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Porto Digital | Pernambuco programando para o mundo

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Porto Digital/Divulgação
Porto Digital/Divulgação

Depois de 18 anos de intensa atuação, é difícil separar o Porto Digital do Bairro do Recife, o centro histórico da capital pernambucana. Para muitos moradores e visitantes, por trás de cada casario do século XVII tem uma startup funcionando, uma inovação sendo criada. Ainda não é assim, mas se depender dos planos da nova gestão do parque tecnológico, essa ocupação tomará todo Recife Antigo e além.

O aspecto territorial de transformação urbana é inerente ao Porto Digital. Durante a sua criação, em 2000, debateu-se muito se o parque tecnológico deveria ser erguido no campus da Universidade Federal de Pernambuco ou se deveria ir de encontro ao degradado e esquecido da antiga Mauritsstad, na ilha que abriga o Marco Zero de fundação da cidade.

A segunda opção venceu, junto com o compromisso de requalificação acelerada da área em termos urbanísticos, imobiliários e de recuperação do patrimônio histórico – um diferencial do Porto Digital em relação a outros parques do mesmo tipo. Atualmente, o Porto Digital abriga 300 empresas e cerca de 9 mil trabalhadores, com faturamento anual de R$ 1,7 bilhão. Ocupa uma área total de 171 hectares, com expansão para os bairros de Santo Antônio, São José e Santo Amaro.

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Em outubro de 2018, o Porto Digital passou por uma profunda mudança. Deixou a presidência executiva do parque o economista Francisco Saboya, depois de 11 anos no cargo, e assumiu em seu lugar o professor de finanças da UFPE, Pierre Lucena. Com ele, um novo norte para o cluster de inovação e tecnologia pernambucano: foco total na geração de negócios.

“Temos uma meta de, até 2025, dobrar em tudo. Serão 20 mil colaboradores distribuídos em 500 a 600 empresas no parque, com faturamento anual de R$ 3,5 bilhões. O núcleo de gestão está deixando de ser voltado para organização do parque, que foi o papel inicial - e que se cumpriu, trazendo muita inovação - para um papel de fomento de negócios para as empresas que aqui estão”, afirma Lucena.

Território, negócios e gente

Para atingir a nova meta, a gestão do parque criou três eixos a serem trabalhados: Negócios e Inovação, Território e Gente, sendo o último a prioridade nesse momento. “Vivemos um drama. Enquanto Recife tem uma taxa de desemprego de 16,3%, estamos com 900 vagas em aberto aqui. Isso é inaceitável”, conta o executivo.

Para chegar de 20 mil colaboradores em seis anos, o Porto Digital está mirando numa parcela da sociedade que historicamente vem sendo afastada da área de Tecnologia, mas que tem potencial para ser pelo menos 50% do mercado: as mulheres. “Temos que aumentar a participação feminina aqui, começando pela formação. A UFPE tem três cursos da área: Engenharia da Computação, Ciências da Computação e Sistemas de Informação. Nesses cursos, o índice de mulheres é, respectivamente, 21%, 15% e 12%”, afirma Lucena.

O primeiro projeto apresentado nesse sentido é o programa Mulheres em Inovação, Negócios e Artes (MINAs), que parte da desmistificação da ideia de que tecnologia não é “lugar de mulher”. O parque tecnológico quer transformar o ambiente educacional e profissional de tecnologia num local mais acolhedor às mulheres e com igualdade de oportunidades.

A base está na construção coletiva e feminina das ações - um programa para mulheres e por mulheres. “Uma das primeiras ações é a construção de um berçário num dos prédios que pertencem ao Porto Digital, que está quase completo”, conta o executivo. A realização de eventos é outra ferramenta, como o que aconteceu no último dia 18, um encontro com empresários e empresárias do parque para apresentar cases e iniciativas sobre o valor da simetria entre gêneros para a performance empresarial.

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Dentro do eixo “Gente”, há ainda outra ação organizada pelo Porto Digital para aumentar a formação de capital humano. O parque, em parceria com duas universidades particulares que atuam no Estado – a UNIT/Tiradentes e a Universidade Católica – está formatando cursos de graduação 100% voltados para o mercado. “Nós montaremos as cadeiras e o aluno já conclui sua formação trabalhando dentro das empresas. Ainda buscamos a Universidade de Pernambuco (estadual, pública) para ampliarmos seus cursos voltados à Tecnologia”, conta Lucena.

Uma central de pessoas ainda foi formada para buscar talentos em outras regiões próximas, como os estados do Nordeste. “Precisamos virar essa chave rápido. Há uma carência de profissionais de nível básico em larga escala. Sem eles, perdemos o nosso diferencial que é oferecer serviço de ponta a um preço muito mais baixo do que o cobrado em outros centros, como São Paulo”, completa.

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Na sua fundação, o parque tecnológico era formado por três empresas e 46 pessoas. Atualmente, o Porto Digital abriga 316 empresas, organizações de fomento e órgãos de Governo, e quer chegar a 600 em 2025. Mas o parque não quer que grandes empresas de tecnologia venham para o Recife. “Queremos abrir aqui os ambientes de Tecnologia das grandes empresas”, afirma o presidente do Porto Digital.

Um exemplo que já acontece é o da Accenture, que transformou o Bairro do Recife em uma de suas áreas de atuação estratégica. “Queremos chegar nas 200 maiores empresas do Brasil e perguntar: ‘por que você não tem departamento de inovação no Porto Digital?’. Temos programadores qualificados, know-how e espaços de incubação. Temos que trazer esses ambientes para ficarem aqui e gerarem negócios para nossa cadeia de software que já atua”.

O Open Innovation Lab (OIL) é outro braço desse movimento. O programa de inovação aberta leva os desafios de grandes instituições e corporações para empreendedores e academia. “As mudanças que vieram com o Marco Regulatório da Inovação nos permitiram isso. Antes, um órgão público precisava de uma solução, licitava e comprava pronta. Agora podemos ser acionados e, junto ao nosso cluster de empresas e às universidades, criar essa solução e vender a licença, ficando com a propriedade intelectual”, conta o executivo.

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O primeiro cliente é o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que já encomendou mais de uma dezena de soluções. “Desenvolvemos aqui, por exemplo, um mapeamento das crianças e adolescentes em situação de risco. O cliente só paga pelo custo da prototipação, e a empresa que criou pode vender o produto depois”, explica Lucena.

Crescendo fisicamente

Acomodar a expansão do Porto Digital está entre as principais preocupações do parque. Entre as oportunidades vislumbradas está outra área do Recife, que, assim como o centro histórico, está sofrendo um rápido processo de degradação: o bairro de Santo Antônio.

Segundo o presidente, “como todo centro comercial de uma cidade grande, o bairro perdeu muito com a crise e corre o risco de se tornar uma cracolândia. Recuperar essa região é um sonho nosso, mas dependemos da prefeitura fazer a reforma urbanística que nos permita revitalizar quadra a quadra, como fizemos com o Bairro do Recife”.

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Dois prédios no bairro foram cedidos pelo Governo do Estado à administração do parque, sendo um deles tombado e de importância histórica: a antiga sede do Diário de Pernambuco, na Praça da Independência. A transferência do imóvel, porém, ainda não foi completada.

Enquanto isso, o Porto Digital trabalha com o que tem. Concluiu em 2017 a reforma do Apolo 235, um sobrado com 1.500 metros quadrados que reúne, em um único ambiente, as iniciativas de empreendedorismo, Economia Criativa e fabricação digital. Outros dois prédios no Bairro do Recife estão nas fases finais de reforma e devem ser inaugurados este ano.