A Audio-Technica, aclamada fabricante japonesa de equipamentos de áudio, está relançando o Sound Burger, seu icônico toca-discos de vinil portátil. O Sound Burger foi lançado originalmente em 1983 como um toca-discos voltado para um público mais jovem, que precisava de portabilidade.
Em novembro do ano passado, para comemorar seu 60º aniversário, a Audio-Technica anunciou o retorno do Sound Burger. O novo modelo é praticamente idêntico ao modelo lançado nos anos 1980, mas agora ele funciona totalmente sem fio.
A edição especial de aniversário, AT-SB2022, foi disponibilizada na cor vermelha, e apenas 7 mil unidades foram comercializadas globalmente, sendo que somente 56 foram enviadas para a América Latina. O Brasil recebeu apenas 7 unidades no total, o que reforça o caráter de produto exclusivo e limitado desta edição. O modelo que será produzido e comercializado em massa, AT-SB727, deverá chegar ao mercado até o final deste ano, nas cores preta, branca e amarela.
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O Sound Burger é um toca-discos diferente do que a maioria das pessoas está acostumada a ver. Ao contrário dos modelos convencionais, cuja estrutura da vitrola tem dimensões maiores ou equivalentes às dos discos, o Sound Burger é bem menor e mais leve. Ele é ideal para ser usado em pequenas reuniões, em lugares que não disponham de um equipamento mais robusto.
Desde o princípio, com o lançamento do modelo original, em 1983, o objetivo da Audio-Technica era possibilitar que as pessoas pudessem desfrutar de suas músicas favoritas com mais praticidade. E o novo Sound Burger reforça ainda mais esse conceito de versatilidade e portabilidade, já que não precisa de cabos para funcionar.
O dispositivo possui corpo retangular e alongado, todo feito em plástico. Apenas o braço do toca-discos é de metal, sendo que parte da tampa é em acrílico transparente. Na parte lateral, ele conta com um botão deslizante que solta a trava da tampa. Em cima, há o botão power e um botão de ajuste de velocidade de rotação.
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Na parte de trás, ele tem um orifício para o pino de segurança (trava da tampa), uma entrada USB-C para carregamento, uma saída line-out, a numeração da edição limitada, junto ao selo de aniversário e uma alça para transporte. Na outra lateral fica o botão Bluetooth.
Já na parte de baixo, podemos ver dois selos com informações técnicas, o compartimento da bateria e os quatro pés que servem de apoio para o toca-discos. Esses pés possuem um invólucro de borracha e um miolo feito de um material fofo, quase esponjoso, que tem o objetivo absorver vibrações, o que reduz a incidência de ruído e evita que a agulha salte sobre os sulcos do disco.
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Essa característica foi uma boa sacada da Audio-Technica, pois, eventualmente, o equipamento poderá ser utilizado sobre a mesma mesa onde estão as caixas de som.
Na parte interna, fica o prato de rotação (acionado por correia), feito de liga de alumínio fundido e coberto por uma camada de borracha, o braço do toca-discos e um adaptador de 45 RPM, que também serve de suporte para o braço quando o dispositivo não está em uso.
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Internamente, o Sound Burger conta com um motor DC, que, segundo a Audio-Technica, é de alta precisão. O braço funciona por meio de um sistema de equilíbrio dinâmico no qual a pressão da agulha é aplicada por meio de uma mola. Tudo isso para permitir que o toca-discos trabalhe com máxima estabilidade.
Além do adaptador de 45 RPM, o Sound Burger ainda acompanha um cabo de áudio macho de 3,5 mm para macho RCA duplo e o cabo de carregamento do tipo USB-C.
O Sound Burger original visava um público mais jovem. Em sua nova versão, o toca-discos icônico pode atrair a atenção de um público ainda maior, incluindo colecionadores, jovens fãs de música em geral, além de novos fãs dos bolachões.
— Ramalho Lima (Maldditu Xavier)
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Qualidade de som e funcionamento
Quem utilizou vitrolas até a década de 1990, em equipamentos de som comuns – os chamados mid-systems – deve se lembrar daquela característica habitual de todo toca-discos de vinil, no qual o som produzido tinha bastante ruído de fundo.
Eu testei o Sound Burger com dois discos, sendo um com bastante uso, e outro mais novo e bem conservado. Com o disco mais velho, eu notei bastante ruído de fundo, os famosos estalos característicos do vinil. Contudo, quando ouvi o disco mais novo, a qualidade de áudio teve um salto surpreendente.
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E não foi só comigo. Amigos e parentes também puderam notar que o Sound Burger possui uma ótima qualidade de som quando está tocando um disco bem conservado. É preciso fazer um certo esforço para notar o ruído típico de discos de vinil (nos intervalos entre as faixas, onde o áudio da música é cortado). Eu achei um desempenho muito bom para um dispositivo tão pequeno e de fácil transporte.
Suponho que o equipamento ofereça uma qualidade de som muito satisfatória para fãs de discos de vinil que gostariam de ouvir suas músicas em um local onde não há uma vitrola mais robusta e avançada, que seria, obviamente, um equipamento instalado de maneira fixa.
Eu utilizei três equipamentos conectados ao Sound Burger, e a qualidade de som foi ótima em todos eles. Com o sistema Edifier S360DB, eu testei o toca-discos conectado via cabo e também via Bluetooth. Os outros dispositivos foram a caixa de som Harman Kardon Onyx Studio 7 e os fones de ouvido Edifier GM4 Hecate, ambos funcionando via Bluetooth.
