Perfis que incentivam transtornos alimentares proliferam no Instagram
Por Wagner Wakka | 12 de Dezembro de 2018 às 22h30
O Instagram está travando (e perdendo) uma luta contra um problema muito sério na plataforma: incentivo a transtornos alimentares, principalmente a bulimia e a anorexia. A companhia emite alertas e oferece apoio para usuários que procuram pelos termos associados a essas condições na rede social já desde 2012; contudo, por conta de um aumento na quantidade de perfis que incentivam estas práticas, a companhia está fechando o cerco sobre o assunto.
Há seis anos, usuários que procuram por termos como bulimia, anorexia e desordens alimentares recebem uma notificação em que o Instagram incentiva a pessoa a procurar ajuda profissional. No entanto, engenheiros da plataforma começaram a perceber que há um aumento do compartilhamento de hashtags voltadas para a divulgação da anorexia — e não no sentido de combate à desordem.
Entre elas está a #proana, uma abreviação de pró-anorexia. Dessa forma, para burlar o filtro do Instagram, tais usuários estão usando variações do termo, como a abreviação “ana”. Entre as variantes estão #anorexie e #anaismyfriend (“anorexia é minha amiga”, em tradução literal). Assim, o Instagram passou a adicionar o alerta também para a procura por estas hashtags. Junto disso, a companhia informou também que, caso seja identificado que o usuário está usando variações destas hashtags de apoio a tais desordens, a plataforma também vai retirar estes termos das recomendações.
Mas quem quer, sempre dá seu jeito de burlar as rédeas curtas. Desta forma, variações de hashtags surgem constantemente, e entre elas está a #thinspo, mistura da palavra "thin" com a abreviação de "inspiration", significando que ser magro é uma inspiração. Semelhante a esta é a #bonespo, com "bones" fazendo alusão aos ossos aparentes de uma pessoa extremamente magra.
A proliferação destes termos na plataforma é um sério problema para o Instagram. Isso porque a rede social não tem moderadores humanos para remover estes post ativamente. Assim, a é preciso que os próprios usuários da rede social denunciem tais postagens para a plataforma. E como estas publicações circulam em um nicho de pessoas que apoiam este tipo de ação, raramente as deúncias acontecem, sendo que as postagens se mantêm na plataforma.
O Instagram, em nota, disse à BBC que reconhece que o problema requer que pessoas que lutam contra transtornos alimentares e de autoimagem recebam apoio da plataforma. Dessa forma, “nós, portanto, vamos além de simplesmente remover o conteúdos e suas hashtags, e vamos adotar uma abordagem holística oferecendo opções de páginas e conteúdos com dicas, como conversar com amigos ou buscar diretamente grupos de apoio”, disse o instagram.
No Brasil, há o Grupo de Apoio dos Distúrbios Alimentares (GATDA), o qual oferece suporte para pessoas com transtornos alimentares, como anorexia, bulimia, entre outros. O GATDA pode ser consultado pelo site oficial ou pelo telefone (11) 3865-8609.
Fonte: BBC