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Após aquisição, Audacity é acusado de espionar usuários

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Igor Almenara/Canaltech
Igor Almenara/Canaltech

Um dos softwares de edição de áudio mais populares do mundo está, agora, na mira de acusações de espionagem. O Audacity, disponível gratuitamente para diferentes plataformas e com código aberto, prevê, em sua nova política de privacidade, a coleta de dados dos usuários em um caráter além do necessário para um programa de sua categoria, levando muita gente a, inclusive, taxar a aplicação como um spyware.

As novas regras foram publicadas na última sexta-feira (2) e falam em informações necessárias para o desenvolvimento contínuo da aplicação e resolução de bugs. Para isso, o Audacity passaria a enviar aos desenvolvedores dados como o sistema operacional usado, versão, informações do processador e erros encontrados. Entretanto, com tais telemetrias, também estão informações geográficas dos utilizadores, com o país sendo citado diretamente e obtido a partir do endereço IP.

As novas regras também preveem a necessidade de compartilhamento de dados com autoridades, afirmando que as informações dos usuários do Audacity ficam armazenadas em servidores na Europa e podem ser compartilhadas com o escritório central da empresa, na Rússia. A companhia também fala de pedidos de informação feitos pelos Estados Unidos, que preveem o envio de dados ao governo americano. Para piorar ainda mais as coisas, as políticas também citam o uso destas informações em contatos com “auditores, conselheiros” ou “compradores em potencial”, que não são citados diretamente e, claro, sem exigir autorização expressa dos usuários para isso.

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As mudanças nas regras levaram a críticas da comunidade de código aberto, que chegaram a taxar o Audacity como uma praga e incentivaram sua desinstalação, com o uso de versões mais antigas do software sendo recomendadas. O programa, gratuito, é um preferido entre editores de áudio amadores e podcasters, por trazer todas as ferramentas de edição, montagem e equalização de áudio em um pacote completo e gratuito.

A prova desse sucesso é que, em abril, o Muse Group anunciou a compra da aplicação, como forma de aumentar seu portfólio de app musicais que também inclui nomes populares como StaffPad e Ultimate Guitar. Na ocasião, a empresa também prometeu que o editor permaneceria gratuito, mas desde o começo, as relações entre a comunidade e os novos donos da aplicação não foram das melhores, principalmente após a primeira mudança, na qual aqueles que desejassem realizar alterações no código-fonte do software deveriam concordar que o resultado de seus trabalhos poderiam ser usado pelo grupo, de forma irrestrita e sem compensação aos autores.

Os novos termos de uso também iriam contra a licença GNU GPL, que designa os softwares de distribuição livre como o Audacity. Devido à implementação da coleta de dados, o Muse Group foi obrigado a permitir que o editor seja utilizado, de agora em diante, apenas por maiores de 13 anos; a chamada Licença Pública Geral, na sigla em inglês, indica que aplicações de código aberto não podem ter restrições de uso e devem estar disponíveis a todos.

Outros caminhos

A comunidade pede que os desenvolvedores do Audacity que não estão envolvidos com a Muse Group se separem e iniciem um novo projeto de editor, fora das amarras da empresa. Enquanto isso, a recomendação aos usuários é pela não atualização do software a partir das versões 3.0, lançadas após a aquisição pelo Muse Group e sem os mecanismos de registros de dados — a aplicação não tem um sistema de update automático, mas a opção exige cautela caso falhas de segurança sejam encontradas em versões antigas, expondo os usuários a riscos por conta disso. Outra alternativa, claro, é a busca por outras soluções gratuitas de edição de áudio.

O Canaltech tentou contato com o Muse Group sobre o assunto, mas a empresa não havia respondido até a publicação desta reportagem.

Fonte: Foss Post

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