Fone por condução óssea | O que você precisa saber antes de comprar?
Por Felipe Junqueira • Editado por Léo Müller |

Os fones de ouvido por condução óssea são muito recomendados para quem quer praticar exercícios físicos ao ar livre. Não é raro vê-los serem descritos como opção mais segura, inclusive para nossa audição. Mas será que eles realmente oferecem menos prejuízo aos nossos ouvidos? E como eles realmente funcionam? O Canaltech explica neste texto tudo o que você precisa saber antes de comprar um fone de ouvido por condução óssea.
O que é um fone de ouvido por condução óssea?
Fone de ouvido por condução óssea é um tipo de dispositivo de áudio que usa a vibração dos ossos da cóclea. Esta vibração, então, é traduzida de energia mecânica para elétrica e interpretada como som pelo cérebro.
A diferença deste tipo de transmissão para um fone de ouvido ou caixa de som tradicional é que condução óssea pula uma etapa. Não existe a vibração do tímpano e dos ossinhos da audição, já que vai direto dos ossos da face para a cóclea.
Esses fones de ouvido ficam posicionados na região entre a têmpora e o ouvido, e são presos à cabeça por um gancho que passa por cima da orelha. Uma faixa prende os dois lados, e por isso eles são ligeiramente mais seguros de usar durante atividades físicas. Além de não fechar o canal auditivo, permitindo que você escute sons externos.
Como funciona a condução óssea?
Para explicar melhor a condução óssea, eu conversei com a otorrinolaringologista Vanessa Mazanek. Mas, primeiro, é preciso compreender como funciona a audição, e aí conseguimos falar sobre os fones de ouvido.
"O som entra com uma energia mecânica por dentro do nosso ouvido, passa pelo conduto auditivo externo e vai provocar a vibração da membrana do tímpano e dos ossinhos da audição", explicou Mazanek. "Ao vibrar, esses ossinhos vão movimentar um líquido dentro da cóclea para estimular as células auditivas a transformar essa energia mecânica em energia elétrica para se elevar. Elevado pelo nervo auditivo e traduzido como som lá no nosso cérebro", prosseguiu.
Em termos simples, o que os fones de ouvido por condução óssea fazem é pular a etapa inicial. Ou seja, não há a passagem do som pelo conduto auditivo externo, nem a vibração de tímpano e ossinhos. "Ele vai fazer uma vibração direta do osso temporal, onde está a membrana auditiva, que é a cóclea", explicou a otorrino.
O problema é que muita gente acredita que, assim, esses dispositivos seriam mais saudáveis para a audição. Mas não é verdade, pois mesmo esta vibração direta da cóclea pode ser prejudicial. Especialmente se o volume for excessivo e o uso muito prolongado.
Quais são os pontos fortes e os pontos fracos da condução óssea?
Como já escrevi, o principal ponto de venda dos fones de ouvido por condução óssea é o fato de não cobrirem o canal auditivo. Assim, podem ser uma opção segura para ouvir música ao correr ou andar de bicicleta na rua.
Mas há alguns pontos fracos que você precisa ter em mente. Um deles é a perda de graves e agudos. Os graves podem ficar mais potentes se você utilizar um tampão no ouvido, mas aí perde a característica principal, que é escutar carros e pessoas na rua.
Além disso, a potência do som é inferior à de outros fones de ouvido. Até pela característica do dispositivo, um pouco do áudio pode “vazar”, e inclusive isso pode afetar a sua privacidade, pois outras pessoas na rua podem escutar o que você estiver ouvindo.
Qual tipo de fone de ouvido faz menos mal?
Não existe um tipo de fone de ouvido que faz menos mal. Todos podem causar danos à nossa audição, especialmente se usados por muito tempo ou em volumes muito altos.
"Quando a gente pensa no dano auditivo causado pelo ruído, pelo som, estamos falando sobre danos nas células auditivas", explicou Mazanek. "Então, independente da via em que venha esse estímulo, seja via tímpano e ossinhos, seja via vibração do osso, nós vamos ter lesões auditivas ocasionadas pelo aumento do ruído", concluiu a otorrino.
A dica, portanto, é evitar volumes superiores a 65%. Claro que isso varia bastante a depender do dispositivo, já que cada fone ou caixa de som possui uma potência diferente. Evitar uso prolongado também pode ajudar bastante. Além disso, os fones com cancelamento de ruído podem ser uma boa ideia, já que permitem escutar bem em volumes mais baixos.
Sobre os fones de ouvido com reprodução por condução óssea, a vantagem deles para aqueles que cobrem o canal auditivo, sejam intra-auriculares ou supra-auriculares, é que permite escutar o som ao redor. Assim, são os melhores para correr ou andar de bicicleta na rua.