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Inspiradores | Influencers mostram que nanismo é só um detalhe

Por| 22 de Abril de 2020 às 16h50

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Inspiradores | Influencers mostram que nanismo é só um detalhe
Inspiradores | Influencers mostram que nanismo é só um detalhe
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Ao utilizar as redes sociais, muitas pessoas seguem os famigerados digital influencers, em busca de um conteúdo que mostre o estilo de vida e inspire de alguma forma, nem que seja a comprar um determinado produto ou apostar em determinada marca. Acontece que esses profissionais das redes sociais tiveram uma ascensão além do compreensível, revolucionando todo o mercado que nos rodeia, e impactando diversas áreas da nossa vida.

No entanto, em meio a isso, alguns influencers se destacam por um conteúdo verdadeiramente autêntico e por pertencerem a uma minoria que não costuma ser vista em outras mídias, acabando sem voz. Tendo isso em mente, o Canaltech resolveu fazer um especial com influencers inclusivos e inspiradores, que mostram para o público sua realidade e geram identificação por parte das outras pessoas que pertencem às mesmas minorias. Neste caso, apresentamos uma galera que traz à tona o nanismo.

Rebeca Costa

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O nanismo é só um detalhe. É com essa frase que a influencer e modelo Rebeca Costa vem rompendo tabus e mostrando um pouco mais de sua realidade. No ano passado, ela desfilou na São Paulo Fashion Week e rodou o Brasil com palestras motivadoras. Em entrevista ao Canaltech, Rebeca conta que a ideia de utilizar as redes sociais como um espaço para trazer o nanismo em pauta teve início em 2015. Logo nos primórdios de seus canais de comunicação, o intuito era mostrar o nanismo de forma real e positiva, mostrando de fato todas as batalhas de forma leve e não pejorativa.

"Sem risadas, comédias e também sem negativismo, sem o ar triste. Eu quero mostrar a minha vida como é. Deixei que a vida me trouxesse obstáculos e desafios de maneira natural. O looklittle hoje demanda muito tempo, equipe e pensa sempre em presentear a sociedade com informações úteis sobre este tema", a digital influencer afirma.

Questionada se, mesmo com essa frase do nanismo ser apenas um detalhe, as pessoas costumam resumir muito a sua personalidade ao nanismo, sem dar atenção a outras informações sobre a sua vida, Rebeca conta: "O nanismo é um tipo de deficiência que expõe nossa altura, e a primeira coisa que as pessoas observam em nós é a altura. É algo que fica evidente. Quando digo que o nanismo é um detalhe, é porque nós que temos nanismo somos mais que nosso tamanho, não somos descritos por um número, vamos além disso. Eu tenho nanismo. Faz parte de mim, mas ele não é meu todo. É como minha beleza, personalidade, princípios e afins".

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Em seguida, Rebeca fala sobre como percebe que tem sido o impacto da sua influência sobre outras pessoas com nanismo, e qual é a sensação de inspirar e gerar identificação nessas pessoas: "Isso é o que me motiva a continuar. Todos os dias recebo depoimentos de pessoas que começaram a reconhecer sua identidade, que foi destruída por todo o achismo da sociedade. O impacto é diário e todos os dias eu fico chocada, feliz, surpreendida... e não me canso de trocar essas experiências saudáveis".

A criadora de conteúdo ainda reitera: "As pessoas acham que eu acrescento na vida delas quando na verdade é na minha vida que é acrescentado. Sou eu que me tornei uma mulher melhor quando cruzei o caminho dessas pessoas. Eu me sinto honrada por ver compartilharem meus depoimentos e isso gera um impacto muito positivo em mim".

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No entanto, se por um lado há uma gama de pessoas que apoiam o trabalho da influencer e abrem a mente para as diferenças, outras usam o espaço destinado aos comentários para disparar dizeres negativos e preconceituosos nas suas publicações. Mesmo assim, Rebeca não se deixa abalar. "A carga positiva é tão grande que esses tipos de comentários se tornam invisíveis. Rola muito mais fetiche da mulher com nanismo do que o negativismo. Você exala para o mundo aquilo que você está cheio e recebe de volta e, eu tenho orgulho em dizer que recebo coisas boas", revela.

