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Mudança de panorama? Influencers deixam redes sociais em busca de trabalho CLT

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Pexels/Oladimeji Ajegbile
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A promessa era tentadora: trocar o relógio de ponto por stories, transformar rotina em conteúdo e viver de likes, contratos e Pix de publis. Só que a creator economy no Brasil acaba de ganhar um novo capítulo — e ele tem cheiro de café corporativo e crachá pendurado. Cada vez mais influenciadores estão deixando as redes como fonte principal de renda e voltando ao regime CLT.

Não é um movimento isolado. E, segundo uma matéria recente da revista Marie Claire, trata-se de uma tendência — e bem diferente da narrativa que dominou a última década. O ponto de virada? Estabilidade, rotina e saúde mental.

De acordo com a revista, a paulistana Gabrielle Gimenes, que acumulou mais de 56 mil seguidores testando a vida como influenciadora, viu o glamour da liberdade bater de frente com boletos e incerteza. Em meses bons, ela chegava a R$ 5 mil; nos ruins, mal tirava R$ 30 com monetização. “Tinha mês que eu não ganhava praticamente nada”, contou. Hoje, ela voltou ao trabalho com carteira assinada — e segue produzindo conteúdo como renda extra. “Não é retrocesso. É estratégia.”

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A história dela ecoa no setor. Entre 2024 e 2025, o número de creators no Brasil saltou para 2 milhões, mas os ganhos não acompanharam o ritmo. Pesquisas da YouPix e Brunch mostram que 50% dos influenciadores ganham até R$ 5 mil e apenas 0,54% ultrapassam R$ 100 mil.

"Leve" só até virar negócio

Em um cenário com algoritmos menos generosos, saturação de nichos e queda do alcance orgânico, a vida na internet virou jogo profissional — e pesado. “Liberdade criativa parece leve até virar negócio”, resume Giulia Braide, especialista em economia de influência que também falou à Marie Claire. “É gestão, estratégia, constância e resiliência emocional.”

Ao mesmo tempo, marcas estão mais seletivas. Parcerias agora pedem dados, consistência e conversão real. A era do “viralizei, virei influência” ficou para trás. Criadores de nicho seguem fortes, mas a régua subiu — e o ritmo está exaustivo.

A volta ao CLT não representa um colapso da creator economy, e sim seu amadurecimento. Influenciar deixou de ser um salto no escuro e virou um plano com rotas alternativas: renda híbrida, formação profissional, estabilidade combinada com presença digital.

No fim, a internet segue sendo vitrine — só que agora com mais pés no chão do que na nuvem.

A pergunta que paira no ar é menos “o sonho acabou?” e mais “como viver de internet sem virar refém dela?”. A próxima fase da economia criativa parece bem mais humana — e com direito a VR, KPI e, curiosamente, vale-refeição.

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Fonte: Marie Claire