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Twitter anuncia nova versão de sua API para desenvolvedores

Por| 16 de Julho de 2020 às 13h00

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A API (sigla em inglês para “Interface de Programação de Aplicações) do Twitter é provavelmente a mais conectada com seus desenvolvedores independentes, segundo o que a rede social cofundada por Jack Dorsey nos quer fazer acreditar. E eles não estão muito fora da marca quando afirmam isso tão categoricamente: desde a palavra “tweet” e sua versão PT-Br “tuíte” até o sistema de buscas usado pela plataforma até hoje, muito do que se conhece da rede social de microblogs veio graças à sua vasta comunidade de desenvolvedores independentes.

Por isso, faz sentido que a empresa anuncie uma nova versão de sua API, reformulando totalmente alguns problemas vociferados a ela pelos seus desenvolvedores mais atuantes, ao mesmo tempo em que inaugura novos recursos que prometem simplificar a condução processual de criação de novas funções centradas nela. Recentemente, o Canaltech conversou com a equipe interna do Twitter que desenhou a nova API, que foi anunciada hoje já com algumas novidades confirmadas.

“Essa nova API, antes de mais nada, será verdadeiramente ‘Uma API’, no sentido de que desenvolvedores serão capazes de transitar entre os três principais perfis que atendemos hoje”, explica Ian Cairns, diretor de produto e plataforma para desenvolvedores do Twitter. O executivo diz que isso se dá pela dificuldade enfrentada por programadores independentes de ajustar funções da API conforme a finalidade de seus projetos - algo que custava não apenas tempo e exigia uma certa especialização, mas também onerava financeiramente algumas pessoas.

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“Costumávamos cobrar o mesmo valor para acadêmicos, pesquisadores e grandes empresas, o que gerava um volume alto de feedback da comunidade e nos mostrou o quão inflexíveis estávamos sendo”, comentou Priyanka Shetty, gerente de produto da mesma área.

Se você está com dificuldades para entender do que raios estamos falando, calma que você não está sozinho: basicamente, a API do Twitter é uma espécie de “conector” entre as inúmeras funções da rede social com diversos sistemas que não só pertencerem a ela própria, mas também a outros projetos - uns com o cunho de pesquisa acadêmica; outros, uma interface que adiciona funções ao sistema de uma multinacional ou, ainda, um projeto totalmente independente conduzido por uma pessoa sozinha. Isso pode significar muita coisa: além das referências acima, o próprio aplicativo móvel do Twitter é objeto de uma API criada por um desenvolvedor de fora da empresa - antes dele, a rede social era acessível apenas via navegador, digitando sua URL na barra de endereços.

Lembra do TweetDeck? HootSuite? Essas duas aplicações são dois de inúmeros exemplos de softwares terceirizados que usavam a API do Twitter em suas funções primárias.

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Até o fechamento desta matéria, o Twitter trabalhava com três perfis distintos de negócio: o padrão, que remetia ao desenvolvedor independente com um projeto próprio (consequentemente, acesso gratuito a algumas funções da API); o premium (com pagamento de um valor especificado e padronizado pelo Twitter) e, finalmente, o empresarial (valores negociados conforme a medida do desenvolvedor e geralmente direcionado a grandes empresas).

O problema: à exceção do perfil de desenvolvedor independente, o uso da maior parte das funções da API poderia ser cobrado, variando conforme o tamanho do projeto. E essa cobrança era costumeiramente igual entre acadêmicos e grandes empresas. Evidentemente, há uma disparidade nisso: empresas possuem orçamentos - em alguns casos, milionários - enquanto entidades acadêmicas geralmente dependem de doações ou estão a serviço de uma instituição, como universidades.

“O que estamos fazendo agora é abrindo boa parte dos recursos disponíveis em nossa API para todos, sem exceção: o nível básico de acesso agora será uniforme para todos os perfis, e as funcionalidades da API ajudarão desenvolvedores a compreenderem melhor as conversas públicas da plataforma, como medir o desempenho de um tuíte - isso também será aberto para todo mundo”, explica Ian.

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De fato, pela nova API, não haverá “um” perfil no qual você deverá se encaixar, mas sim uma capacidade escalável: empresas que não necessitem de tantas funções disponíveis poderão reduzir seus custos conforme uso, ao passo que desenvolvedores independentes que tenham algum orçamento para dedicar a algumas funções a mais em seus projetos poderão também contratar a “parte paga” da API.