Rebeca Costa acredita que as redes sociais têm colaborado com a redução do preconceito contra pessoas que possuem nanismo e trazido mais informação, justamente porque pessoas que viviam escondidas na sociedade estão se expondo para ajudar pessoas que não se encontram. "Um dos motivos em que eu me encontrei foi exatamente para fazer com que as meninas que não se encontravam em digitais influencers compartilhassem comigo essas experiências, e se sentissem mais aceitas. Meu trabalho nasceu para desmistificar a influência pesada de um padrão feminino", a modelo disserta.

Por outro lado, Rebeca faz um alerta, ao ser questionada se existem aplicativos, dispositivos ou inovações tecnológicas que ajudam pessoas com nanismo em tarefas do dia a dia, ela é enfática: "Não existem. Tudo relacionado a nanismo é teórico, nada prático. Até as leis deixam de sair do papel. Existe uma lei aqui em Niterói em que os políticos preferem pagar as multas de rebaixar caixas eletrônicos do que de fato cumprir essa lei. Não existem muitos recursos para pessoas com nanismo, quem dirá aplicativos de tecnologia", dispara.

Rebeca conta que transformou o seu hobby (as redes sociais) em profissão para poder criar uma luz no fim do túnel para as meninas que não se sentiam representadas. "Eu quis ser espelho de maneira saudável e mostrar que elas são únicas. Elas não têm que ser igual a mim, elas têm que valorizar a própria identidade. O meu maior objetivo é desconstruir tudo aquilo que achavam que o nanismo era, desmistificar o achismo e conceituar de maneira saudável e real o que ele representa. Apenas um detalhe. Mostrar que somos seres humanos comuns e quebrar tabus, fazer o respeito como base e trazer empatia. A ideia é reconstruir o significado do que é o nanismo para a sociedade".

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Mateus Baptistella

O influencer e humorista Mateus Baptistella compartilha do mesmo ponto de vista de Rebeca quando afirma, logo em sua bio do Instagram, que o nanismo é apenas um detalhe. Em sua página, intitulada Virei Adulto, Mateus une mais de 1 milhão de seguidores.

Sobre como foi esse processo de transformar as redes sociais em sua profissão, Mateus conta que simplesmente foi ocorrendo, sem pretensão. "Na verdade, aconteceu naturalmente, eu uso instagram desde que surgiu, em 2011, e no começo lembro que postava fotos de paisagem, e com o tempo que fui mudando o conteúdo postando fotos de look. Foi quando veio a primeira oportunidade de fazer publicidade".

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Mateus conta que as pessoas costumam resumir muito a sua personalidade ao nanismo, sem dar atenção a outras informações sobre a sua vida. "Um exemplo é quando não sabem meu nome. Nunca me chamam pela cor do meu cabelo, ou simplesmente me chamam pelo gênero masculino. As pessoas sempre falam 'tem um anãozinho esperando', 'é um anão', ou ainda 'Ô, anão! Vem aqui'", observa o criador de conteúdo.

"As pessoas sempre pré-julgam a gente pelo nosso tamanho, e acham que não temos capacidade para nada por sermos baixos. Mas com as redes sociais elas percebem que temos uma vida normal, igual a elas, trabalhamos, namoramos, temos filhos e levamos uma vida comum", conta.

Apesar disso, Mateus percebe um grande impacto da sua influência sobre outras pessoas com nanismo. "Teve um caso bem legal uma vez: uma mãe, durante a gravidez, descobriu que o filho ia ter nanismo, e ficou desesperada, Aí uma amiga indicou o meu instagram para ela, e ela começou a me acompanhar e perceber que eu sou uma pessoa normal, trabalho, estudo, saio com os amigos e o principal: sou feliz! Daí, em minha homenagem, ela colocou o nome no filho de Mateus", relembra o influencer.

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Antes de ser influencer, Mateus conta que sempre gostou do ator Peter Dinklage, que interpreta Tyrion Lannister em Game of Thrones. O ator também tem nanismo, e já integrou o elenco de diversas produções de Hollywood, como X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, por exemplo. "Eu acho ele incrível e até brinco que sou filho dele".

Por fim, Mateus conta qual é a importância de romper os tabus e de mostrar para as pessoas que o nanismo é só um de muitos aspectos que envolvem alguém: "Para mim, a principal importância é mostrar para pessoas que eu sou normal, e que meu tamanho não define quem eu sou, porque o que realmente importa é o meu caráter, meu coração. E isso eu tenho certeza que são grandes".