia que cada vez mais se transporta para o mundo digital, contar com o apoio de empresas privadas nessa empreitada é essencial para o sucesso dela.

Ainda não se sabe como tudo vai funcionar, mas uma ideia possível é atrelar o crédito social aos documentos de identidade que, por sua vez, também deverão estar ligados a um número de celular, a partir do qual os aplicativos e serviços registrarão as informações de convivência online. Questões de privacidade entram no caminho, mas em um país em que a rede é amplamente regulada e vigiada, esse pode nem mesmo ser um impedimento, para começo de conversa.

Fonte: Bloomberg