Esse projeto de reformulação começou há dois anos, de acordo com os dois especialistas. De lá para cá, o Twitter entrevistou diversos desenvolvedores, inaugurou fóruns de discussão e feedback e conduziu pesquisas por todo o mundo, algumas até presenciais nos escritórios da empresa em São Francisco, nos EUA.

Com base em todas as informações que coletou, o Twitter elaborou uma documentação para uso de suas APIs totalmente nova, além de conduzir, desde 2019, o Twitter Developer Labs, um canal específico para desenvolvedores em que a empresa comunica suas mudanças e atualizações sem se esconder em canais fechados: "Nós decidimos tornar público o nosso planejamento e vamos atualizá-lo de forma pública e transparente, já que um feedback que tivemos é o de que os desenvolvedores querem uma maior clareza em relação a nossos planos e como isso impacta o que eles estiverem construindo por meio de nossa API”, explicou Priyanka.

Por isso, o Twitter decidiu universalizar o acesso à documentação de sua API: segundo o feedback recebido pelos desenvolvedores, o sucesso ou fracasso de projetos envolvendo o material dependia do quão bem recebidas eram as informações técnicas de documentos de uso. E nisso entra o novo portal para desenvolvedores, um ponto de encontro onde todo esse material está disponível publicamente: “essa nova página tornará bem mais fácil a vida dos devs que quiserem começar seus trabalhos com a API: ele trará uma melhor compreensão dos primeiros passos e como encontrar a documentação certa, esse tipo de coisa”, explicou Ian.

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Escuta Social

Um dos pontos principais da nova API é a questão da escuta social, que permite que acadêmicos e outros desenvolvedores meçam diferentes abordagens de assuntos variados com base na reação do público a eles dentro da rede social. Imagine um assunto que esteja em tendência no Twitter. Agora imagine que desenvolvedores querem medir o volume de tuítes sobre ele, ao mesmo tempo em que analisam se a recepção a dito assunto é favorável, neutra ou contrária. Vá mais a fundo e tente imaginar como você coletaria, em tempo hábil, toda a sorte de argumentação de milhares de tuítes sobre esse assunto.

Essa é basicamente a ciência por trás do Social Listening, um ponto importante na pesquisa de qualquer entidade que busque medir o desempenho de qualquer coisa na esfera pública da internet. Por isso, o Twitter quer inaugurar três linhas distintas de produto na nova versão de sua API:

  • A linha padrão, que será a primeira parte a ser disponibilizada no lançamento, servirá para a maioria dos desenvolvedores, com acesso mais elevado sendo implementado a ela no futuro. Aqui, tanto o dev de primeira viagem como o profissional veterano poderão trabalhar em projetos próprios, destinados a uma empresa ou pesquisa acadêmica ou ainda por uma causa em que acredite.
  • Além disso, a linha voltada à pesquisa acadêmica (que será implementada “no futuro”, segundo a empresa) contará com ferramentas específicas que facilitarão a vida de instituições que busquem conduzir pesquisas de público por meio do Twitter. Aqui, a empresa também promete uma futura elevação a ferramentas além do nível básico de acesso, no futuro.
  • Finalmente, a linha de negócios permitirá (também quando for implementada) a empresas um melhor engajamento com seus respectivos públicos e uma compreensão mais detalhada sobre os dados inerentes ao setor corporativo (Enterprise Data).
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Vale lembrar que o Twitter está se precavendo e formalizando o anúncio da API hoje, abrindo o acesso antecipado a ela futuramente. O time de comunicação da rede social ressaltou para nós que, eventualmente (sem precisar uma data específica), essa nova API vai substituir completamente a versão anterior, forçando aqueles que ainda não adotaram a nova versão a fazerem a devida migração. Porém, a empresa ainda quer implementar mais algumas funções mais fixas e, acima de tudo, gratuitas para todos os formatos de acesso listados acima.

No geral, o Twitter afirma o desejo de simplificar o trabalho do desenvolvimento independente de sua API. Considerando o tanto de aplicações que a usam e trouxeram inúmeras funcionalidades posteriormente incorporadas na plataforma oficial, é de se entender o porquê desse apreço pela comunidade.

Resta saber se ela será bem recebida por quem usa estes recursos. Por enquanto, parece que tudo vai correr bem.