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O funcionamento do Sound Burger é muito simples. Depois de retirar o pino de segurança, localizado atrás do toca-discos, liberamos a trava da tampa, retiramos o adaptador de 45 RPM e colocamos o disco no prato. Para discos de 33-1/3 RPM, basta encaixar o adaptador em cima do disco. Caso contrário, ele deve ser instalado no prato, para ficar por baixo do compacto.
Agora, basta fechar a tampa, ligar o toca-discos, retirar o protetor da agulha e posicioná-la cuidadosamente em cima do disco. Para ouvir o som, você deve ter ligado o equipamento às suas caixas de som – ou fone de ouvido – utilizando o cabo RCA ou o botão de pareamento Bluetooth.
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Bateria e Conectividade
O Sound Burger é equipado com uma bateria de 2.100 mA. Segundo a Audio-Technica, o dispositivo é capaz de funcionar ininterruptamente por 12 horas. Essa autonomia é relativamente boa, já que o dispositivo deve consumir mais energia quando o prato está girando. Isso significa que toda vez que você precisar virar o lado de um disco ou substituí-lo, o tempo de autonomia da bateria não será reduzido.
Contudo, o braço do Sound Burger não possui recolhimento automático. Ao final do disco, ele continua girando até que o braço seja recolhido manualmente. Esse é um recurso comum em vitrolas maiores, mas ficou de fora do toca-discos portátil da Audio-Technica, o que é compreensível.
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Isso pode impactar na duração da bateria até certo ponto, considerando que nem sempre poderemos desligar o aparelho imediatamente após o disco terminar de tocar. A boa notícia é que o Sound Burger se desliga sozinho após alguns minutos de funcionamento sem reprodução de áudio. Esse foi o motivo pelo qual eu não consegui esgotar totalmente a bateria do equipamento.
Outro ponto chave é que o carregamento da bateria do Sound Burger não é dos mais rápidos. A empresa informa que a bateria leva até 12 horas para ser completamente carregada, por meio de seu cabo com conector USB-C. O equipamento não acompanha o carregador, mas qualquer modelo usado em celulares deve funcionar sem problemas.
Como conexões, o Sound Burger utiliza o Bluetooth 5.2 e possui uma saída line-out, que pode ser usada para ligar o toca-discos a um sistema de som por meio do cabo (macho de 3,5 mm para macho RCA duplo) que acompanha o produto.
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Ficha técnica
Modelo: AT-SB2022;
Motor: servo motor DC;
Acionamento: por correia;
Alimentação: DC 3,6 V via bateria de íon de lítio;
Velocidades de rotação: 33-1/3 RPM e 45 RPM;
Wow e Flutter: < 0,25% (WTD) a 3 kHz;
Autonomia da bateria: até 12 horas;
Tempo total de carregamento: até 12 horas;
Agulha de reposição: ATN3600L;
Bluetooth: 5.2 (codec SBC);
Dimensões: 100 x 290 mm x 70 mm (LxCxA);
Peso: 900 gramas.
Concorrentes diretos
Eu não encontrei modelos de toca-discos realmente portáteis com qualidade de construção relevante no mercado, e que possam concorrer com o Sound Burger.
Mas um modelo de entrada muito popular, e que também é fabricado pela Audio-Technica, é o AT-LP60X. Esse modelo é o mais simples da marca, que pode ser facilmente encontrado nas lojas brasileiras. O AT-LP60X não é portátil, mas é bem compacto e elegante, sendo ideal para usuários que querem se iniciar no hobby de ouvir discos de vinil e não dispõem de muito espaço para acomodar uma vitrola mais avançada.
Nos anos 1980, o Sound Burger ganhou diversos clones ao redor do mundo. Hoje, o toca-discos portátil deve ficar um bom tempo sem concorrentes à altura.
— Ramalho Lima (Maldditu Xavier)
Vale a pena comprar o Audio-Technica Sound Burger?
O Sound Burger ressurgiu das cinzas para preencher uma possível lacuna na crescente demanda por discos de vinil. O dispositivo pode funcionar como uma porta de entrada para novos fãs dos bolachões, que prezam por um design compacto e diferenciado, que é, ao mesmo tempo, retrô e moderno, servindo como parte da decoração.
O Sound Burger original deu vida a diversos clones ao redor do globo, todos com o mesmo objetivo de propiciar diversão em qualquer lugar e a qualquer hora. E a nova versão do icônico toca-discos faz isso com louvor, ao oferecer funcionamento totalmente sem fio, devido à bateria interna e à conexão Bluetooth. A qualidade do áudio é bem decente para um equipamento de sua categoria.
Em sua edição especial, em comemoração aos 60 anos da Audio-Technica e 40 anos do Sound Burger original, apenas 7 mil unidades foram produzidas, e já não estão mais sendo comercializadas. Mas a empresa pretende comercializar os modelos para produção em massa em meados deste ano. O preço de lançamento no Brasil deve girar em torno de R$ 1,9 mil. Não é um valor baixo, já que há equipamentos melhores no mercado, da própria Audio-Technica, custando menos.
No entanto, nenhum desses toca-discos é um modelo clássico com 40 anos de lançamento, nem possui um design tão compacto, leve e charmoso quanto um Sound Burger.