China nega, mas vazamento indica criação de "armas cibernéticas" estatais
Por Jaqueline Sousa • Editado por Jones Oliveira |

Um vazamento massivo de informações confidenciais da empresa chinesa Knownsec teria exposto cerca de 12 mil arquivos que revelam um suposto envolvimento do governo da China com hackers para ciberespionagem.
- Google declara guerra e processa grupo chinês por golpe bilionário de SMS
- Cibersabotagem em infraestruturas essenciais se torna ameaça crescente
O caso aconteceu no começo de novembro, quando a companhia que atua no ramo de tecnologia teve uma grande quantidade de dados roubados. De acordo com o Hack Read, os vazamentos continham cerca de 95 GB de registros de imigração da Índia, 3 TB de registros de chamadas da operadora sul-coreana LG Uplus e 459 GB de informações do transporte de Taiwan.
Pelo que se sabe até o momento, os arquivos foram removidos rapidamente após o ataque e há outras evidências de que esse roubo possa ter acontecido em 2023. A questão, no entanto, é justamente a possibilidade do envolvimento do governo chinês com ciberespionagem.
Isso porque a Knownsec é uma empresa renomada de cibersegurança na China que costuma trabalhar com órgãos governamentais do país. Logo, a proximidade levantou suspeitas entre os especialistas pela suposta construção de “armas cibernéticas” para espionagem em parceria com o governo.
O vazamento ainda teria incluído dados sensíveis de mais de 20 países, como Japão e Reino Unido, além de uma planilha que detalha ataques digitais a 80 empresas internacionais, a maioria no ramo de telecomunicações.
Como os ataques teriam acontecido
Na teoria, o que estaria por trás das ações de ciberespionagem, segundo os documentos vazados, é um RAT, um trojan de acesso remoto que garante aos hackers controle total do dispositivo infectado sem que a vítima tenha conhecimento.
Os dados roubados também revelaram que os cibercriminosos tinham ferramentas específicas para dispositivos com Android, possibilitando a coleta do histórico de mensagens dos usuários em aplicativos como o Telegram e outras plataformas chinesas do tipo.
Outro recurso que chamou atenção foi um carregador portátil que, apesar da aparência inofensiva, transferia dados de maneira silenciosa do dispositivo da vítima para o sistema dos hackers, enquanto o usuário achava que o aparelho estava apenas carregando.
Governo chinês nega
Questionado acerca da suposta ligação com hackers de ciberespionagem, o governo chinês negou qualquer tipo de envolvimento nas atividades. Em nota, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ainda afirmou que a China não tem conhecimento dessa suposta violação de segurança no sistema da Knownsec.
Foi reiterado também que o país se opõe a todos os tipos de ataques digitais, dentro ou fora do território chinês, combatendo-os com intensidade. O governo, no entanto, não negou que empresas estatais poderiam estar envolvidas em operações voltadas para a inteligência cibernética.
Leia também:
- Ônibus elétricos chineses podem estar na mira de cibercriminosos?
- Spywares governamentais são usados para espionar jornalistas e opositores
- Grupo hacker chinês retorna com backdoors atualizados mirando América Latina
Fonte: Hack Read