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Exclusivo: Polyvox quer a volta dos toca-discos, mas com um "quê" de modernidade

Por| 25 de Setembro de 2020 às 13h00

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Polyvox
Polyvox

Os amantes do áudio com mais de 30 anos (ou simplesmente amantes de áudio analógico) vão se lembrar do nome Polyvox com muita saudade e nostalgia. A marca, que nasceu em 1967 e ficou famosa por seus sistemas de som modulares no Brasil na década de 1970, trouxe modelos icônicos, como os famosos 5000, que marcaram a primeira linha de áudio profissional do país — e com isso, fizeram história, já que passaram de pais para filhos e até hoje são valorizados e buscados em grupos de colecionadores e adeptos de sistemas de áudio vintage.

Receivers, amplificadores, toca-discos, caixas de som, equalizadores e até videogame (sim, a Polyvox também trouxe o Atari 2600 para terras brasileiras em 1986!) faziam parte de um catálogo de produtos cobiçado na época — e até hoje.

A empresa era a maior concorrente da Gradiente, outra gigante nacional do passado, até 1979, quando foi adquirida pela companhia. A partir desse momento, todo o know-how da Polyvox com suas caixas de som e aparelhos modulares foi integrado à Gradiente para que começasse, então, a produção dos sistemas que marcaram a década seguinte: os famigerados 3-em-1, bem como os gravadores de rádio e o já mencionado Atari. Os modulares ainda resistiram por mais essa década sob a chancela da Gradiente, que trazia em alguns modelos o nome da Polyvox em seus gabinetes, até sumirem por completo do mercado nos anos 1990.

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O hiato perdurou até que, em 2017, a Polyvox anunciou que estaria de volta, e inaugurou um novo conceito no mercado, dessa vez alinhado à tecnologia vigente: a marca passou a comercializar caixas de som Bluetooth, as chamadas Bazuka. O público fiel que ouvia discos e fitas antigamente ficou um tanto decepcionado com a companhia, por ressurgir completamente focada na tecnologia da mobilidade, enquanto o consumidor jovem, que se interessa por caixas de som Bluetooth, ganhou uma nova opção para investir em áudio via streaming — e nacional.

Polyvox 2.0

Em um bate papo com Luiz Kencis, Sócio-Diretor da Polyvox no Brasil, o Canaltech procurou entender o que a empresa pretende com essa volta ao mercado, e já tirando a dúvida de muita gente, começamos dizendo que sim: é a mesma Polyvox de antigamente, porém "renovada". Diferentemente das marcas que concorrem no mesmo segmento, a Polyvox é focada única e exclusivamente em som.

"A gente veio para ser uma empresa de áudio. Em tudo que possa envolver áudio, teremos presença. Nosso segmento é focado em áudio, nossa especialidade é áudio", enfatiza o executivo sobre o posicionamento da empresa no mercado após seu regresso.

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De acordo com Luiz, a "nova" Polyvox traz a mesmíssima essência da marca que conquistou adeptos no Brasil nas décadas de 1970 e 1980, porém conta com sangue novo na equipe para entender o que o público mais jovem demanda hoje em dia. Naturalmente, tem-se o peso do nome (curiosidade: a empresa foi batizada de Polyvox por ser uma palavra simples e fácil de falar em qualquer idioma, mas que ao mesmo tempo exprime um significado aprofundado sobre o som, algo como "muitas vozes"), aliado à recaptação de uma "fanbase" — tal como era no passado.

No meio da pandemia: do caos à música que acalenta

A pandemia da COVID-19 pegou todo mundo de surpresa, e com a Polyvox não foi diferente. A empresa segurou uma barra mais pesada que o enfrentamento natural, pura e simplesmente, do "novo normal": Luiz conta que quando começou a pandemia, as vendas caíram. "A gente ficou preocupado. Será que nosso áudio está focado em festa? E [pouco depois], para nossa surpresa, as vendas cresceram. Acho que as pessoas, nesse momento de pandemia, acabam vendo no áudio um tipo de distração. As pessoas escutam música para fazer exercício sozinhas, para espantar a tristeza, a solidão, cantar, lembrar coisas do passado, mexer com as emoções… o áudio realmente dá um conforto".

Mas, além do novo coronavírus, outro desastre acometeu uma das fábricas da empresa, situada na Zona Franca de Manaus: uma enchente obrigou a Polyvox a pausar a produção por um período. "Em março, junto com a pandemia, o pessoal [da fábrica] ficou meio assustado. Naquele momento, para atender o público e não deixar faltar mercadoria, tivemos que importar produtos para compensar". revela Kencis.

