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Tudo o que você precisa saber sobre Jessica Jones, a nova série da Marvel

Por| 16 de Novembro de 2015 às 11h15

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Tudo o que você precisa saber sobre Jessica Jones, a nova série da Marvel
Tudo o que você precisa saber sobre Jessica Jones, a nova série da Marvel
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Nem todo mundo leva jeito para ser super-herói. Apesar dos poderes e da boa vontade, essa vida de combate ao crime e de salvar o planeta não é para todos e, em alguns casos, é preciso pendurar a capa e o uniforme para tentar seguir uma vida normal — ou algo muito próximo disso. Mas o que acontece quando um desses heróis decide se aposentar? Pois é exatamente isso que Jessica Jones vai nos responder.

A nova série da Marvel chega à Netflix nesta sexta-feira (20) com uma pegada bem diferente daquela que vimos em todo o seu universo cinematográfico e até mesmo em Demolidor. Se até agora tudo girava em torno de pessoas que queriam usar suas habilidades para ajudar o mundo à sua volta, Jessica Jones vem totalmente na contramão disso, nos apresentando uma personagem que desistiu dessa vida repleta de aventuras e só quer viver sua vidinha em Hell’s Kitchen enquanto trabalha para pagar seus porres ao fim do expediente.

Só essa premissa já faria com que o seriado fosse minimamente interessante, mas o programa promete ir além. É claro que termos uma personagem que é gente como a gente já é atrativo o suficiente, mas os vários teasers e trailers divulgados pela Netflix nos mostram que Jessica Jones tem outra pegada. Apesar dessa primeira leitura mais simplória da história, a trama promete partir para um lado bem mais pesado e sombrio do universo Marvel. Assim, enquanto Demolidor mostrava uma faceta mais violenta e brutal desse cenário, a nova série vem para trazer um pouco mais de realidade ao mundo desses seres superpoderosos e provar que até mesmo eles podem ser destruídos psicologicamente.

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Mas quem é Jessica Jones?

Apesar de toda a expectativa em torno do programa, não se sinta mal caso você não conheça o nome da heroína. Ao contrário dos demais fantasiados da Marvel que apareceram nas telonas até aqui, Jessica Jones é uma desconhecida até mesmo para grande maioria dos leitores de quadrinhos. Mas isso não quer dizer que ela seja uma personagem secundária e muito menos pouco interessante.

Ela foi criada em 2001 e apareceu pela primeira vez na revista Alias, publicada lá fora pelo selo Marvel MAX. Essa linha foi criada pela Marvel no início da década passada exatamente para trazer histórias voltadas ao público adulto, abordando temas mais pesados e com uma linguagem diferenciada — ou seja, bem diferente daquilo que estávamos habituados a ver nos gibis tradicionais. É um detalhe muito importante, pois nos ajuda a ter uma ideia do que esperar daqui para frente.

Essa abordagem diferenciada é algo que funcionou muito bem em Alias, principalmente pelo modo como os autores Brian Michael Bendis e Michael Gaydos trataram a narrativa. Enquanto as demais HQs do selo apelavam para a violência, a estreia de Jessica Jones era voltada para um lado mais corriqueiro do cotidiano. Apesar de seus poderes e de seu histórico como uma quase-Vingadora, a personagem lutava mesmo para conseguir pagar as contas no fim do mês, contra a ressaca após uma noite de porre ou contra suas crises de cólica.

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É a partir dessa perspectiva bem ímpar que somos apresentados à Jessica Jones. Ela passa a atuar como uma simples investigadora particular na Codinome Investigações, escritório no qual ela é a única funcionária. E é esse lado “ex-super-heroína-fracassada, descontrolada, bêbada, azarada e preocupada consigo mesma” que nós vamos ver na nova série.

Ao todo, a primeira fase de Alias teve 28 edições com histórias que abordam os vários problemas que alguém como Jessica enfrenta em seu ramo. No entanto, nesta adaptação para a Netflix, a Marvel optou por focar nas suas últimas cinco edições, mais especificamente no arco Púrpura, que mostra por que a protagonista abandonou a vida uniformizada.

Nessa volta ao passado, vemos o primeiro encontro de Jessica — ainda sob a alcunha de Safira — com Zebediah Killgrave, o vilão Homem-Púrpura. Apesar do nome pouco ameaçador, Killgrave é um bandido bastante perigoso por conta da sua habilidade de fazer com que as pessoas ao seu redor se dobrem à sua vontade, mesmo que isso faça com que elas se matem no caminho. E é aí que as coisas dão errado. Muito errado.

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Jessica acaba sendo afetada pelos poderes do Homem-Púrpura e fica sob o controle dele por oito meses. E, ao longo desse período, ele a torturou psicologicamente de diferentes formas. Apesar da HQ deixar claro que Killgrave não estuprou a protagonista, ele fazia jogos mentais ainda mais pesados com ela. Em uma das cenas, por exemplo, ele abusava de outras meninas e forçava Jessica a assistir a tudo aquilo ao mesmo tempo em que implorava para participar.

