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10% do lucro da Meta vem de fraudes e produtos ilegais, revelam documentos

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Dima Solomin/Unsplash
Dima Solomin/Unsplash

Jornalistas da Reuters tiveram acesso a documentos que revelam que a Meta, responsável pelo ecossistema de redes sociais do Facebook, Instagram e WhatsApp, teve 10% de seu lucro anual de 2024 vindos de anúncios de golpe e produtos ilegais, totalizando US$ 16 bilhões (R$ 85 bilhões, na cotação atual).

Vários documentos obtidos pela agência de notícias revelaram que, por três anos, a Meta falhou na identificação e mitigação de anúncios que levam clientes a lojas virtuais fraudulentas, golpes de investimento, cassinos ilegais e comércio de produtos banidos. 

Ademais, foi mostrada a baixa preocupação da companhia com os usuários, preferindo focar em seguir lucrando com os anúncios e pagar as multas pela falta de regulação do que tomar medidas mais sérias para parar a atividade: golpistas foram multados pelas suspeitas de fraude, com apenas os identificados como fraudadores com 95% de certeza sendo banidos.

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Golpes na Meta e suas medidas

Segundo a documentação, os usuários que clicam em anúncios de golpes têm mais chances de verem mais conteúdo fraudulento, já que o sistema da Meta personaliza o conteúdo de acordo com os gostos do internauta. Como os suspeitos de golpe não confirmados apenas pagam uma taxa maior pelos anúncios como “punição”, muitos seguem em atividade nas plataformas. 

Os relatórios mostrando esses dados foram elaborados entre 2021 e 2025: Andy Stone, porta-voz da Meta, falou à Reuters em comunicado que os documentos “distorcem a atitude da empresa em relação a fraudes e golpes” e afirmou que a renda reportada de 10,1% seria inflada, já que supostamente incluiu anunciantes legítimos. O número verdadeiro seria menor, mas Stone se recusou a compartilhá-lo com a Reuters.

O porta-voz também relatou que, nos últimos 18 meses, a empresa diminuiu o reporte de anúncios de golpes por usuários em 58%, removendo mais de 134 milhões de mídias com conteúdo fraudulento das plataformas em 2025. Os documentos acessados pela Reuters, no entanto, contêm afirmações de que é mais fácil anunciar golpes nas plataformas da Meta do que no Google.

A empresa, segundo a documentação interna, planeja diminuir o lucro vindo de anúncios ilícitos, mas não de maneira súbita, mantendo os lucros por algum tempo.

As multas regulatórias pelos anúncios custam cerca de US$ 1 bi (R$ 5,3 bi), menos do que os ganhos com o conteúdo fraudulento: o documento acessado pela Reuters diz que a política da companhia seria, então, de agir apenas em resposta a ações regulatórias, ou seja, caso seja forçada.

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Dados de 2023 indicam que, naquele ano, a Meta ignorava a maioria dos reportes de golpe pelos usuários, com 100.000 casos válidos sendo relatados por semana: 96% teriam sido ignorados ou incorretamente rejeitados. A iniciativa de cobrar mais de contas suspeitas de fraude é de 2024.

A empresa possui sistema de “leilão”: para anunciar nas plataformas, negócios passam por sistemas automatizados que calculam as chances do anunciante ter participação em fraudes. Os que ficam acima de um certo número precisam pagar mais para ganhar o leilão.

Isso, segundo documentos, faria menos golpistas pagarem por anúncios, mas os que pagam, desembolsam mais, equilibrando um pouco a receita da plataforma. Segundo Stone, isso diminuiu o relato de golpes por usuários e um pouco do lucro da Meta, mas ainda há um longo caminho para percorrer no combate aos anúncios que se aproveitam da ingenuidade dos usuários.

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Fonte: Reuters