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A empresa hoje em dia conta com duas fábricas, aliás. Uma em Pato Branco (PR), focada ao segmento de som automotivo; e a da Zona Franca de Manaus (AM) — que já retomou suas atividades normalmente — e tem foco em todo o restante do line-up da marca.

Catálogo de produtos: muita China ou pouca China?

O line-up atual da Polyvox é projetado pelo time brasileiro de engenheiros da empresa, juntamente com especialistas chineses de áudio. Então, sim, podemos dizer que a participação do Brasil com a China no produto final chega ao "meio a meio". Os componentes das caixas de som comercializadas hoje são importados, embora a ideia, a concepção e até mesmo a linha de montagem aconteça aqui no Brasil. Inclusive, até hoje a empresa conta com Moris Arditti como conselheiro — para quem não sabe, Moris foi um dos fundadores da Polyvox das antigas, ao lado de Luiz Salvatore, em 1976. Hoje em dia, ele participa de vários processos internos da empresa e orienta o time na criação dos novos produtos.

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Atualmente, a Polyvox concentra mais esforços em caixas de som Bluetooth, representadas pela linha Bazuka. Além delas, há também um novo investimento em som automotivo, com alto-falantes projetados especialmente para quem não dispensa curtir música enquanto dirige. "O carro também é onde o pessoal escuta música. A gente já tem um know-how, a fábrica já produzia car audio para outras marcas, então decidimos lançar essa linha", conta Kencis.

Mas em relação às caixas de som portáteis, o catálogo da Polyvox conta, hoje, com cinco Bazukas: XB860, XB650, XC515, XB450 e XM350. Dentre elas, as diferenças vão de acordo com a necessidade de cada pessoa, mas todas contam com recursos que vão além do Bluetooth, como controle por aplicativo (em parceria com desenvolvedores chineses), entrada para microfone e instrumentos musicais, entrada para cartão microSD e pendrive, bateria, adaptador AC, equalizador e rádio FM. Seguindo a tendência dos LEDs das caixas moderninhas, as Bazukas também contam com o chamado "show de luzes", que são LEDs RGB que pulsam no ritmo da batida ou podem ser alterados conforme o ouvinte desejar.

São produtos modernos, coloridos, com muita tecnologia sem fio, comunicação com celular, voltados ao jovem que quer levar sua música para onde for. Embora os mais velhos possam torcer o nariz para o jogo de luzes das caixas Bluetooth e os graves bem destacados, a galera mais nova faz a festa — literalmente.

"Desde a regulagem do alto-falante ao equilíbrio do som, tudo é feito pela nossa equipe de desenvolvimento brasileira. A Bazuka 860, por exemplo, oferece uma qualidade, um equilíbrio tonal muito gostoso", explica Luiz sobre a engenharia incorporada às caixas Bluetooth. Ele conta que a Polyvox busca colocar o máximo de qualidade sonora a um custo convidativo, gerando uma relação custo-benefício bem interessante (em breve, review aqui no Canaltech!) para competir com gigantes gringos do setor, como JBL, Sony, LG e afins.

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A empresa, aliás, está ampliando seu portfólio com fones de ouvido e microfones, que estão chegando para compor o catálogo de produtos ainda este ano. "Dentro de um mês já estão chegando os produtos novos", confirma Marina Leduc, diretora de Branding Content da Polyvox pela MPlus, ao Canaltech, quando questionamos a abertura de espaço para produtos como esses. Porém, não temos detalhes, ainda.

Voltando na questão da China: para manter a produção em pé de igualdade com a inovação, a Polyvox conta, hoje, com uma parceria com a JTI, uma companhia de procurement situada na China e que faz toda ponte entre os componentes lá desenvolvidos e o time de engenheiros brasileiros da empresa por aqui.

Desafio de gerações

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Se tem algo que a empresa enxerga como um grande desafio e pretende lograr sucesso com suas novas estratégias é o chamado "gap geracional". Com o aquecimento do mercado de discos de vinil, principalmente agora, na pandemia, o público-alvo da Polyvox vai passar a ser mesclado, pois a marca pretende resgatar os louros do passado e ouvir mais a galera vintage, que gosta de som analógico e não dispensa um bom LP na agulha.

