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Artifact | Novo app de criadores do Instagram não é bem uma rede social

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 18 de Fevereiro de 2023 às 09h00

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Reprodução/Artifact
Reprodução/Artifact

A Artifact é uma plataforma desenvolvida pelos criadores do InstagramKevin Systrom e Mike Krieger —, foi anunciada como rede social e com a promessa de sacudir o mercado editorial e de mídias digitais. O que se vê no momento, contudo, é algo mais parecido com um simples agregador de notícias sem uma pegada social. Sobra informação, mas falta algum toque especial.

O nome da plataforma é a junção de duas palavras: articles (artigos, em português) com facts (fatos, em português). Como a proposta é voltada para o jornalismo, a nomenclatura parece muito adequada à proposta inicial.

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O Canaltech teve acesso antecipado a uma versão de testes da ferramenta e você confere agora como foi a nossa experiência com o app. As impressões aqui postadas são do modelo atualmente disponível e podem mudar no futuro, caso sejam feitas alterações ou otimizações na plataforma. Será que a rede social será uma mistura de TikTok com notícias em texto? Tem chance de rivalizar com as grandes do mercado? Confira a análise na íntegra.

Visual

A primeira coisa a se considerar é a identidade visual do projeto, afinal ele está presente em toda a plataforma. O ícone do app é um asterisco, um símbolo usado para ressaltar algo em letrinhas miúdas em propagandas e contratos. Curiosamente, a representação já está adaptada ao Material You no Android, o que significa que as cores ficam alinhadas ao tema escolhido.

Outra vantagem é o uso do tema escuro. Embora este seja um recurso comum no mercado, principalmente nas redes sociais, era algo inesperado em uma plataforma ainda em fase de testes fechados.

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A interface é muito limpa e padrão das plataformas de mídia social modernas: uma barra de ferramentas na parte inferior, um feed central e uma parte superior destinada a guias, que lembra bastante o TikTok. No caso da Artifact, a parte superior tem uma barra de pesquisa que ocupa a largura quase inteira da tela, dividindo espaço apenas com um ícone de notificações (sino).

É tudo intuitivo, com ícones autossugestivos e uma aparência moderna. Qualquer pessoa que já navegou no Facebook ou no Instagram estará bem familiarizada com a proposta.

Configuração da Artifact

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Assim que o app é aberto pela primeira vez, a plataforma pede para o usuário definir quais temas são do seu interesse. Não há como avançar para a tela inicial sem escolher ao menos 10 assuntos para seguir, tais como Startups, Crypto, TV e Cinema, Inteligência Artificial, Gadgets, Viagens, Apps e Jogos.

Feito isso, a plataforma pede que o usuário leia 25 artigos em até duas semanas para calibrar o algoritmo. Este momento vai definir quais conteúdos serão entregues para a sua conta, então é bom focar nos assuntos de maior interesse.

Não existe um sistema de login nem credenciais de acesso, pois todos os dados são processados no celular. Dessa forma, você precisa vincular um número de telefone nas configurações (ícone de engrenagem) se quiser recuperar seu perfil da Artifact. Em três tentativas, o sistema não funcionou, o que pode indicar a falta de finalização ou incompatibilidade momentânea com o mercado brasileiro.

Navegação

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Navegar pela rede social é algo básico, porque só há três opções disponíveis. Um ícone de casinha mostra a home, ou seja, a tela principal com o feed das notícias. É ali onde as ações estão concentradas, com artigos exibidos ao lado de uma miniatura e a quantidade de pessoas que leram aquele conteúdo.

O ícone do planeta leva o usuário para a aba "Headlines" (Manchetes, em português) que traz alguns temas atuais agrupados. Nessa área, não há como separar os assuntos de interesse, porque é feita uma curadoria da equipe da Artifact sobre notícias em alta.

A terceira aba é o ícone de um bonequinho, cujo propósito é abrir as informações do perfil. Ali é possível ver quantos artigos faltam para completar os 25, a quantidade de dias em sequências que o usuário leu notícias, a opção de "Ler Depois" — que só funciona quando você abre um artigo — e um "Histórico de Leitura".

Em cada artigo, é possível realizar algumas ações básicas, como silenciar aquele site (interrompe o envio de notificações) ou esconder novas publicações. Também dá para relatar erros à plataforma ou copiar o link para enviar em outro local. Uma vantagem é o Reader Mode, que extrai o texto original da página para exibi-lo em uma interface limpa, sem anúncios e adaptada à tela do celular.

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Artifact é rede social?

Infelizmente, ao menos por enquanto, a Artifact não pode ser considerada uma rede social porque não há nenhum elemento de socialização nela. Toda interação é feita entre o usuário e o app, sem nenhum contato com outras pessoas. O que chega mais próximo é um contador de leituras, algo que ajuda a entender se o artigo está bombando ou não.

Não existe um botão de criar posts, curtir publicações ou um campo de comentários. Também é impossível compartilhar os conteúdos mais interessantes, como seria desejado em uma plataforma de leitores.

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Curiosamente, existe um botão de polegar para baixo do menu do artigo que pode representar uma espécie de dislike. Ao clicar ali, a ferramenta deve exibir menos conteúdo similar — embora não esteja claro qual o critério usado. A opção de dar like não existe aqui, logo fica calibrar o algoritmo positivamente.

Vale a pena usar a Artifact?

Por enquanto, é difícil recomendar o uso da Artifact, principalmente para os brasileiros. O aplicativo é todo em inglês, sem a opção de escolher outro idioma, o que impede o consumo por quem não fala o idioma estrangeiro.

As notícias também são todas de sites gringos, sempre escritas em inglês. Todos os principais veículos de comunicação parecem estar por lá, seja da grande mídia ou da especializada. Há uma opção solicitar a inclusão de conteúdos, mas ainda é cedo para saber se ela está funcionando.

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Falta algo para diferenciar a Artifact de um mero agregador de notícias, um quê de elemento social para convencer. O Google Notícias e o Discovery enviam sugestões diárias de leitura para o meu celular com mais eficácia e em português. Já a Artifact ainda não faz isso com precisão, mesmo com a leitura dos 25 artigos obrigatórios.

Como esta é uma versão inicial, fica a esperança de o serviço adicionar mais mecanismos de interação e recursos exclusivos. Se isso não ocorrer, a chance de flopar no é muito grande, o que é uma pena, afinal o mundo vive um delicado momento de desinformação e fake news, impulsionadas justamente pelas redes sociais.