Mercado tech chinês: polêmica no e-commerce e impactos no Brasil
Por Anaisa Catucci |

O crescimento acelerado das varejistas chinesas no Brasil tem causado impactos relevantes no setor de e-commerce e gerado debates acalorados sobre concorrência e transformação da indústria nacional. Essa discussão foi pauta do painel “O Futuro do Varejo”, realizado durante o festival de inovação tecnológica Rec’n’Play 2025, em Recife.
- Magalu e AliExpress firmam parceria histórica para venda de produtos
- Braço robótico em game, IA na educação e varejo: as lições do REC'n'Play 2025
O tema foi levantado pelo cientista da computação e um dos responsáveis pela criação do Porto Digital Silvio Meira, que perguntou como as varejistas chinesas conquistaram espaço nacional de forma tão rápida e contundente.
Rosario Pompeia, curadora do festival e especialista em marketing, explicou que a principal diferença está na visão estratégica adotada pelas empresas chinesas. Para elas, marketing e negócio são inseparáveis. “Enquanto no Brasil o marketing muitas vezes não tem uma lógica clara de contato com o cliente, os chineses priorizam o entendimento das pessoas”, afirmou.
Segundo Pompeia, as redes sociais são utilizadas como canais reais de interação e inovação, e não apenas para divulgação superficial. A gamificação, que alia entretenimento e leveza, é um dos recursos usados para atrair e engajar os consumidores.
André Fatala, vice-presidente de plataformas do Magazine Luiza (Magalu), destacou que o varejo brasileiro ainda está muito focado em empurrar produtos para o cliente. Já no modelo chinês, o objetivo é entender o consumidor e construir comunidades em torno das marcas.
Fidelização como chave e gamificação como futuro
Fatala também ressaltou que as empresas chinesas investem fortemente na primeira compra para fidelizar o cliente e aumentar o valor das transações (GMV). Além disso, ele chamou a atenção para a mentalidade jovem e inovadora que permeia a liderança dessas companhias.
Luverson Ferreira, sócio da holding LVF Empreendimentos, além de integrar o Grupo Avil e o Shopping Difusora, enfatizou a cultura de atendimento ao cliente presente no modelo chinês. “Fazemos tudo o que o cliente quiser. O cliente está no centro de tudo”, disse. Essa abordagem, segundo ele, facilita a inovação e a automação do processo de venda.
Apesar do uso intenso da tecnologia, Fatala ressaltou que os desejos básicos do consumidor permanecem os mesmos: preço baixo, frete grátis, prazo de entrega rápido e boa experiência de compra.
Meira complementou afirmando que o futuro do varejo terá a lógica dos games, criando ambientes onde os clientes se sintam confortáveis para interagir por longos períodos. Já Ferreira sintetizou o aprendizado e orientou em "focar para entender as pessoas, tanto os consumidores quanto os que estão construindo as grandes marcas globais".
Confira outros conteúdos sobre tecnologia e varejo no Canaltech:
- André Fatala: conheça quem está por trás da revolução tecnológica no Magalu
- IA no varejo: Magalu e RD revelam planos para o futuro das lojas e farmácias
- CRM Zummit debate o futuro da tecnologia em vendas e experiência do cliente
- O que é Meituan? Chinesa vai investir R$ 5 bi e lançar app de delivery no Brasil