Ao passo que esse pessoal viveu a época áurea da empresa ou, então, herdou da geração passada o gosto pela música analógica, pelos equalizadores, amplificadores, bolachões e tudo que fazia parte do ritual para se ouvir um som de qualidade no passado, tem-se, na outra ponta, o jovem moderno, que quer mobilidade, praticidade e graves pulsantes para ouvir música no quarto, na rua ou até mesmo fazer a festa usando apps de streaming. Claro que há aqueles jovens que preferem os ritos do passado, tal como os cinquentões e sessentões moderninhos que preferem uma caixinha de som Bluetooth para ouvir música, ou um som automotivo bacana. Seja como for, o que a empresa busca é focar em áudio, mas ampliar esse escopo para abranger o máximo possível de gerações que curtam e exijam qualidade em seus equipamentos de som, sejam eles vintage ou não.

Segundo Marina, "o gap geracional hoje é muito grande, os gostos mudam muito de uma geração para outra. É por isso que estamos separando e escutando todo mundo" — da velha guarda saudosista à nova geração. "Esse é nosso target goal. E é muito gostoso trabalhar com esses dois universos", completa.

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Para conseguir entender os anseios das diferentes gerações, puxando os antigos fãs e atingindo o novo público, o time da Polyvox também aposta nessa diversidade dentro da empresa: o quadro de funcionários é bem mesclado e conta com engenheiros que trabalharam na Polyvox das antigas, bem como com novos talentos, com 20 e poucos, 30 e poucos anos. Somado a isso, como mencionado anteriormente, há a participação do próprio Moris Arditi como conselheiro. Essa foi a estratégia que a companhia montou para conseguir não apenas conversar com o público, mas também para aplicar na linha de produção aquilo que o consumidor realmente deseja.

A turma que conheceu os aparelhos da Polyvox há 30 ou 40 anos sabe que a qualidade do áudio era sensacional naquela época. Muitos colecionadores possuem, até hoje, seus receivers, toca-discos, toca-fitas, caixas e até mesmo sistemas inteiros funcionando a pleno vapor. Eram gabinetes montados no Brasil, com alguns componentes importados do Japão e dos Estados Unidos, e que tinham excelente qualidade. Por isso, o desafio da Polyvox ainda vai de encontro a agradar o público que conheceu (e conhece) o legado da marca: não adianta resgatar o passado trazendo aparelhos diferentes. Essa galera, além de exigir sonoridade, conhece o equipamento por dentro. Apesar de ser bastante óbvio que a tecnologia avançou hoje em dia (e os "canecos" dos amplificadores terem dado lugar aos circuitos integrados, por exemplo), a companhia está se focando na expertise do passado para os novos produtos, sobre os quais falaremos a seguir: ao que tudo indica, o resgate às origens virá para agradar iniciantes, sim, mas principalmente o pessoal mais exigente.

Sendo assim, algo essencial, considerado pela empresa, é aproximar a relação com o consumidor por meio de pesquisas, enquetes e até mesmo bate-papos. "Temos trabalhado muito com entrevistas e pesquisas, agora. A ideia da Polyvox é ser essa marca que escuta. Sobre a linha retrô, que está sendo trabalhada, por exemplo: a ideia é discutir com o pessoal que quer essa linha, quase um collab mesmo", revela Marina, contando para nós que a empresa não vai lançar no mercado algo voltado aos discos sem antes ter cuidado e escutar quem realmente gosta de som analógico.

A volta dos toca-discos

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A primeira coisa que vem na cabeça de quem conhece a antiga Polyvox é a linha de produtos icônicos que marcaram a época dos toca-discos e fitas cassette, além das belas e potentes caixas de som e amplificadores que integravam os sistemas modulares da época. Seja você um amante do áudio que vivenciou essa fase ou um colecionador, que conheceu a Polyvox por meio de parentes, amigos ou pesquisando sobre som, fato é que o peso do nome jamais deixou de significar qualidade para quem gostava (e gosta) de música.

A resposta que a comunidade do áudio analógico buscava, portanto, está aqui: os sistemas vintage vão voltar. Sempre batendo na tecla do "melhor custo-benefício do mercado", Luiz conta que as fábricas estão a todo vapor para trazerem, muito em breve (provavelmente no ano que vem), novidades de ampliação no catálogo da empresa, com toca-discos na linha de frente. Só não sabemos, porém, se serão como os da imagem abaixo (um pouco improvável, mas tudo pode acontecer, dentro do possível), modulares, com caixas potentes e os icônicos VUs que dançavam enquanto a gente escutava música.

