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Facebook é intimado por ferramentas discriminatórias em seu sistema de anúncios

Por| 20 de Agosto de 2018 às 22h30

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Durante o último fim de semana, o Facebook se tornou mais uma vez alvo do governo dos Estados Unidos. Dessa vez o reclamante é o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, que afirma que o Facebook está permitindo que os anunciantes da plataforma discriminem certos usuários utilizando ferramentas que a empresa diz ter eliminado em 2016.

O Departamento alega que as ferramentas de seleção de público do Facebook Ads permitem que apenas usuários de certas raças, gêneros, religiões e condições familiares visualizem anúncios de venda e locação de imóveis. A ação acusa o Facebook de permitir que o anunciantes possam expressar preferências ilegais de público a partir das ferramentas discriminatórias fornecidas pela rede social sob a denominação de “público alvo”. O Departamento ainda é categórico ao afirmar que essa é uma enorme violação do Ato de Moradia Justa.

Além da ação do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, o Facebook recebeu ainda uma intimação de advogados da Aliança Nacional para uma Moradia Justa, que acusam as ferramentas de anúncios do Facebook de permitirem que as pessoas que estão vendendo ou alugando uma casa discriminem certos tipos de clientes, impedindo-os de até mesmo visualizarem seus anúncios.

Problema antigo

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Essa não é a primeira vez que o Facebook tem problemas com sua plataforma de anúncios. Em 2016, o Facebook afirmou que havia desabilitado o recurso para definir grupos étnicos como alvo ou não de uma publicidade. Ainda que a plataforma não permita que os usuários se identifiquem como pertencentes a um grupo étnico específico, ela aparentemente os separava em grupos do tipo com base nos assuntos de interesse de cada usuário. Um dos exemplos mais óbvios dessa separação foi quando o Facebook divulgou para cada grupo étnico da plataforma uma versão diferente do trailer do filme Straight Outta Comptom: A História do N.W.A. Ainda no mesmo ano, a empresa anunciou que iria desabilitar a opção de direcionamento para grupos étnicos em alguns tipos de anúncios, como os imobiliários, de vagas de emprego e de empresas de crédito.

Mas o Facebook ainda fornece muitas ferramentas para aqueles que querem discriminar uma minoria. Por exemplo, a plataforma permite que os anunciantes definam que o anúncio de uma casa para locação apareça apenas para gêneros específicos, ou até mesmo que o anúncio só apareça para membros de uma religião em específico. Também é possível fazer com que pessoas que demonstram interesse em termos relacionados à necessidades especiais, como “linguagem libras” ou “cadeira de rodas”, não possam visualizar um anúncio, ou ainda permitir que apenas pessoas que não possuem filhos, ou que os tenha a partir de uma certa idade, possam visualizar um determinado post patrocinado.

Além disso tudo, é ainda possível que um anunciante escolha endereços e regiões onde um anúncio não será veiculado, o que pode ser usado para discriminar qualquer pessoa que viva num bairro mais pobre ou de minorias sociais — que é exatamente o tipo de exclusão que o Facebook diz ter tentado evitar ao mudar suas regras para anúncios em 2016. E de acordo com um teste feito pela agência de jornalismo investigativo independente ProPublica, até novembro de 2017 ainda era possível criar anúncios imobiliários com a opção de segmentação para grupos étnicos.

Caso o processo corra até o final, o Facebook pode ser considerado culpado por qualquer discriminação cometida por anunciantes dentro da plataforma. Ainda que a empresa tenha tentado se defender com a alegação de que era apenas o meio e que não tinha nenhuma responsabilidade sobre a mensagem publicada, comparando o sistema de anúncios da rede social a um anúncio de jornal, o argumento foi rapidamente desqualificado pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano.

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O Departamento observa que a comparação entre anúncios é equivocada, pois, ainda que uma loja de materiais esportivos possa anunciar no caderno de esportes de um jornal, o jornal não tem o poder de evitar que o caderno de esportes seja aberto apenas por pessoas de certa etnia.

Fonte: The Next Web