Publicidade

Herdeiro do trono saudita é acusado de invadir Twitter para caçar opositores

Por| 02 de Setembro de 2020 às 10h51

Link copiado!

REUTERS/Charles Platiau
REUTERS/Charles Platiau
Tudo sobre Twitter

Uma investigação das mais complexas acaba de revelar planos obscuros de líderes sauditas para mitigar a opinião popular nas redes sociais, mais precisamente no Twitter. De acordo com publicação no Wired, Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro e um dos principais membros da família real saudita, teria se infiltrado no microblog para silenciar posts de opositores nas redes sociais.

Tudo começou quando, em 2014, o então rei Abdullah, estava prestes a morrer e as especulações sobre sua sucessão começaram. O principal e que teve origem no Twitter, era de que Salman possuía algum nível de demência e que isso poderia atrapalhar na escolha de seu clã para assumir o trono da Arábia Saudita. Desde então, Salman agiu para mitigar esses boatos e, hoje, com Salman bin Abdulaziz Al Saud no comando, as coisas, pelo menos sob seu ponto de vista, funcionaram.

O Twitter funciona de maneira irrestrita na Arábia Saudita e isso permite que a população jovem, grande maioria no país, possa acessar o microblog e emitir opiniões. Como em toda ditadura, o grande medo dos governantes é de uma rebelião de seu povo e isso, claro, deve ter motivado Salman a agir nas sombras.

Continua após a publicidade

A ação

A investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos chegou à conclusão de que Salman determinado a garantir o destino de seu pai e sua própria popularidade entre a juventude saudita, fez Bader al-Asaker, o chefe da fundação privada do príncipe, iniciar um esforço de anos para silenciar e "desmascarar" as críticas feitas a ele e sua família no Twitter. Um processo judicial ainda está em andamento, mas a acusação afirma que o esforço começou com uma estratégia convencional: suborno. (Os promotores entraram com documentos de acusação revisados ​​neste verão, rejeitando uma acusação anterior em uma ação processual e substituindo-a por acusações atualizadas.)

Ajudinha interna

De acordo com o processo, Asaker se encontrou com Ahmad Abouammo, um egípcio-americano que tinha um cargo importante no Twitter e chefiava os negócios e parcerias com o Oriente Médio. Os encontros, claro, aconteceram mais vezes e, mediante subornos e presentes, Abouammo ajudou o herdeiro saudita a identificar e silenciar seus opositores no Twitter. As cifras ultrapassariam os US$ 300 mil.

Continua após a publicidade

Apesar de importante dentro da empresa, Abouammo não tinha habilidades técnicas para ajudar o príncipe saudita como ele precisava. Então, mais uma pessoa de dentro do Twitter acabou trabalhando para Salman: um jovem chamado Ali Alzabarah, também saudita, mas criado nos Estados Unidos.

Abouammo tinha habilidade técnica limitada, e uma única toupeira dificilmente era uma maneira confiável de garantir acesso consistente às informações privadas dos usuários do Twitter. Asaker encontrou um espião melhor, de acordo com os arquivos do Departamento de Justiça. Por sorte, o Twitter contratou um jovem saudita ultrapatriota chamado Ali Alzabarah, que foi educado nos Estados Unidos, mas com uma bolsa paga pelo governo da Arábia.

Embora o trabalho de Alzabarah envolvesse a manutenção de sistemas para manter o Twitter funcionando adequadamente, sua posição na empresa permitia que ele tivesse acesso às informações privadas de muitos usuários, incluindo seus números de telefone, endereços de e-mail e endereços IP. Isso significava que, em alguns casos, Alzabarah poderia não apenas ajudar a desmascarar um crítico anônimo do regime, mas também apontar a localização da pessoa. Ele, então, começou a usar sistemas internos do Twitter para vasculhar as informações da conta de mais de seis mil usuários do microblog.

Continua após a publicidade

Desfecho distante

Por ser um caso que envolve um país mais fechado, o Departamento de Justiça ainda precisa colher mais informações antes de tomar atitudes mais precisas. De acordo com o Wired, todos os nomes envolvidos no caso não se manifestaram, incluindo Abouammo, que já deixou o Twitter.

Fonte: Wired