Segurança digital: Google e CESAR fecham parceria durante REC’n’Play
Por Anaisa Catucci | •

Em um movimento de grande impacto para a segurança digital global, o Centro de Competência Embrapii em Segurança Cibernética (CISSA), operado pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), no Porto Digital, firmou uma parceria fundamental com o Google.
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O objetivo é reforçar a defesa cibernética em um cenário de rápida expansão do mercado digital na América Latina e de crescente sofisticação das ameaças.
A notícia desta aliança de alto nível foi revelada em primeira mão ao Canaltech durante o REC’n’Play 2025. O festival, reconhecido como o maior evento gratuito de tecnologia e inovação do Brasil, transformou o Bairro do Recife em seu palco de 15 a 18 de outubro, sob o tema “O Futuro Feito por Gente”.
A cobertura do Canaltech no local não apenas noticiou a parceria, mas a contextualizou dentro da agenda de inovação do país.
O Poder da Parceria e o Papel Estratégico do Cissa
A colaboração entre CESAR e Google se baseia em um formato de associado tecnológico, com foco no desenvolvimento de pesquisas avançadas em cibersegurança.
Os objetivos são amplos: fortalecer o desenvolvimento de soluções inovadoras, promover a formação de profissionais especializados e fomentar a criação de startups dedicadas à proteção de dados.
O Google passa a integrar o conselho consultivo do CISSA, ao lado de instituições-chave como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
A presença de players globais de tecnologia e do setor financeiro atesta a urgência e a relevância do CISSA no cenário nacional e internacional.
Em entrevista exclusiva ao Canaltech, Eduardo Peixoto, CEO do CESAR, detalhou a importância do centro, explicando seu modelo de governança: “O CISSA é o centro integrado de segurança em sistemas avançados, criado aqui no CESAR junto com a Embrapii para olhar para empreendedorismo, pesquisa e formação em cyber.”
Peixoto destacou que a aliança é fundamental para mapear os desafios do mercado. “A gente quer que empresas, tanto de tecnologia, quanto empresas que usam tecnologia, façam parte desse centro para que a gente esteja entendendo quais são os problemas, e direcionar essa pesquisa, a formação e a criação de startups”, disse.
Além disso, o CEO do CESAR reforçou o peso institucional do conselho, citando que o Google e a Febraban, a associação dos bancos, estão entre os mais interessados em entender a direção da segurança cibernética. “Esse centro aí, ele vai ser a vanguarda da cibersegurança aqui no Brasil que está junto com a rede que a gente tá construindo importante no mundo também”, afirmou.
A visão do Google foi compartilhada por Newton Neto, diretor de parcerias globais do Google para a América Latina durante a programação do evento. “Nosso objetivo é combinar nossa experiência global com o conhecimento local para desenvolver soluções inovadoras para os desafios mais complexos da cibersegurança. Juntos, vamos não apenas fomentar a pesquisa de ponta, mas também qualificar a próxima geração de especialistas que irão garantir um ambiente digital mais seguro para todos”, afirmou.
Liderando avanços e gerando conhecimento, o CISSA mobiliza um ecossistema multidisciplinar de talentos. As pesquisas são estruturadas em quatro eixos temáticos: gestão de identidade e acesso; proteção e privacidade de dados; inteligência contra ameaças cibernéticas; e aspectos legais, éticos e comportamentais.
O ecossistema de inovação do CESAR e Porto Digital
A colaboração Google-CESAR acontece no Porto Digital, um dos principais polos tecnológicos da América Latina. O CESAR é um centro de inovação com quase 30 anos de história, sendo referência no desenvolvimento de soluções de alta complexidade. Com atuação e expansão internacional, como o CESAR Europa, o centro demonstra uma visão que conecta o desenvolvimento local a mercados globais.
“Conectar o local ao global é o próximo passo para o Brasil ter voz, visibilidade e relevância no cenário internacional”, explica Peixoto.
Inovação, IA e Sustentabilidade
O REC’n’Play 2025 serviu como um termômetro das grandes discussões da área de tecnologia. O evento reforçou a importância do ecossistema brasileiro na agenda global, abordando temas de alta relevância como o painel sobre internacionalização de ecossistemas reuniu Peixoto (CESAR), Cláudio Marinho (Porto Digital e CESAR) e Thiago Suruagy (SEBRAE/PE), destacando o papel das universidades e das redes de fomento na formação de uma nova geração de empreendedores com alcance global.
Em relação à gestão corporativa, o debate sobre liderança da inovação em grandes empresas enfatizou a necessidade de criar ambientes seguros para o erro e a abertura para colaborar “além dos próprios muros”.
O festival dedicou espaço à Inovação Circular, discutindo como a lógica do reaproveitamento está transformando o setor automotivo (com empresas como Dekra, Stellantis e CESAR), com foco em alinhamento de estratégia, tecnologia e capacitação. O futuro da mobilidade, segundo os especialistas, será “circular, conectado e colaborativo”.
No tema da cibersegurança, o painel sobre “IA e tecnologias de próxima geração” analisou o dilema ético e prático gerado pela popularização de ferramentas como o ChatGPT, que tornaram ataques mais sofisticados e acessíveis.
Os impactos da IA se estenderam ao sistema financeiro nos painéis sobre meios de pagamento e hiperpersonalização de produtos. Especialistas de grandes bancos e do CESAR discutiram como a IA transforma transações, permitindo uma personalização diante do desafio de equilibrar confiança e fluidez nos processos.
Por fim, a descarbonização para a transição energética na indústria de óleo e gás (com Petronas, Petrobras e CESAR) destacou a liderança do Brasil com sua matriz energética renovável e projetos de captura de carbono, reforçando o compromisso com uma economia de baixo carbono.
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