Aliás, não sabemos exatamente como a Polyvox está programando essa reentrada no segmento retrô, pois a estratégia de mercado ainda está sob segredo. Será que aparelhos modulares fariam sucesso em plena década de 2020? Será que conquistariam novas gerações ou ficariam apenas para os "dinossauros" do som recapitularem suas horas e horas gastas em um quarto ou sala dedicado à música? Mas, vamos além: e se a marca conseguisse unir a nostalgia à força com que o disco de vinil voltou nos últimos tempos, com um "quê" de modernidade? Talvez, sobre isso, Luiz tenha nos dado uma pista:

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"A gente pretende lançar uma vitrola com mais qualidade do que tem hoje no mercado", afirma o executivo em relação aos produtos que se tornaram populares na pandemia (leia-se: maletinhas e modelos Bluetooth de toca-discos de entrada). "Queremos atender o público que ama áudio para realmente matar as saudades da marca. Hoje você vê por aí a vitrola em conjunto com o alto-falante, tudo em uma caixa só. Isso não pode: se você colocar grave, o sistema inteiro pula. Esse é um dos lançamentos que a gente vem trabalhando", conclui.

Sobre o primeiro produto a ser lançado, perguntamos se seria um toca-discos separado das caixas, e Luiz confirma: "Sim, um toca-discos pré-amplificado com caixas Bluetooth. E estamos trabalhando com umas novidades que, em breve, contaremos para vocês", confirma o executivo, porém deixando uma boa dose de mistério no ar. É possível que a turma que queira matar a saudade dos velhos tempos, mas sem muita exigência, seja conquistada pelo sistema que Luiz nos revelou — que, aparentemente, será um modelo de entrada. Mas pelo tom da conversa, vem coisa mais "cabeluda" por aí.

Sobre esses produtos que ainda são segredo, o Canaltech aposta na volta dos toca-discos de entrada e intermediários (como eram as linhas 1000 e 2000 de antigamente), que teriam conectividade tanto sem fio quanto cabeada, com possibilidades de ajuste de contrapeso e anti-skating — o que destacaria a marca das atuais vitrolas de entrada existentes no mercado hoje em dia, pejorativamente chamadas de "vinyl killers" por aplicarem peso demais à agulha. Outra possibilidade, considerando uma demora maior (e ainda com boa dose de esperança), seria a chegada de sistemas modulares, porém mais compactos, com circuitos integrados. Já em relação a caixas de som, neste primeiro momento, de acordo com a fala de Luiz, veremos no mercado caixas ativas Bluetooth para acompanhar a vitrola que já está praticamente chegando às prateleiras. Caixas passivas de três ou mais vias e toca-discos suntuosos, com braços metálicos (em J ou S), motores belt ou direct drive e cápsulas magnéticas que remeteriam à saudosa linha 5000 podem vir a surgir, mas não sem muita conversa com o público antes.

Bem, sonhar não custa, certo? Mas parece que a Polyvox não está para brincar em serviço — e se isso vai se confirmar ou não, contaremos em breve aqui mesmo, no Canaltech.

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Retrô colaborativo

Como mencionado anteriormente, essa linha retrô de toca-discos e afins não será lançada sem muito feedback da turma que gosta e faz questão de aparelhos desse tipo. AInda mais em tempos de pandemia, que fizeram a procura pelos LPs explodir, com o surgimento de novas comunidades, novos adeptos e até mesmo novas lojas online vendendo discos usados e repress (prensagens novas baseadas em discos antigos).

Então, esperamos que dessas pesquisas, coisas boas venham por aí: desde toca-discos mais simples, voltados apenas a quem quer matar as saudades e tirar a poeira dos discos de vinil, até aparelhos mais rebuscados, para agradar quem já coleciona vinil e compraria novos equipamentos da Polyvox. Pode ser que alguma novidade apareça já em 2020, mas o certo é que vejamos essa nova estratégia da empresa despontar com força no ano que vem.

Mas e o Atari?

Você deve se lembrar que Polyvox das antigas não era só áudio: a empresa também foi a responsável por trazer o Atari 2600 ao Brasil na década de 1980 e colorir a vida de muita gente com seus joguinhos 4 bits. Mas, Luiz deixa bem claro que o Atari, hoje em dia, vai mesmo continuar com a TecToy e que o foco da Polyvox é, exclusivamente, em áudio.

Para conhecer mais sobre a Polyvox e conferir o atual catálogo de produtos da companhia, acesse o site oficial. Em breve, teremos review aqui no Canaltech.