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Programas de recrutamento online isolam parte dos trabalhadores, diz estudo

Por| Editado por Claudio Yuge | 09 de Setembro de 2021 às 18h20

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Reprodução/wocintechchat.com/Unsplash
Reprodução/wocintechchat.com/Unsplash

As plataformas de recrutamento online viraram a vedete de recursos humanos de muitas empresas nos últimos anos, graças principalmente à pandemia. Apesar de acelerar processos com inteligência artificial e atender ao apelo de entidades sanitárias por manter o distanciamento físico, um estudo recente da Harvard Business School trouxe um pouco do lado negativo desta realidade.

Segundo a pesquisa, existem hoje nos EUA cerca de 27 milhões de trabalhadores que não conseguem achar um emprego em tempo integral, e foram chamados de "ocultos". São pessoas que se encaixam em três critérios: já têm um trabalho de meio período mas estão dispostos a entrarem no integral; há muito tempo desempregados, mas à procura de emprego; e não trabalhando nem procurango vagas, mas também querem voltar ao mercado nas circunstâncias certas.

Ao explicar os motivos pelo qual eles se mantêm ocultos, dizem que o recrutamento automatizado de plataformas de RH usam parâmetros muito específicos para minimizar o número de candidatos aptos às vagas. "Por exemplo, a maioria usa filtros como diploma universitário ou habilidades descritas com precisão como atributos de ética de trabalho e autoeficácia. A maioria também usa o não cumprimento de certos critérios, como uma lacuna de tempo sem emprego de tempo integral, como base para excluir um candidato a se considerar, independentemente de suas outras qualificações", diz o texto.

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Com isso, conclui o texto, o recrutamento por plataformas não levam em conta candidatos viáveis ​​cujos currículos não correspondam aos critérios desejados à vaga, mas que poderiam obter um desempenho de alto nível se fossem devidamente treinados. Nos EUA, 75% das empresas contratantes estão usando essas tecnologias; na Alemanha, este índice é de 54%, e no Reino Unido, 58%.

Ao jornal "The Wall Street Journal", um dos autores do estudo, Joseph Fuller, deu mais exemplos disso, como hospitais que só aceitaram candidatos com experiência em "programação de computadores" no currículo, mesmo que o máximo que fariam seria inserir dados de pacientes no computador. Em outro caso, uma empresa rejeitou candidatos a um cargo de balconista de varejo que não listaram "polimento de chão" como uma de suas habilidades, mesmo quando seus currículos atendiam a todos os outros critérios solicitados. 

Mas o cenário dos "trabalhadores ocultos" não é só culpa dos softwares de recrutamento. Outros motivos indicados no estudo são uma carência crescente deles em serem treinados em habilidades requeridas pelo mercado nos últimos anos, também devido ao avanço tecnológico; e o desinteresse das empresas de não contratar essas pessoas ou só fazê-lo por meio de suas fundações de responsabilidade social.

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Sobre estas últimas, os pesquisadores dizem que são atividades "dignas de elogio, mas também reforçam inerentemente o mito de que contratar trabalhadores ocultos é um ato de caridade ou cidadania corporativa, em vez de uma fonte de vantagem competitiva". O estudo entrevistou 8.000 trabalhadores ocultos e 2.250 executivos dos EUA, Reino Unido e Alemanha.

Fonte: Harvard Business School, The Wall Street Journal (via The Verge)