Assim, quando ela finalmente consegue escapar da influência do vilão — não sem antes tomar uma surra dos Vingadores —, Jessica Jones decide que não quer mais correr esse risco e decide se afastar da vida de herói. Até que um dia ela é contratada para encontrar Killgrave e todos os seus traumas voltam à tona.

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Pelo que já foi mostrado da série, esse passado da personagem e a sua conturbada relação com o Homem-Púrpura serão os grandes pontos centrais da trama. Tanto que um dos trailers já mostra exatamente o quanto esse período nas mãos do vilão afetou a psicológico de Jessica, que sofre com uma enorme paranoia quanto a estar sendo controlada mais uma vez. E, mais do que bater na tecla “Killgrave me fez fazer isso”, o que mais chama a atenção é o rastro de traumas que o personagem deixa por onde passa. E é exatamente isso que vem chamando a atenção no seriado.

Dentro do universo cinematográfico

Porém, isso tudo é algo que está nos quadrinhos e, se tem uma coisa que nós aprendemos ao longo desses últimos anos é que a Marvel prefere não seguir muito à risca suas HQs na hora de adaptá-las. Isso significa que muito daquilo que vimos em Alias vai estar presente em Jessica Jones, mas também teremos várias mudanças para que as coisas se encaixem melhor dentro do universo cinematográfico construído até aqui.

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E o maior exemplo disso é que, ao que tudo indica, Jessica parece nunca ter tido contato com os outros heróis, mesmo tendo atuado como uma. A Marvel liberou uma HQ que serve de introdução para a série da Netflix e ela apresenta o primeiro contato de Jessica com o chamado “Diabo de Hell’s Kitchen”. Ela não chega a se encontrar cara a cara com o Demolidor nessa história — algo que só deve acontecer no seriado —, mas a menção ao fato de existir outro herói na vizinhança chama a sua atenção.

Isso reforça aquela ideia que a estreia do Homem Sem Medo nos trouxe. Enquanto o Capitão América, Homem de Ferro e os demais Vingadores estão ali para cuidar de questões mais globais, o Demolidor e a própria Jessica Jones se mostram como heróis bem mais urbanos e preocupados com questões locais. Isso faz com que esse distanciamento dos demais uniformizados seja algo bastante compreensível, além de nos dar uma visão mais global de como essas relações funcionam. Isso sem falar que também vamos ter a primeira aparição de Luke Cage, outro herói dos gibis e que vai ganhar sua própria série no ano que vem. E, dentro do universo de Alias, Cage desempenha um papel bem importante.

Mais do que trazer uma protagonista que é gente como a gente ou de começar a criar um universo coeso também na TV, o grande destaque da série é a profundidade que o vilão pode trazer. Como dito, o Homem Púrpura aparece somente no último arco das HQs, mas será o primeiro a dar as caras na Netflix e isso é ótimo, pois vai dar continuidade àquilo que Demolidor já havia apresentado antes: nem tudo é colorido e engraçadinho no mundo da Marvel.

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Isso é algo que o material de divulgação já deixou claro. O clima é bem sombrio e pesado, sobretudo por conta desse passado conturbado de Jessica com Killgrave. Ela é atormentada por tudo o que aconteceu e o vilão deve se aproveitar do trauma causado para ferrar ainda mais com a cabeça dela. Isso deve fazer com que o seriado seja ainda mais pesado e denso do que seu antecessor.

A importância de Jessica Jones

Mesmo com algumas mudanças, Zebediah Killgrave vai ser tão sádico e perigoso quanto vimos nos quadrinhos. Não fica claro se vamos vê-lo abusando de mulheres com seus poderes ou coisa parecida, mas é bem possível que o tema seja pelo menos sugerido em alguns episódios, mesmo sem deixar nada explícito. O que é algo ótimo.

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Jessica Jones tem tudo para ser uma série bastante poderosa por diversos motivos. Em tempos em que estamos cada vez mais discutindo a representação da mulher e o seu empoderamento, termos um seriado da Marvel protagonizado por uma heroína é algo que vem para dar força a esse debate.

Mais do que isso, o programa ainda traz toda a discussão sobre assédio e abuso, outro tema que também está em alta sobretudo por conta dos diversos acontecimentos recentes. E é muito importante mostrar como alguém tão poderoso quanto a própria Jessica também pode ser vítima desse tipo de crime. Apesar de ter sido uma heroína, ela ainda é vulnerável a esse tipo de coisa.

Por outro lado, ela carrega um simbolismo muito grande. Mesmo com a fragilidade e o dano psicológico causado pelo abuso de Killgrave, a série deve nos mostrar exatamente essa volta por cima da personagem. Depois de anos fugindo do problema, ela deve encarar o responsável pelo seu maior trauma e superá-lo. É uma mensagem tão poderosa e importante que deve inspirar milhares de mulheres mundo afora.

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Assim, a estreia de Jessica Jones não se resume apenas a mostrar um lado diferente dos super-heróis. Esse é um ponto que vai chamar muito a atenção, mas está longe de ser o ponto central do seriado. Trata-se da primeira super-heroína da Marvel a protagonizar um programa nesse novo universo e já abordando temas delicados — e isso é uma vitória e tanto.