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Spotify ameaça autores que descobriram indícios de pirataria no serviço

Por| 06 de Outubro de 2017 às 10h21

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Rasmus Fleischer é um dos autores de Spotify Teardown – Inside the Black Box of Streaming Music, livro que deve contar a história dos primeiros anos da empresa que viria a se tornar uma das maiores expoentes do mundo musical na internet. A saga da publicação, entretanto, se tornou turbulenta com a revelação de que o escritor chegou a ser ameaçado pela companhia após revelar o passado de pirataria que rondou o início de seu funcionamento.

O caso teria acontecido entre maio de 2007 e outubro de 2008, quando o Spotify ainda funcionava em uma versão Beta fechada para usuários convidados. Muitas das faixas teriam sido obtidas a partir do Pirate Bay, serviço do qual Fleischer fazia parte na época, e utilizadas para criar um portfólio abrangente para a plataforma que ainda começava a dar seus primeiros passos.

Métodos escusos

Apesar de o livro ter lançamento marcado apenas para 2018, Fleischer revelou a descoberta em uma entrevista dada à imprensa sueca em maio deste ano. Semanas depois, recebeu uma notificação de um dos advogados do Spotify, questionando sobre os métodos de pesquisa utilizados pelo grupo de autores e seus associados, afirmando que eles estariam quebrando termos de uso e ameaçando a integridade do serviço. Para o autor, não se trataria de uma coincidência.

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Tanto o time responsável pelo livro quanto o Conselho de Pesquisas da Suécia, órgão governamental que é um dos principais financiadores da publicação, receberam a notificação. Para Fleischer, é uma tentativa clara de tentar interromper os trabalhos que vinham sendo realizados, principalmente no que toca a investigação sobre o passado da companhia, os métodos usados para fazer recomendações aos usuários e a possibilidade de totais de reproduções inflados ou reduzidos artificialmente.

O autor admite que suas pesquisas tentam “invadir as infraestruturas escondidas” do sistema de distribuição digital de músicas. Para isso, a equipe contou com a ajuda de programadores que criaram centenas de “bots” que estudam os métodos de avaliação comportamental e sugestão de músicas do serviço, de forma a entender, por exemplo, de que forma o Spotify indica faixas de acordo com o gênero e as preferências de cada usuário, além de diferenças nesse quesito entre pagantes e usuários gratuitos.

É justamente nesse ponto que a notificação da empresa se concentra. No texto, o advogado da companhia afirma que o time não apenas violou os termos de uso da companhia ao fazerem uso de sistemas automatizados, como também as éticas de pesquisa ao obterem dados falsos por meio de contagens infladas de reproduções a partir dos robôs, de forma a manipular os sistemas da plataforma.

O grupo de Fleischer nega as acusações, afirmando não apenas que elas são ridículas como também que o Spotify soube, desde o início da realização do projeto, há dois anos, sobre os métodos que seriam utilizados. O envio de uma notificação e ameaça de processo também ao fundo que financia o livro, agora, daria o tom de uma tentativa de retaliação devido à revelação dos segredos obscuros do serviço.

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Resolução

O caso, entretanto, parece ter chegado a uma resolução. O pesquisador afirma que o Conselho de Pesquisas da Suécia deu todo o apoio ao time e garantiu que tanto a pesquisa quanto a publicação do livro seguirão seu caminho normal. O governo refutou as acusações do Spotify, mas a disputa não deve levar a processos judiciais nem a nenhum outro tipo de ação contra os autores.

No que diz ser sua última declaração sobre o assunto, Fleischer afirmou estar tranquilo com o fim da situação. Entretanto, lamenta o fato de o Spotify ter escolhido um caminho que tentou atrapalhar a pesquisa e o trabalho do grupo de autores, em vez de abrir um diálogo. Ele confirma que, por mais que toda a situação tenha reduzido o pique dos responsáveis, o livro continua em sua rota para ser publicado no ano que vem.

Fonte: Torrent Freak