Robôs macios do futuro mudarão de forma conforme a necessidade
Por Gustavo Minari • Editado por Douglas Ciriaco |

Pesquisadores da Universidade de Bath, na Inglaterra, desenvolveram uma nova técnica de revestimento que permite que os robôs macios assumam formas variadas e se movam de maneira mais eficiente. Com esse conceito, será possível determinar o movimento e o comportamento de um sólido não por sua elasticidade natural, mas pela atividade controlada em sua superfície.
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Nesse sistema, em vez de serem governados por um controlador central, os novos robôs poderiam ser feitos de várias unidades ativas individuais, cooperando entre si para determinar o movimento ou a função das máquinas. Isso é semelhante ao funcionamento dos tecidos biológicos humanos, como as fibras presentes no músculo do coração.
“A superfície de um material macio sempre encolhe em uma esfera. Pense na forma como a água se transforma em gotículas: a formação de gotas ocorre porque a superfície e outros materiais macios se contraem na menor área de superfície possível, ou seja, uma esfera. Nossa matéria ativa pode ser projetada para trabalhar contra essa tendência”, explica o professor de engenharia Jack Binysh, autor principal do estudo.
Matéria ativa
Utilizando essa ideia inovadora, os cientistas poderão projetar máquinas macias com braços feitos de materiais flexíveis, alimentados por pequenos robôs embutidos em sua superfície, responsáveis pela deformação e pela movimentação em conjunto de toda a estrutura do bot.
Um bom exemplo disso seria criar uma esfera de borracha ativa envolta em uma camada composta por nanorrobôs. Essas máquinas minúsculas seriam programadas para trabalhar em harmonia para distorcer a bola em uma nova forma pré-determinada, dependendo da situação e do ambiente onde ela será inserida.
“A matéria ativa nos faz olhar para as regras familiares da natureza — regras como o fato de que a tensão superficial tem que ser positiva. Esse trabalho desafia a suposição de que o custo energético da superfície de um líquido ou sólido macio deve ser positivo porque uma certa quantidade de energia é sempre necessária para criar uma superfície”, acrescenta Binysh.
Robôs metamorfos
Os pesquisadores acreditam que com essa nova tecnologia, será possível criar no futuro robôs macios preparados para assumirem praticamente qualquer forma conhecida. Usando essa metamorfose natural, eles conseguiriam fabricar, por exemplo, máquinas capazes de agarrar e manipular materiais delicados com uma eficiência muito maior.
Na próxima fase do estudo, os cientistas pretendem aplicar esse princípio no desenvolvimento de robôs com braços macios, além de observar o comportamento coletivo dessas máquinas para avaliar o que acontece quando vários sólidos fabricados com matéria ativa são colocados em um mesmo ambiente para desempenhar um trabalho em conjunto.
“Se conseguirmos provar esse conceito, será possível adaptar o tamanho e a forma dos robôs revestindo a superfície das nanopartículas com um material ativo e responsivo para criar cápsulas inteligentes, capazes de levar medicamentos até o interior das células do corpo humano”, prevê o professor Jack Binysh.
Fonte: University of Bath