Slack abre queixa contra Microsoft na União Europeia por competição desleal
Por Rui Maciel | 22 de Julho de 2020 às 13h15
O Slack anunciou nesta quarta-feira (22) que entrou com uma queixa contra a Microsoft junto à União Europeia (UE) por práticas anticompetitivas. Em comunicado, a companhia afirma: "A denúncia detalha a prática ilegal e anticompetitiva da Microsoft de abusar de seu domínio de mercado para extinguir a concorrência, violando o direito da concorrência na União Europeia". Além disso, os executivos da plataforma de mensagens alegam que a Microsoft "vinculou ilegalmente" sua ferramenta de comunicação, o Microsoft Teams, ao Office, "forçando milhões de usuários a instalar o programa, bloqueando sua remoção e ocultando o verdadeiro custo para os clientes corporativos".
Em declaração ao site The Verge, David Schellhase, consultor geral da Slack, afirmou que "a Microsoft está voltando ao comportamento passado". Segundo o executivo, "eles criaram um produto fraco e imitador [o Microsoft Teams], vinculando-o ao produto dominante [no caso, o Office], forçando a instalação e o bloqueio de sua remoção, uma cópia oculta de seu comportamento ilegal durante as 'guerras dos navegadores".
O Slack está pedindo à Comissão Europeia que tome medidas rápidas para garantir que a Microsoft não possa continuar a alavancar ilegalmente seu poder de um mercado para outro, agrupando ou vinculando produtos. Na queixa apresentado à UE, a empresa alegou persistentemente que o Microsoft Teams não é um verdadeiro concorrente, principalmente porque está mais focado em videochamadas e reuniões. Claramente isso não é verdade, já que o sistema de mensagens do Teams é amplamente usado. E sim, as duas empresas estão envolvidas em uma batalha pelo futuro das comunicações corporativas há meses. E isso inclui outros players, como Zoom, Google, Cisco, Avaya, entre outros.
Microsoft se defende
Em sua defesa junto à UE a Microsoft também bateu forte, A empresa alegou que o Slack não tem “amplitude e profundidade” para reinventar o trabalho. Além disso, ainda que indiretamente a criadora do Windows sugeriu que o Slack anda meio paranoico. Isso porque a eles afirmaram que o CEO da companhia, Stewart Butterfield, já havia dito anteriormente que a Microsoft está “ doentiamente preocupada em nos matar ”.
A competição entre as duas empresas começou há quase quatro anos, quando o Slack pagou por um anúncio de jornal de página inteira para "acolher" o Microsoft Teams como concorrente. A Microsoft ultrapassou o número de usuários do Slack há um ano e obteve um crescimento considerável recentemente, graças à demanda relacionada a pandemia da COVID-19 - assim como aconteceu com outros players do setor. A Microsoft revelou que tinha 75 milhões de usuários ativos diários do Microsoft Teams em abril deste ano, e a empresa pode atualizar esse número para cima durante o anúncio de seus resultados financeiros, que acontece ainda nesta quarta-feira.
Em outubro do ano passado, o Slack revelou que possuía 12 milhões de usuários ativos diários. No entanto, a empresa não atualiza esse número publicamente desde então. Assim como aconteceu com seus pares, o Slack teve crescimento recorde no número de usuários em março, quando mais empresas voltaram-se para o home office
Fonte: The Verge